Rodrigo Constantino
Assistia eu nesta sexta ao
programa “Clube de Correspondentes”
na GloboNews, com Leila Sterenberg, sobre a cobertura de nossas manifestações pela imprensa internacional, quando percebi que uma
convidada, da imprensa sueca, tinha claro viés de esquerda. O próximo a falar
seria o premiado jornalista Michael Smith, da Bloomberg, imprensa especializada
no mercado financeiro. Pensei, aliviado: “Agora teremos finalmente uma visão
menos ideológica e esquerdista”. Qual não foi minha surpresa ao ver que nem os
raros cabelos brancos de Smith lhe garantiam bom senso!
O homem começou a fazer vários
elogios ao ex-presidente Lula, com quem já até viajou para a China. Tendo
morado no Brasil por alguns anos, justamente no começo da era Lula, Smith
cobriu a economia do país naquela fase de euforia, mas não disse uma só palavra
sobre o boom das commodities por conta do crescimento chinês
ou o custo de capital barato no mundo desenvolvido, ajudando a inundar nosso
mercado com dólares.
A redução da miséria foi obra
dele, o Nosso Guia, o iluminado e abnegado Luís Inácio Lula da Silva! Escutar
esse tipo de coisa de um petista tudo bem, a gente aceita. Mas de um jornalista
respeitado da Bloomberg? Então ele não sabe que o Brasil cresceu aquém de
seus pares nesse período? Então ele ignora que tivemos apenas uma expansão
desenfreada de crédito e consumo, sem reformas estruturais? Sim, parece que ele
ignora isso, e prefere focar nas esmolas estatais do governo Lula, que teriam
retirado milhões da miséria.
Smith estava claramente
decepcionado com os rumos de nossa economia, lamentando que acreditara no país
do futuro e que finalmente deixaríamos de ser um país de Terceiro Mundo. E ele
fez tal análise com base nas medidas de Lula?! Como pode alguém de tal gabarito
ser tão ingênuo e ficar surpreso com os efeitos de 12 anos de PT no poder? Como
pode alguém que escreve para uma revista lida por investidores do mundo todo
ter realmente acreditado que o lulopetismo beneficiava os mais pobres?
Em Esquerda Caviar, falei sobre o viés de
esquerda da imprensa, e acho que não precisamos acreditar em teorias
conspiratórias apenas para explicar o fenômeno. Ou seja, nem todos são como os
“jornalistas” da imprensa chapa-branca que defendem o PT porque recebem por
isso. Muitos são realmente de esquerda e acreditam no que escrevem. Tomam sua
visão de mundo como a predominante, e passam a julgar tudo pelo filtro
ideológico de seu mundo limitado:
Essa é também a tese de
Bernard Goldberg, jornalista que trabalhou por anos na CBS, vencedor de vários
prêmios. Em seu livro Bias, Goldberg sustenta essa visão de que as
matérias tendenciosas da imprensa acabam predominando pelo simples motivo de
que muitos jornalistas são de esquerda. Ele afirma:
Esse é um dos maiores
problemas no grande jornalismo: as elites estão irremediavelmente fora de
contato com os americanos comuns. Seus amigos são esquerdistas, assim como eles
são. Eles compartilham os mesmos valores. Quase todos pensam da mesma forma
sobre as grandes questões sociais do nosso tempo: o aborto, o controle de
armas, o feminismo, os direitos dos homossexuais, o meio-ambiente, a oração na
escola. Depois de um tempo eles começam a acreditar que todas as pessoas
civilizadas pensam da mesma maneira que eles e seus amigos. É por isso que eles
não simplesmente discordam dos conservadores. Eles os veem como moralmente
deficientes.
Isso explica, por exemplo, a
completa falta de sintonia entre a grande imprensa e Ronald Reagan, que foi o
presidente mais popular dos últimos tempos nos Estados Unidos. Reagan falava
para a maioria, para o americano comum, em linguagem simples e direta, enquanto
a imprensa esquerdista ficava chocada e retratava o presidente como um completo
imbecil.
Já o líder soviético, Mikhail
Gorbachev, era idolatrado pela grande imprensa americana. Enquanto isso, ele
idolatrava… Lênin! Está lá em seu livro Perestroika. Gorbachev
tentava salvaro comunismo com reformas, enquanto Reagan tentava
acabar com aquele regime nefasto. Quem ganhou a estima da imprensa? O
comunista!
O esquerdismo, por ser o mainstream da
imprensa, não precisa de rótulos. Mas os conservadores e liberais (no sentido
clássico) são sempre rotulados. Quem está à direita do centro é de direita, mas
quem está à esquerda do centro, continua de centro ou de moderado. E isso mesmo
para quem está muito à esquerda!
Esse domínio da imprensa por
jornalistas com viés de esquerda é um dos principais obstáculos ao liberalismo,
em minha opinião. Afinal, essas pessoas são formadoras de opinião, e tidas como
sérias, isentas, imparciais. Mas não são. Carregam sua ideologia na bagagem, e
quase sempre ela é de esquerda. Até mesmo um jornalista que escreve para o
mercado financeiro conseguiu ver com bons olhos o populismo demagógico de Lula.
Seu viés esquerdista é a única explicação para uma falha tão grave…
Relacionados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-