13 de março de 1964, comício
na Central do Brasil.
13 de março de
2015, manifestação convocada pelas centrais sindicais, movimento dos
sem terra e penduricalhos.
Cinquenta e um anos nos
separam do que ocorreu na Central do Brasil, desaguando naquilo que todos
sabem, ou o golpe de Estado de 1964, também chamado de contra-revolução
pois a historiografia brasileira defende que o golpe não foi como se
pensa, exclusivamente militar, sendo em realidade civil-militar.
Segundo vários historiadores
houve apoio ao golpe por parte de segmentos importantes da sociedade, os
grandes proprietários rurais, a burguesia industrial paulista, uma
grande parte das classes médias urbanas que na época girava em torno de 35% da
população total do país, e o setor conservador e anticomunista da
igreja católica, que promoveu a Marcha da Família com Deus pela Liberdade,
realizada poucos dias antes do golpe, em 19 de março de 1964.
Nestes cinquenta e um anos,
mais de meio século, apenas vislumbramos um progresso factível em apenas um
curto período de treze anos que vai de 1994 a 2007, com o plano Real,
portanto, trinta e oito anos de inaptidão política, má governança, despreparo e,
só para exemplificar, de 1986 a 1994, houve nada menos de seis planos
de estabilização fracassados, com o Cruzado 1 (fevereiro de 1986),
Cruzado 2 (novembro de 1986), Bresser (1987), Verão (1988), Collor 1 (1990) e
Collor 2 (1991).
A inflação retrocedia momentaneamente, mas voltava com ainda mais força logo adiante, ao passo que a confiança em que o governo pudesse resolver o problema, diminuía a cada vez.
A partir de 2007 com a
situação sob controle, com a inflação ainda em 4,48%, começa-se a gastar
desmensuradamente em projetos assistencialistas, com fim eleitoreiro e a
rapinagem às estatais se transforma em uma fúria avassaladora.
Bolsas eleitoreiras para tudo
aos pobres e crédito fácil para apaziguar e ludibriar a classe média, os ricos,
segundo eles, é o único projeto deste governo, que apenas é o de se perpetuar
no poder.
O resultado não poderia ser
pior, e hoje, 13-03-2015, quando se conclama a manifestação das
centrais sindicais pela "esquerda" ou os pobres como gostam de serem
chamados, ela se faz em pleno dia de semana, ou dia em que se trabalha, num
país com uma inflação em 8%, o dólar fechando em R$ 3,26, o PIB desabando e cento
e cinquenta mil demissões só nos dois primeiros meses do ano.
É interessante observar a
chegada desses manifestantes em ônibus executivos, uniformizados de vermelho,
com abundantes estandartes, farta distribuição de comida, diárias de R$ 35,00 per capita, balões enormes e cada um
portando um smartphone em suas mãos, num marketing de fazer inveja a
Joseph Goebbels, papa da propaganda do terceiro Reich.
Quem financia os pseudo
campônios, os pseudo sem teto, os pseudo sem terra, para aparecer com um
aparato desta magnitude e mostrando sinais exteriores de riqueza, em pleno dia
de trabalho, sem trabalhar?
Provavelmente nós, através do
banco de desenvolvimento social, do qual não sabemos absolutamente nada, pois
tudo é "secreto".
Em contrapartida,
a manifestação dos "ricos" como o governo adora chamar,
aqueles que trabalham e produzem para o país, foi marcada para um fim de
semana, mais precisamente domingo, não atrapalhando em nada a ordem e as
instituições, para reclamar da péssima, da ruinosa administração central, e da
roubalheira nas estatais. Os seus uniformes são a bandeira pátria, seus
protestos são em cartolinas e tudo pago por eles próprios.
No movimento pátrio cidadão do
dia 15-03-2015, não há financiamento de ninguém, pois é apartidário, é um
movimento pelo retorno da lisura nacional.
Lamentavelmente cartazes como
este, afixado em porta de estabelecimento comercial, em pleno dia de trabalho,
retornam ao nosso dia a dia, numa viagem ao passado e num túnel do tempo que
parece estar só na metade.
Título e Texto: José Manuel, 14-3-2015
Nota: a descritiva nas
crônicas por mim publicadas é o resultado de pesquisa em notícias veiculadas em
mídia nacional idônea, apenas compondo um pensamento lastreado em liberdade de
expressão e ancorado no Artigo 5 inciso IX, da constituição Federal
de 1988.
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