José Manuel
Cadeia, xilindró, prisão,
cana, presídio, dá tudo na mesma, pois oficiais ou genéricos estes nomes se
traduzem aqui no Brasil por cubículos sépticos, péssima alimentação, água fria,
condições mínimas de higiene e, normalmente, divididos por dois ou mais
pilantras que roubaram o seu, o nosso dinheiro, de uma forma ou de outra.
Este tipo acima descrito, é o
luxo dos luxos, pois o sistema prisional comum, que é o lixo dos lixos, não faz
parte do nosso assunto.
O que aqui nos interessa é
como agora, durante os esclarecimentos dos escândalos vigentes, e a futuro
porque serão muitos, a cadeia é e será sempre, um santo remédio.
Ela, a cadeia, evita o
Alzheimer, pois faz as cabeças trabalharem a todo o vapor, intermitentemente e
não existe a menor possibilidade de problemas de fala, pois uma vez lá, as
agora e sempre temidas línguas, começam a trabalhar intensamente, descrevendo
fatos que até Deus duvida que tenham acontecido. É a síndrome do metro
quadrado.
Quanto à obesidade, por
exemplo, é o melhor dos melhores Spas, pois é o tratamento mais rápido e
eficiente já conhecido.
Corruptos e corruptores chegam
à prisão, obesos, pela farra dos bons restaurantes, dos whiskies, vodkas,
queijos, tudo importado à farta, ventres proeminentes, e logo dois meses depois
estão em plena forma com a perda de dez, quinze quilos, se não mais.
O vestuário passa a ser um
item do qual eles não têm mais de que se preocupar, pois as roupas de marca
adquiridas em Paris ou Nova Iorque, com o nosso dinheiro, virarão objetos de
desejo esquecido. Também, uma vez lá na cadeia, um jeans, uma sandália e uma
camiseta regata são mais do que necessários, porque, afinal, a Polícia Federal
pensa em tudo, para deixá-los confortavelmente acomodados.
Aquelas intermináveis dores
nas costas, por exemplo, causadas pela obesidade mórbida, pelos sonos em hotéis
de luxo com os colchões macios, a postura inadequada típica de conversas ao pé
do ouvido, deixam de existir pois os colchões oferecidos e o chão duro são um
excelente lenitivo para esse tipo de inconveniente.
A alimentação é mais do que um item importantíssimo pois passou a ser restrita ao cardápio prisional, mas com a grande vantagem de manter a forma dos agora conhecidos e ilustres hóspedes criminais.
A socialização foi outro item
previsto pela PF, pois os banhos coletivos não só lhes provam que todos os
homens nus são iguais perante Deus, como ao fazê-los, o inter-relacionamento
visual lhes dá a oportunidade de perceber o quão ridículos são, ao perderem a
roupagem falsa de altos executivos, a empáfia dos falso-ricos, a pretensa
inviolabilidade de políticos medíocres.
Como toda a nudez, as mentes
doentias têm mais uma firula com o quê se preocupar, e a simples queda de um
sabonete ao chão, é o caos pessoal dos coleguinhas de cela.
E o que dizer da água fria?
Como tratamento é o melhor que lhes poderia ter acontecido, pois está provado
que banhos frios são sinônimo de saúde para as artérias e musculatura.
Perfeito!
A única coisa ruim da acomodação
coletiva, mais uma vez patrocinada por nós, é claro, e como sempre, é a perda
ou o desgastante embranquecimento dos cabelos, mas nada que uma boa tintura ou
uma peruquinha não possa resolver.
Outra coisa excelente é o
silêncio monástico a que estão submetidos, porque não há televisão
ou outros artefatos como computadores pessoais, periódicos de notícias, que
desviem a sua atenção, e os seus manuscritos serão a futuro verdadeiras obras-primas
de arte da literatura.
E é exatamente neste momento,
que começam a surgir os grandes escritores, pois o silêncio, a reclusão, as
orações, a pouca comida, a falta de sono, o arrependimento, a saudade da vida
orgástica que levavam, as lembranças das contas no exterior, as viagens em
jatos executivos, as amantes eventuais, as comprinhas no exterior, os
champagnes, vinhos, caviar e outras dádivas só acessíveis com muita grana,
desenvolvem com rapidez fantástica a capacidade intelectual, normalmente
desaguando em grandes obras do tipo, por exemplo, "Do
céu ao Inferno", ou melhor então "Como
falar com Deus", ou ainda futuros clássicos como os
famosos "Não sei, Nada fiz, sou Inocente", e
grandes best-sellers altamente procurados nas livrarias, do tipo auto-ajuda
sempre bem-vindos àqueles que gostam, "Dinheiro e Abismo".
No mais, se resolverem falar
tudo o que sabem têm a pena drasticamente diminuída, podendo até voltar para
casa com uma tornozeleira que, como peso adicional, lhes fortificará o músculo
da perna, ou ainda, a encenação de um pico de pressão, uma isquemia ou um AVC,
que os levarão a um hospital, como o sucedido recentemente a um dos mentores
intelectuais desta fraude gigantesca, mas como sempre terão as visitas
carinhosas dos amigos de gangue, pois quadrilhas que se prezam são aquilo que
chamam de famiglias, altamente solidárias a seus Cappi,
afinal, sabe-se lá qual a vantagem que se pode tirar disto, no futuro, é claro.
Título e Texto: José Manuel, 30-3-2015
Nota: a descritiva nas
crônicas por mim publicadas é o resultado de pesquisa em notícias veiculadas em
mídia nacional idônea, apenas compondo um pensamento lastreado em liberdade de
expressão e ancorado no Artigo 5 inciso IX, da constituição Federal
de 1988.
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