José Manuel
A natureza, como sempre sábia,
está sempre nos oferecendo os sinais para que possamos sentir profundamente
como ela se manifesta e que lições podemos tirar desses fenômenos.
O crepúsculo, por exemplo, nos
mostra como a luz natural vai se apagando em torno de nós, trazendo a escuridão
da noite. Esse é um dos sinais mais leves que começamos a sentir quando nos
sentimos abandonados, seja pelo que for, amizade, família, desemprego, falta de
dinheiro, etc.
O outono é mais longo, pois é
quando desaba sobre nós aquela sensação de perda irreparável, aquela sensação
de deslocamento espacial, onde você não sabe mais onde está, são as folhas
mortas, pedaços de nossas vidas que vão caindo pelo chão, é quando você nota a
sua força se esvaindo lentamente.
O inverno chega finalmente
como um somatório dos dois anteriores, mais chuva, desalento, frio, menos amor,
menos saúde e o vento que nos leva o que ainda resta.
A morte nos espreita sobre as
mais variadas formas, e só nós é que temos o poder de reagir a tudo isso. Essa
é a natureza em estado bruto, nos mostrando ano após ano o que nos pode
acontecer.
Nós, pessoas comuns, em maior
ou menor escala, passamos por esses sintomas tanto naturais como pessoais, ao
longo das nossas vidas.
A comunidade do Aerus, por
exemplo, sentiu durante quase nove anos esses estágios chegarem aos poucos,
primeiro o crepúsculo anunciado, seguido de um outono sofrido, um inverno
torturante quando algumas folhas familiares foram morrendo por esse caminho
tortuoso até que a situação, insuportável para a maioria, foi-se tornando
lentamente mais leve, pois tudo é cíclico, a primavera foi chegando, o sol
aparecendo de novo e o verão parece estar mais próximo do que se imagina.
Mas, não nos esqueçamos de que
somos cidadãos comuns, que trabalharam a vida inteira e nem sempre houve
primaveras e verões em nossas vidas, talvez por isso, por essa rigidez
psicológica, a grande maioria, apesar de tudo, sobreviveu a este holocausto
patrocinado com CPF, RG e fotos sorridentes na imprensa.
Esses das fotos sorridentes,
dos Cpefes dos Rgês, das gravatas Hermès, terninhos e cabelos empastados foram
aqueles políticos que patrocinaram a nossa desgraça e lá colocados até por
engano de alguns de nós. Uma vez no poder se sentiram deuses e imunes ao tripé
das intempéries.
Sempre acharam que as forças
da natureza jamais os atingiriam, pois o Olimpo, para eles, com a certeza
arrogante que lhes é peculiar, era mais acima e as tempestades correm somente
por baixo, junto ao chão com a ralé, a choldra que lhes cabe dirigir.
Pobres coitados e enganados,
se deixaram levar pela vaidade, pela soberba dos altos salários que o povaréu
lhes paga, mas que também lhes deseja ardentemente o inferno, não aquele
aquecido, suportável, pictórico contado e cantado por religiões benevolentes ao
longo dos tempos.
Não, definitivamente
esqueceram de lhes dizer que o inferno é aqui mesmo e quem só participa dele
são exatamente aqueles que irão sentir e já sentem o crepúsculo, o outono e o
inverno, de uma só vez, chegando cada vez mais aos seus palácios, aos seus
cargos, a seus títulos, a tudo que amealharam ao longo dos anos, com o roubo, a
ganância, a vagabundagem e a dignidade alheia surripiada.
Nós, pessoas comuns, sentimos
o quase desespero ao longo dos anos, mas sempre fortificados pela labuta
constante, nos recuperamos, apesar de todas as faltas sentidas, e nunca
chegaríamos ao inferno.
Eles, os fracos, deuses de
araque, fraudes humanas, vão sentir na carne o frio do inverno, o outono da
desgraça e as suas vidas eclipsadas por um crepúsculo negro e ameaçador. Assim
é a vida, aqui se faz, aqui se paga, e o inferno pessoal deles está cada vez
mais perto, pois o outono apenas está começando, o inverno está por vir e o
crepúsculo cinza plúmbeo está no dia a dia das notícias sobre as suas
falcatruas oficiais.
A cada nova notícia, vemos um
a um terem o fim que merecem, pois como num jogo, as quedas cada vez mais se
parecem com um boliche.
O boliche da vida.
Como tudo é cíclico mesmo,
enquanto os arautos do mal fritam na turbulência que eles mesmo criaram, o sol
cada vez mais se abre para os que por eles foram duramente penalizados.
É a lei da natureza, cumpra-se!
Título e Texto: José Manuel, jogando boliche e
anotando os strikes, 23-3-2015
Nota: a descritiva nas
crônicas por mim publicadas é o resultado de pesquisa em notícias veiculadas em
mídia nacional idônea, apenas compondo um pensamento lastreado em liberdade de
expressão e ancorado no Artigo 5 inciso IX, da constituição Federal
de 1988.
Relacionados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-