segunda-feira, 23 de março de 2015

O Governo de Passos

Sandra Clemente

Passos Coelho pegou num país falido, sem acesso a financiamento e comprometido com um programa de ajustamento violentíssimo e conduziu-o, durante três anos, para fora do resgate, voltando a financiar-se nos mercados a taxas de juro mais baixas de sempre, pôs a economia a crescer, o desemprego a baixar e o emprego a aumentar.

A primeira etapa, tirar o país da assistência financeira, foi ultrapassada e a segunda, fazer de Portugal um país com futuro, semeada durante a primeira, está a ser vencida. O País tem confiado. Nestes quatro anos o Governo reformou de tal maneira a economia que alterou o seu perfil estrutural com consequências a todos os níveis: o sector exportador está a ser o motor de saída da crise. Aumentou o investimento (o público está em queda). A prioridade é agora a industrialização. Na banca mudaram todos os protagonistas. Na classe política virou a geração, na empresarial está a virar. Saíram 60 mil pessoas do Estado que funciona.

Na educação saíram cerca de 30 mil professores e ninguém ficou sem aulas; na saúde a factura com medicamentos e as rendas aos laboratórios caíram centenas de milhões de euros; na justiça foi feita uma reforma sem precedentes; na defesa a reforma 2020; na energia e obras públicas (PPP) foram cortadas rendas com poupanças, presentes e futuras, de milhões de euros ao contribuinte; o Estado manteve e reforçou a rede de segurança para os mais vulneráveis à crise. Pelo caminho, o Governo enfrentou a oposição do Constitucional que boicotou a reforma do aparelho do Estado e a não comparência do PS para um acordo inadiável de reforma da segurança social.

Não são queixas, são factos, e os factos criaram impossibilidades. O alerta do FMI para que as reformas estruturais não parem terá muito de pressão para o Governo mas chama sobretudo a atenção para o retrocesso que significam Costa e ‘entourage', membros dos governos de Sócrates que faliram o país, que continuam a prometer o que nos faliu e tudo o que o Governo Grego foi obrigado a congelar há duas semanas para obter financiamento: aumento de salários públicos, pensões e investimento público (tudo sem planeamento, sem gerar valor acrescentado, apenas dívida), travar privatizações. Já ultrapassamos esta fase, o Governo precisa de mais quatro anos para a modernidade do país se solidificar. 
Título e Texto: Sandra Clemente, Diário Económico, 23-3-2015

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