O Antagonista
Agora, passados o panelaço e
buzinaço, vamos nos dar ao trabalho de analisar os principais trechos do
discurso de Dilma Rousseff em cadeia nacional.
Dilma: "Os
noticiários são úteis, mas nem sempre são suficientes. Muitas vezes até nos
confundem mais do que nos esclarecem. As conversas em casa, e no trabalho,
também precisam ser completadas por dados que nem sempre estão ao alcance de
todas e de todos."
O Antagonista: Ou
seja, a imprensa é capciosa e você, a sua família, os seus amigos e colegas de
trabalho não têm capacidade de entender a realidade da inflação, do desgoverno
e da corrupção.
Dilma: "O
Brasil passa por um momento diferente do que vivemos nos últimos anos. Mas nem
de longe está vivendo uma crise nas dimensões que dizem alguns. Passamos por
problemas conjunturais, mas nossos fundamentos continuam sólidos. Muito
diferente daquelas crises do passado que quebravam e paralisavam o país."
O Antagonista: O
marqueteiro João Santana trocou "momento difícil" por "momento
diferente". O Brasil vive uma crise monumental: inflação em alta,
credibilidade internacional zero, empresas endividadas em dólares com a corda
no pescoço, nível de investimento negativo, governo atarantado diante do
terremoto, com um ministro da Fazenda politicamente fraco, e escândalos de
corrupção por todos os lados. Os fundamentos estão derretendo, como atestam as
agências de risco internacionais. Dilma não mostrou a verdade nem de longe.
Dilma: "Nosso
povo está protegido naquilo que é mais importante: sua capacidade de produzir,
ganhar sua renda e de proteger sua família."
O Antagonista: Mentira.
As empresas cortam vagas de trabalho, a inflação corrói os salários e começa a
corroer a poupança. As famílias estão endividadas acima do seu limite, iludidas
que foram pelo crédito aparentemente barato e abundante dos anos Lula e do
primeiro mandato de Dilma.
Dilma: "Estamos
na segunda etapa do combate à mais grave crise internacional desde a grande
depressão de 1929."
O Antagonista: Mentira,
nunca houve primeira etapa. Lula, em 2008, disse que a crise internacional
havia chegado ao Brasil como uma "marolinha", e continuou com a sua
política econômica inconsequente, baseada unicamente na expansão do crédito,
sem investimentos em setores estruturais da economia. A falta de investimentos
limita o combate à inflação, reduzindo o arsenal para combatê-la ao aumento da
taxa básica de juros -- que agrava a recessão e só faz a alegria da banca. Você
leu certo: estamos em recessão.
Dilma: "As
circunstâncias mudaram porque além de certos problemas terem se agravado - no
Brasil e em grande parte do mundo -, há ainda a coincidência de estarmos
enfrentando a maior seca da nossa história, no Sudeste e no Nordeste. Entre
muitos efeitos graves, esta seca tem trazido aumentos temporários no custo da
energia e de alguns alimentos."
O Antagonista: As
carências do país apenas foram evidenciadas pela seca. Faltam planejamento no
setor de abastecimento hídrico e investimentos no setor elétrico -- a menos que
se tome como investimento o superfaturamento na construção de usinas
hidrelétricas que estão com as obras atrasadas.
Dilma: "Você
tem todo direito de se irritar e de se preocupar."
O Antagonista: Sim,
e de exigir o impeachment do governo mais incompetente e corrupto da história
do país.
Dilma: "A
crise afetou severamente grandes economias, como os Estados Unidos, a União
Européia e o Japão. Até mesmo a China, a economia mais dinâmica do planeta,
reduziu seu crescimento à metade de suas médias históricas recentes. Alguns
países estão conseguindo se recuperar mais cedo. O Brasil, que foi um dos
países que melhor reagiu (sic) em
um primeiro momento, está agora implantando as bases para enfrentar a crise e
dar um novo salto no seu desenvolvimento. Nos seis primeiros anos da crise,
crescemos 19,9%, enquanto a economia dos países da zona do Euro caiu
1,7%."
O Antagonista: O
Brasil não reagiu num primeiro momento. Como já foi dito e redito, o governo
baseou o crescimento da economia na expansão do crédito, endividando as
famílias. Não investiu na indústria, que hoje se encontra sucateada, e apenas
adiou a tempestade, apostando que a China continuaria a importar as nossas
commodities nas mesmas quantidades do início dos anos 2000, embora todas as
sinalizações apontassem o contrário. A comparação com a União Europeia é
marota. Crescemos menos do que a China e a Índia, os outros grandes integrantes
do Brics, no mesmo período. Aliás, é falso que a China reduziu o seu
crescimento à metade da sua média histórica nos últimos anos. Essa média está
em quase 9%, e ela crescerá 7% em 2015, depois de crescer 7,5 em 2014.
