sexta-feira, 20 de março de 2015

Por que a vitória da direita em Israel é importante para o mundo?

Rodrigo Constantino

Confesso: eu tenho simpatia por Bibi Netanyahu. Reconheço que sua retórica ultrapassou alguns limites durante a eleição, mas o premier já resgatou um tom mais ameno, ainda que firme, especialmente sobre a solução de paz via dois estados, incluindo o Palestino. Netanyahu admite os dois estados, mas afirma que as circunstâncias precisam mudar, ou seja, é preciso ter do outro lado gente realmente comprometida com a paz. Os empecilhos para esse caminho nunca foram criados por Israel, que sempre aceitou os dois estados, e sim pelos próprios líderes palestinos, muitos deles que simplesmente não aceitam a existência de Israel.

Mas digo o seguinte: se a imprensa em geral ficou apavorada com a vitória de Netanyahu, então isso é bom sinal. A mesma imprensa, não custa lembrar, praticamente soltou fogos de artifício quando Obama foi eleito. Isso diz muito de seu viés esquerdista. Esses jornalistas costumam endossar uma visão de mundo mais pacifista, i.e., ingênua, e sentem calafrios com qualquer discurso mais exigente ou intransigente com os bad boys.

Aliás, a simples constatação de que existem os vilões, os inimigos da liberdade, o eixo do mal, já é suficiente para despertar a fúria ou o pavor desses jornalistas. Cito um caso clássico: Reagan. O ex-presidente americano era ridicularizado pela grande imprensa, a mesma que tecia loas a Obama. Como aquele cowboy beligerante tinha a ousadia de chamar os soviéticos de ameaça à paz? Esses jornalistas achavam que Reagan e seu programa de investimento militar iriam causar a Terceira Guerra Mundial. Pois é: a “neutralidade” da mídia tratava com equivalência moral os Estados Unidos e a União Soviética na Guerra Fria. Fazia sentido?

Claro que não. E eis o ponto aqui: todos esses indignados com a vitória da direita em Israel aplaudiram as negociações entre Obama e o Irã, como se fosse possível confiar minimamente na boa vontade do governo iraniano em relação ao avanço nuclear. Netanyahu, convidado pelos Republicanos para falar no Congresso americano, colocou o dedo na ferida, e foi massacrado pela imprensa, como se representasse um obstáculo ao acordo de paz, na cabeça deles o mesmo que paz.

Quem poupa o lobo mata as ovelhas, dizia Victor Hugo. Chamberlain queria acordos com Hitler, e achava que o discurso beligerante era um grande equívoco. Equívoco, mostrou a história, foi sua postura negligente e conivente com os nazistas, enquanto Churchill, visto como muito radical e excessivamente duro pela grande imprensa, estava com a razão o tempo todo. Não dá para chegar à paz tomando um chá das cinco com terroristas.

A melhor prova de que os valores morais andam subvertidos no mundo está na posição da OEA, que considerou “excessiva” a inclusão da Venezuela na lista de ameaças pelo governo Obama:

A maioria absoluta dos 34 países-membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) expressou desaprovação à ordem executiva assinada pelo presidente dos EUA, Barack Obama, dia 9, que classifica a Venezuela como extrema ameaça à segurança nacional americana e impõe sanções a sete funcionários públicos por violação aos direitos humanos. Reunidos em sessão extraordinária do Conselho Permanente, a pedido de Caracas, muitos diplomatas admitiram indícios de excessos do governo de Nicolás Maduro. Mas consideraram a ação dos EUA unilateral, exagerada e polarizadora. E temem que o confronto capture a agenda da VII Cúpula das Américas, em abril. Foi a primeira vez que o organismo debateu a crise deflagrada semana passada.

Ora, quando um presidente pusilânime e relativista como Obama passa a ser alvo de acusações de radicalismo contra governos esquerdistas é porque a coisa está feia mesmo! Segundo a ótica desses países, a decisão americana foi unilateral e polarizadora, ou seja, atenta contra a paz. Eles reconhecem, vejam só!, alguns “excessos” de Nicolás Maduro, mas claro que a solução passa por uma conversa agradável entre os dois governantes, não por uma medida “radical” como essa. É um mundo covarde, relativista, que coloca no mesmo saco regimes democráticos e tiranias abjetas.

Por isso mesmo a vitória de Netanyahu é tão importante para o mundo todo. Israel transmite um sinal de que fala uma língua mais objetiva, como Reagan fazia antes nos Estados Unidos. Alguém acha que Abbas realmente quer paz? Alguém pode seriamente considerar o Hamas, entidade terrorista, um agente legítimo para as conversas de paz no Oriente Médio? Bibi responde com um enfático e acertado “não”, e isso apavora os jornalistas de esquerda. Em apenas duas palavras, eis o que significa sua vitória: clareza moral. E é disso que o mundo está precisando hoje…

PS: A foto abaixo não é de ninjas, mas de mulheres muçulmanas votando livremente… em Israel. Algo que não podem fazer em muitas nações islâmicas. A minoria árabe-muçulmana é livre para criar partidos em Israel, e possui vários representantes no Knesset, o parlamento israelense. E pensar que tantos na imprensa tratam Israel como o “país do apartheid”. Como é que as mulheres, árabes e muçulmanas, estão votando então? Pois é… falta clareza moral a muitos governantes e também jornalistas.


Título, Imagens e Texto: Rodrigo Constantino, veja, 20-3-2015

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