sábado, 14 de março de 2015

Crônica de Shangri-La: o retrocesso patrocinado

 José Manuel
13 de março de 1964, comício na Central do Brasil.



13 de março de 2015, manifestação convocada pelas centrais sindicais, movimento dos sem terra e penduricalhos.
Cinquenta e um anos nos separam do que ocorreu na Central do Brasil, desaguando naquilo que todos sabem, ou o golpe de Estado de 1964, também chamado de contra-revolução pois a historiografia brasileira defende que o golpe não foi como se pensa, exclusivamente militar, sendo em realidade civil-militar.

Segundo vários historiadores houve apoio ao golpe por parte de segmentos importantes da sociedade, os grandes proprietários rurais, a burguesia industrial paulista, uma grande parte das classes médias urbanas que na época girava em torno de 35% da população total do país, e o setor conservador e anticomunista da igreja católica, que promoveu a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, realizada poucos dias antes do golpe, em 19 de março de 1964.



Nestes cinquenta e um anos, mais de meio século, apenas vislumbramos um progresso factível em apenas um curto período de treze anos que vai de  1994 a 2007, com o plano Real, portanto, trinta e oito anos de inaptidão política, má governança, despreparo e, só para exemplificar, de 1986 a 1994, houve nada menos de seis planos de estabilização fracassados, com o Cruzado 1 (fevereiro de 1986), Cruzado 2 (novembro de 1986), Bresser (1987), Verão (1988), Collor 1 (1990) e Collor 2 (1991).

A inflação retrocedia momentaneamente, mas voltava com ainda mais força logo adiante, ao passo que a confiança em que o governo pudesse resolver o problema, diminuía a cada vez.

A partir de 2007 com a situação sob controle, com a inflação ainda em 4,48%, começa-se a gastar desmensuradamente em projetos assistencialistas, com fim eleitoreiro e a rapinagem às estatais se transforma em uma fúria avassaladora.

Bolsas eleitoreiras para tudo aos pobres e crédito fácil para apaziguar e ludibriar a classe média, os ricos, segundo eles, é o único projeto deste governo, que apenas é o de se perpetuar no poder.

O resultado não poderia ser pior, e hoje, 13-03-2015, quando se conclama a manifestação das centrais sindicais pela "esquerda" ou os pobres como gostam de serem chamados, ela se faz em pleno dia de semana, ou dia em que se trabalha, num país com uma inflação em 8%, o dólar fechando em R$ 3,26, o PIB desabando e cento e cinquenta mil demissões só nos dois primeiros meses do ano.

É interessante observar a chegada desses manifestantes em ônibus executivos, uniformizados de vermelho, com abundantes estandartes, farta distribuição de comida, diárias de R$ 35,00 per capita, balões enormes e cada um portando um smartphone em suas mãos, num marketing de fazer inveja a Joseph Goebbels, papa da propaganda  do terceiro Reich.

Quem financia os pseudo campônios, os pseudo sem teto, os pseudo sem terra, para aparecer com um aparato desta magnitude e mostrando sinais exteriores de riqueza, em pleno dia de trabalho, sem trabalhar?

Provavelmente nós, através do banco de desenvolvimento social, do qual não sabemos absolutamente nada, pois tudo é "secreto".

Em contrapartida, a manifestação dos "ricos" como o governo adora chamar, aqueles que trabalham e produzem para o país, foi marcada para um fim de semana, mais precisamente domingo, não atrapalhando em nada a ordem e as instituições, para reclamar da péssima, da ruinosa administração central, e da roubalheira nas estatais. Os seus uniformes são a bandeira pátria, seus protestos são em cartolinas e tudo pago por eles próprios.

No movimento pátrio cidadão do dia 15-03-2015, não há financiamento de ninguém, pois é apartidário, é um movimento pelo retorno da lisura nacional.

Lamentavelmente cartazes como este, afixado em porta de estabelecimento comercial, em pleno dia de trabalho, retornam ao nosso dia a dia, numa viagem ao passado e num túnel do tempo que parece estar só na metade.


Título e Texto: José Manuel, 14-3-2015

Nota: a descritiva nas crônicas por mim publicadas é o resultado de pesquisa em notícias veiculadas em mídia nacional idônea, apenas compondo um pensamento lastreado em liberdade de expressão e ancorado no Artigo 5 inciso IX, da constituição Federal de 1988.

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