Amesquinhamo-nos em parcerias comerciais com países africanos e sul-americanos,
em detrimento do estreitamento de laços comercias com os Estados Unidos, não só
por ideologia esquerdista, mas porque o governo foi incapaz de enxergar que os
americanos sairiam do buraco que criaram mais cedo do que se imaginava, porque
são, de longe, a economia mais forte do mundo.
Dilma: "Realizamos
elevadas reduções de impostos para estimular a economia e garantir
empregos."
O Antagonista: Mentira.
As reduções foram pontuais. De maneira geral, a carga de impostos aumentou.
Dilma: "Ampliamos
os investimentos públicos para dinamizar setores econômicos estratégicos."
O Antagonista: Mentira.
Quais setores? Dilma deve estar falando dos empréstimos secretos do BNDES a
empresas ligadas ao petismo, como a JBS/Friboi.
Dilma: "Começamos
cortando os gastos do governo, sem afetar fortemente os investimentos
prioritários e os programas sociais. Revisamos certas distorções em alguns
benefícios, preservando os direitos sagrados dos trabalhadores. E estamos
implantando medidas que reduzem, parcialmente, os subsídios no crédito e também
as desonerações nos impostos, dentro de limites suportáveis pelo setor
produtivo."
O Antagonista: É
mentira que o governo esteja cortando gastos. A máquina estatal, já inchada,
continua engordando. Basta dizer que Dilma se recusa a cortar um ministério que
seja dos 39 que carregamos nas costas. Quanto aos "direitos sagrados"
dos trabalhadores, Dilma está fazendo o exato contrário do que prometeu na sua
campanha. A redução na desoneração da folha de pagamentos das empresas já está
causando demissões.
Dilma: "O
Brasil tem hoje mais qualificação profissional, mais infraestrutura, mais
oportunidades de estudar e mais empreendedores. Somos a 7ª economia do mundo.
Temos US$ 371 bilhões de reservas internacionais. 36 milhões de pessoas saíram
da miséria e 44 milhões foram para a classe media. Quase 10 milhões de
brasileiras e brasileiros são hoje micro e pequenos empreendedores. E
continuamos com os melhores níveis de emprego e salário da nossa
história."
O Antagonista: Mentira.
A produtividade do trabalhador brasileiro é uma das menores entre os países em
desenvolvimento. Ser a sétima economia do mundo não significa muita coisa,
visto que a renda per capita é relativamente baixa e não aumentará nos próximos
anos, como previu o ex-ministro da Fazenda Armínio Fraga aqui no Antagonista.
Essas reservas internacionais são apenas ilusão contábil. Com o aumento do dólar,
aumentaram a dívida externa pública e privada. A dívida interna pública é maior
do que a divulgada, dizem os economistas sérios. Para o governo, uma família de
classe média, com quatro pessoas, é aquela que ganha entre 1 500 e 2 000 reais
por mês, ou menos de 700 dólares -- abaixo da linha da pobreza em qualquer
nação civilizada. A qualidade dos empregos é vergonhosamente baixa. Temos mais
braços do que cérebros. A quantidade dimininui: só em 2014, a indústria fechou
216 mil postos de trabalho. Dilma inclui entre os micro e pequenos
empreendedores a massa de assalariados e freelancers obrigada a trabalhar como
pessoa jurídica, sem nenhuma garantia trabalhista.
Dilma: "Nossas
rodovias e ferrovias, nossos portos e aeroportos continuarão sendo melhorados e
ampliados."
O Antagonista: Faz
tempo que Dilma não viaja como cidadã comum. E qualquer produtor sabe o quanto
representa o custo do transporte no Brasil, por causa da inexistência ou má
qualidade das rodovias, ferrovias e portos.
Dilma: "Este
esforço tem que ser visto como mais um tijolo, no grande processo de construção
do novo Brasil. Esta construção não é só física, mas também espiritual. De
fortalecimento moral e ético."
O Antagonista: Essa
foi uma tijolada no nosso estômago.
Dilma: "Com
coragem e até sofrimento, o Brasil tem aprendido a praticar a justiça social em
favor dos mais pobres, como também aplicar duramente a mão da justiça contra os
corruptos. É isso, por exemplo, que vem acontecendo na apuração ampla, livre e
rigorosa nos episódios lamentáveis contra a Petrobras."
O Antagonista: Justiça
social é dar as mesmas oportunidades a todos na educação, e não alimentar
programas assistencialistas sem porta de saída. A educação brasileira ocupa os
últimos lugares nos rankings internacionais de aprendizagem, e o gap escolar
entre pobres e ricos só faz aumentar, como demonstra o Enem. A mão da Justiça
ainda tem de colher Dilma, Lula e os seus cúmplices. E a mão da Justiça está
funcionando, APESAR de Dilma, Lula e os seus cúmplices, como José Eduardo Cardozo,
ministro da Justiça, e Luís Inácio Adams, advogado-geral da União, que fazem
advocacia administrativa para a companheirada corrupta e as empreiteiras do
petrolão.
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