segunda-feira, 23 de março de 2015

Crônica de Shangri-La: Crepúsculo, Outono, Inverno

José Manuel
A natureza, como sempre sábia, está sempre nos oferecendo os sinais para que possamos sentir profundamente como ela se manifesta e que lições podemos tirar desses fenômenos.

O crepúsculo, por exemplo, nos mostra como a luz natural vai se apagando em torno de nós, trazendo a escuridão da noite. Esse é um dos sinais mais leves que começamos a sentir quando nos sentimos abandonados, seja pelo que for, amizade, família, desemprego, falta de dinheiro, etc. 
O outono é mais longo, pois é quando desaba sobre nós aquela sensação de perda irreparável, aquela sensação de deslocamento espacial, onde você não sabe mais onde está, são as folhas mortas, pedaços de nossas vidas que vão caindo pelo chão, é quando você nota a sua força se esvaindo lentamente.

O inverno chega finalmente como um somatório dos dois anteriores, mais chuva, desalento, frio, menos amor, menos saúde e o vento que nos leva o que ainda resta.

A morte nos espreita sobre as mais variadas formas, e só nós é que temos o poder de reagir a tudo isso. Essa é a natureza em estado bruto, nos mostrando ano após ano o que nos pode acontecer.

Nós, pessoas comuns, em maior ou menor escala, passamos por esses sintomas tanto naturais como pessoais, ao longo das nossas vidas.

A comunidade do Aerus, por exemplo, sentiu durante quase nove anos esses estágios chegarem aos poucos, primeiro o crepúsculo anunciado, seguido de um outono sofrido, um inverno torturante quando algumas folhas familiares foram morrendo por esse caminho tortuoso até que a situação, insuportável para a maioria, foi-se tornando lentamente mais leve, pois tudo é cíclico, a primavera foi chegando, o sol aparecendo de novo e o verão parece  estar mais próximo do que se imagina.

Mas, não nos esqueçamos de que somos cidadãos comuns, que trabalharam a vida inteira e nem sempre houve primaveras e verões em nossas vidas, talvez por isso, por essa rigidez psicológica, a grande maioria, apesar de tudo, sobreviveu a este holocausto patrocinado com CPF, RG e fotos sorridentes na imprensa.

Esses das fotos sorridentes, dos Cpefes dos Rgês, das gravatas Hermès, terninhos e cabelos empastados foram aqueles políticos que patrocinaram a nossa desgraça e lá colocados até por engano de alguns de nós. Uma vez no poder se sentiram deuses e imunes ao tripé das intempéries.

Sempre acharam que as forças da natureza jamais os atingiriam, pois o Olimpo, para eles, com a certeza arrogante que lhes é peculiar, era mais acima e as tempestades correm somente por baixo, junto ao chão com a ralé, a choldra que lhes cabe dirigir.

Pobres coitados e enganados, se deixaram levar pela vaidade, pela soberba dos altos salários que o povaréu lhes paga, mas que também lhes deseja ardentemente o inferno, não aquele aquecido, suportável, pictórico contado e cantado por religiões benevolentes ao longo dos tempos.

Não, definitivamente esqueceram de lhes dizer que o inferno é aqui mesmo e quem só participa dele são exatamente aqueles que irão sentir e já sentem o crepúsculo, o outono e o inverno, de uma só vez, chegando cada vez mais aos seus palácios, aos seus cargos, a seus títulos, a tudo que amealharam ao longo dos anos, com o roubo, a ganância, a vagabundagem e a dignidade alheia surripiada.

Nós, pessoas comuns, sentimos o quase desespero ao longo dos anos, mas sempre fortificados pela labuta constante, nos recuperamos, apesar de todas as faltas sentidas, e nunca chegaríamos ao inferno.

Eles, os fracos, deuses de araque, fraudes humanas, vão sentir na carne o frio do inverno, o outono da desgraça e as suas vidas eclipsadas por um crepúsculo negro e ameaçador. Assim é a vida, aqui se faz, aqui se paga, e o inferno pessoal deles está cada vez mais perto, pois o outono apenas está começando, o inverno está por vir e o crepúsculo cinza plúmbeo está no dia a dia das notícias sobre as suas falcatruas oficiais.

A cada nova notícia, vemos um a um terem o fim que merecem, pois como num jogo, as quedas cada vez mais se parecem com um boliche.
O boliche da vida. 

Como tudo é cíclico mesmo, enquanto os arautos do mal fritam na turbulência que eles mesmo criaram, o sol cada vez mais se abre para os que por eles foram duramente penalizados.
É a lei da natureza, cumpra-se!
Título e Texto: José Manuel, jogando boliche e anotando os strikes, 23-3-2015

Nota: a descritiva nas crônicas por mim publicadas é o resultado de pesquisa em notícias veiculadas em mídia nacional idônea, apenas compondo um pensamento lastreado em liberdade de expressão e ancorado no Artigo 5 inciso IX, da constituição Federal de 1988.

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