Maria Lucia Victor Barbosa
“A civilização brasileira,
como a personagem de Machado de Assis, chama-se veleidade, sombra coada entre
sombras, ser e não ser, ir e não ir, a indefinição das formas e da vontade
criadora”. Raymundo Faoro.
Tudo indica que nossa
veleidade se acentuou neste quase admirável mundo novo Ocidental, no qual o ser
humano se desestabiliza, se angustia e se perde nas dúvidas. Prevalece a
ditadura da esquerda, não a do proletariado porque essa não vingou, mas do
politicamente correto através do qual ser tachado de intolerante,
preconceituoso, conservador, estigmatiza quem ousa ostentar tais
características.
Não é possível relembrar em um
pequeno artigo as teorias de Marx e Engels, passando por Lenin e Stalin até
chegar à Antonio Gramsci e Louis Althusser que enfatizaram a importância das
superestruturas. Porém, há um pensamento comum entre eles que está sendo
utilizado atualmente.
Marx e Engels enfatizaram a
importância fundamental do que chamaram de infraestrutura (base econômica,
modos de produção). Também pregaram o fim da propriedade burguesa, da
liberdade e da individualidade burguesas, da família burguesa, da moral e da
religião burguesas, que são as superestruturas, para que estas se harmonizassem
com a infraestrutura.
Gramsci distinguiu na
superestrutura a “sociedade política” e a “sociedade civil”, sendo que esta
última se assenta na persuasão e diz respeito à ideologia em todos seus
aspectos (religião, filosofia, direito, ciência, arte, cultura, etc.) e às
instituições que as criam e difundem (escolas, igrejas, meios de comunicação).
Como a sociedade civil, na visão do pensador é “primitiva e gelatinosa”, a
revolução socialista pode se limitar ao essencial: apropriar-se do aparelho
coercitivo do Estado e em seguida desenvolver uma verdadeira sociedade civil em
harmonia com a infraestrutura.
Observe-se que Louis Althusser
voltou ao tema e apresentou o problema da autonomia relativa das
superestruturas, que chamou de aparelhos ideológicos do Estado (A.I.E), como o
religioso (Igreja), o educacional (escolas, universidades), o familiar, o
jurídico, os partidos políticos, o sindical, a mídia, o cultural (teatro, belas
artes, literatura).
Destaca-se, segundo Althusser,
a escola, que tem posição privilegiada por inculcar a ideologia dominante desde
a infância. Donde se conclui, que será fundamental que o Aparelho
repressivo do Estado domine completamente os Aparelhos ideológicos.
O que acontece hoje mostra que
a esquerda não desapareceu sob o fracasso soviético ou debaixo dos escombros do
Muro de Berlin. Revive através de táticas mais sutis, baseadas na
superestrutura e a escola se torna o grande foco através do qual se pode
despersonalizar a delicada mente em evolução de crianças e jovens através do
ensino da permissividade, da amoralidade, da dúvida sobre o sexo.
Afrouxam-se, assim, normas
sociais consensuais e intuições da consciência são neutralizadas para que não
mais se distinga entre o certo e o errado. Abole-se diferenças entre os sexos e
decreta-se que não existem mais meninos e meninas. Isso é ensinado em escolas
“moderninhas” em obediência a diretrizes do MEC.
Imagine-se as futuras gerações
que poderão advir desse processo, despersonalizadas, problemáticas, cheias de
dúvidas, sem parâmetros morais em que possam se amparar. Entusiasmados, os
sub-humanos servirão ao Estado totalitário comunista com fervor e sujeição.
Será algo que nem Marx em toda sua imaginação poderia conceber. Especialmente,
se a tecnologia e a ciência, que avançam com grande rapidez, forem apropriadas
pelo partido único ou dominante, ou melhor, pela nomenclatura.
Alguns dirão que incursionei
na ficção científica. Será? Especialmente durante o governo petista foi
concreto e não ficcional o incessante trabalho feito nas escolas junto às
crianças e jovens no tocante a chamada ideologia de gênero. Nisso se
notabilizou o então ministro da Educação, o petista Fernando Haddad.
Nas universidades se acentuou
a doutrinação de esquerda, feita não por “intelectuais orgânicos” oriundos do
proletariado como profetizou Gramsci, mas por professores da classe média
convertidos ao petismo ou docentes oportunistas que se intitulam petistas para
obter os privilégios e regalias que só são dados aos companheiros.
No tocante a destruição da
família composta por mãe, pai e filhos, impressiona a doutrinação homossexual
feita através de novelas, revistas e jornais. Destaca-se a TV com sua poderosa
influência sobre comportamentos, costumes e valores, que antes eram
transmitidos pela família e pela religião, instituições que aos poucos vão
perdendo a capacidade educativa e de influência.
E eis que surge uma especial
“arte” com seu apelo à zoofilia, à pedofilia, à homossexualidade.
Nesse tempo de dúvidas, algo
também se desenvolve sobre o que se denomina de esquerda e de direita.
Permanece a dicotomia do “nós contra eles”, mas à luta de classes difícil de
ser levada à efeito, foi substituída pela luta racial (negros contra brancos),
pela luta de “gêneros” (heterossexuais contra homossexuais) e outras
esquisitices, mantendo assim a chama do ódio entre os contendores.
Ser de esquerda, como reza o
politicamente correto, é ser intrinsecamente bom, a favor do aborto,
antissemita, contra os Estados Unidos, defensor de ditaturas venezuelana como a
cubana, a venezuelana, etc. e ser amoral.
A direita é classificada
sempre de radical, fascista, intolerante, preconceituosa, conservadora,
atrasada.
Mas nem a esquerda nem a
direita como são taxadas, existem. Quando pessoas se revoltam contra a
manipulação mental de seus filhos ou da dita arte, não são de direita, mas
expressam seus valores morais e religiosos.
No momento a esquerda
brasileira conta com a volta de Lula da Silva para se consolidar. O futuro dirá
se queremos ser escravos de nós mesmos.
Título e Texto: Maria Lucia Victor Barbosa, socióloga.
23-10-2017
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