Cesar Maia
1. Desde a redemocratização do Brasil, marcada pela promulgação da
Constituição de 1988, é a primeira vez que o Executivo Federal decide intervir
num Estado, numa Unidade da Federação, no caso o Rio de Janeiro. Mais forte do
que isso, pela segunda vez na história da República, o Governo intervém num
Estado federado em plena vigência das liberdades democráticas e submete o seu
ato ao rito constitucional disposto na Carta de 1988.
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Foto: Luis Macedo/Câmara dos
Deputados
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3. Estamos numa guerra contra o crime. A nossa arma é a
Constituição e a nossa missão é defender a democracia, dando aos Estados os
poderes excepcionais previstos na Constituição para assegurar a manutenção da
ordem e do Estado Democrático de Direito. As Forças Armadas, a Força Nacional,
a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal estão sendo convocadas pelo
Presidente da República, que é o seu comandante, para uma missão fundamental na
defesa da democracia: combater e vencer o crime organizado.
4. Não se trata de intervenção militar — longe disso —, vamos votar
aqui um decreto de intervenção do Governo Federal no Estado do Rio de Janeiro.
Diga-se, de forma clara e direta: se fosse uma intervenção militar, esta Casa —
com toda razão e com todo o meu apoio e energia — a derrotaria. Estamos nos
preparando para votar um decreto de intervenção constitucional e democrática em
um dos entes da Federação da nossa República. Isto está previsto no art. 84 da
nossa Constituição. Infelizmente, essa intervenção torna-se urgente e
necessária porque o poder estadual exauriu sua capacidade para impor
autoridade.
5. É necessário asseverar isso: o Governo do Rio de Janeiro
sucumbiu à desordem. Torna-se urgente e inadiável fazer prevalecer a ordem,
levar de volta a paz de espírito às ruas do Rio de Janeiro e as de todo o País
também. A intervenção fará a máquina do Estado convergir todo o seu poder e
todos os seus instrumentos para a vitória contra o crime, contra os criminosos,
contra os bandidos.
6. A intervenção é um instrumento constitucional, é dispositivo do
livro basilar das democracias: a Constituição. A democracia é o poder do povo
para o povo. Quando esse poder exercido pelo Estado é sequestrado, é roubado, é
espoliado pelo crime organizado, só resta a esse mesmo Estado reagir usando as
suas ferramentas, as armas que a Constituição nos dá para combater os bandidos.
A intervenção é, neste momento, a maior das ferramentas.
7. O art. 49, inciso IV, da Constituição diz expressamente que cabe
ao Congresso Nacional, por meio de votações em maioria simples, na Câmara e no
Senado, aprovar ou suspender a intervenção já decretada pelo Chefe do Poder
Executivo. O texto constitucional é claro quando fala em suspensão do decreto.
A eventual rejeição do ato presidencial o suspenderia — e ele já produz efeitos
desde a sua publicação. Ou aprovamos ou rejeitamos o decreto presidencial. Não
cabe, portanto, a esta Casa eventuais emendas modificativas — é o que diz a
nossa Constituição.
8. Não é razoável imaginar que o Rio consiga superar sozinho a
exaustão da autoridade e a falência da gestão. É por isso que a intervenção
federal se impõe. E é por isso que os três Poderes da República, cada um deles
cumprindo seu papel constitucional, com a independência e a harmonia previstas
na Carta Magna — e, sobretudo, ouvindo o apelo da sociedade —, agem firme e
decisivamente para dizer aos criminosos e aos bandidos:
9. “Basta! Basta de assistir a famílias destroçadas por tragédias!
Basta de nos chocarmos com a imensurável dor de pais e mães que perdem seus
filhos e filhas brutalmente assassinados, em alguns casos cidadãos ou cidadãs,
crianças mortas dentro de suas próprias casas por balas perdidas, vítimas
inocentes tragadas pela criminalidade e transformadas em estatísticas. Basta de
ver as nossas metrópoles como cidades partidas e medievais, onde muralhas e
aparatos sofisticados de segurança são necessários e até indispensáveis para
garantir ao cidadão o simples direito de andar nas ruas. Basta!” Conheço esta
Casa. Sei que neste grave momento ela não faltará à sua responsabilidade.
10. O nosso papel não é apenas chancelar a intervenção no Rio, onde
ela se impõe agora e já, mas é também o de deixar claro que o Estado brasileiro
e nós, o Congresso Nacional, não seremos omissos onde e quando o crime
organizado seguir ameaçando a autoridade do Estado. Afinal, cabe ao Estado — e
só a ele — o uso coercitivo da força para manter a lei e a ordem. Ao colocar
aqui, como Presidente da Câmara e como Deputado do Rio de Janeiro, a minha
posição, faço-o com todo respeito a cada partido político, a cada um dos
Parlamentares, a cada grupo ideológico representado neste Plenário.
11. E este Plenário é a representação do conjunto da sociedade
brasileira. Sras. Deputadas, Srs. Deputados, o Governo Federal assegura ter
realizado extensos estudos sobre todos os passos dessa intervenção. Ela é um
caminho árido, é uma estrada na qual todas as forças do Estado, sob o comando
do Presidente da República, só têm uma saída: vencer — vencer o crime
organizado, vencer sem recuo. Estou certo de que o Poder Executivo sabe bem
disso. Esta Casa acompanhará, avaliará e fiscalizará todos os atos dessa
intervenção, que seguramente não encontrará limites nem orçamentários, nem
burocráticos ou de qualquer ordem para assegurar a vitória do Estado e da
sociedade sobre a bandidagem, sobre os criminosos, que a todos ameaçam.
12. O crime não pode vencer. Os criminosos têm que ser derrotados.
Há uma frase de Winston Churchill que diz: “Na guerra é inútil dizer que vamos
fazer o possível. Precisamos fazer tudo que for necessário.” Convoco cada um
dos presentes a debater e deliberar o decreto presidencial da intervenção no
Estado do Rio de Janeiro. Este é o papel necessário que nos cabe agora.
Título e Texto: Cesar Maia, 22-2-2018
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Ana Paula Vôlei
ResponderExcluir@AnaPaulaVolei
Desculpem o flood, fico indignada e enojada com gente da imprensa, da OAB, de partidos políticos, da própria sociedade, que é refém HÁ DÉCADAS da violência, usando nossos bravos soldados para o porco discurso ideológico. Meu imenso respeito aos nossos homens do @exercitooficial.
86% dos brasileiros apoiam militares no Rio, para desespero da extrema esquerda
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