Rui A.
Só por ingenuidade ou
ignorância se pode imaginar que a ordem internacional é anárquica, não no
sentido de que, muitas vezes, possa ser confusa e imprevisível, mas que
funciona harmoniosamente sem poderes tutelares. Pelo contrário, ela é o campo
mais propício à monopolização do poder e da força, chamando-se esses monopólios
«impérios». Como todos sabemos, a História está cheia deles, e quando um
desaparece foi porque um outro o aniquilou. A ordem internacional é
competitiva. Mas, decididamente, não é anárquica.
Foi isso que sucedeu em 1989,
com a queda do Muro de Berlim, com o princípio do fim da União Soviética e da
Guerra Fria: o mundo bipolar em que vivemos durante décadas terminou com o fim
do império soviético e a emersão monopolista do do império americano,
A «pax americana» em que desde
então vivemos terá vantagens e inconvenientes, mas tem certamente custos,
goste-se ou não. Um deles é que quem desafia o império, mais tarde ou mais
cedo, de uma forma ou de outra, tem que levar. E compreende-se, porque essa é a
lógica de todo o poder monopolista. E, num mundo difícil e perigoso, não é
possível ao «polícia do mundo» admitir faltas de respeito sucessivas, como o
fez Sadam Hussein, por exemplo, que, não satisfeito com a coça que apanhou na
primeira guerra do Golfo, mas tendo-o deixado no lugar, continuou a desafiar o
império e, ainda por cima, o herdeiro do ceptro daquele que, por sua causa,
abandonou prematuramente o lugar. Tinha que levar. E levou.
É neste contexto que Donald
Trump deve ser lido e que qualquer outra interpretação sobre o seu governo será
sempre ingénua ou maldosa. Trump está sentado no trono do mundo e não pode
permitir que se ultrapassem certos limites. Sob pena de lhe perderem o respeito
e, o império, a respeitabilidade. Ia acontecendo com Obama e com Putin, não
acontecerá com ele. Afinal de contas, quando o homem lançou o slogan de
campanha «Make America Great Again», acham que estava a pensar em quê?
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