No Brasil nada é eterno. Nem as leis de Deus.
Volta e meia, a pétrea Constituição é violada, dependendo dos interesses
de alguém ou de alguma quadrilha. O mesmo é comprovado pelo constante estupro
de diversas leis.
Já devíamos estar acostumados, pois as veementes declarações de um
espertalhão nos dias de ontem, devidamente gravadas e filmadas, podem ser
contraditas pelo próprio nos dias de hoje, se no seu baú de interesses um novo
“valor” emergir.
Já falamos sobre a manipulação da democracia, mas vamos repetir.
A decisão pretensamente democrática surge do veredicto de uma maioria. É
o que acontece, por exemplo, no STF.
Portanto, se for do interesse de alguém ou de alguma súcia, que uma
determinada lei seja alterada ou modificada, basta conchavar para que a maioria
dos Ministros, oportunamente, vote favoravelmente aos seus interesses.
Como os Ministros são escolhidos por eles, basta um pouco de paciência
para que num determinado prazo, nem muito longo, a maioria, se possível todos
ou quase todos, votem a favor de suas pretensões. Fácil assim.
A manipulação da democracia no judiciário é um fato, e praticamente, é
gritante em qualquer outro setor.
Desta forma, periodicamente, eles tentam e forçam, e se esmeram com
denodo invulgar, até que um dia, com a apoteose da trampolinagem, conquistam os
seus objetivos.
Assim, a manipulação da democracia pode ocorrer em qualquer área do
interesse do marginal. Alguns dizem que grosseiramente este seria um dos “efeitos
Chávez”, uma maneira esperta de desonrar o País sem fazer força, pois o
rebotalho popular, como sempre, é apático, cordato e a tudo assiste sem a menor
comoção.
Todos (?), talvez 1% da população sabem alguma coisa ou tem uma leve
noção sobre a Lei da Anistia (Lei nº 6.683, de 28 de agosto de 1979). Nela, em
geral, foram anistiados os subversivos e seus acólitos, assaltantes,
sequestradores, terroristas, beneficiados principais da boa vontade do governo
da época e, logicamente, os agentes que reprimiram a malta de indivíduos que
buscavam a tomada do poder à força.
Os anistiados subversivos, com a vigência da Lei, voltaram a galope,
promovidos a heróis e com graça e beleza chegaram aos píncaros do poder. Mas
não é o suficiente: estão sequiosos por vingança.
A canalhada, sem o menor pejo, aproveitando o seu apogeu político, está
determinada a entortar a Lei da Anistia, e o seu propósito é o de validar através
da mais alta corte que os outros, os repressores das suas torpes intenções, não
sejam anistiados.
Pelo andar da carruagem, somando-se os esforços da Comissão da Verdade,
da OAB (como usual), dos pronunciamentos do novo Procurador da República, da
Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República e os novos
Ministros do STF, vaticinam que Inês é morta.
As tentativas para que a Lei seja interpretada conforme os seus desígnios
se sucederam ao longo das últimas décadas, até que chegamos ao momento atual de
seu pleno domínio sobre corações e mentes ou sobre consciências e decências.
Praticamente, a menos que ocorra uma onda avassaladora de indignações,
sabe-se lá se armada, o bando de subversivos alcançará o seu intento, e, como
diz o ditado, “ai dos vencidos”, que serão devidamente penalizados pela
submissão e falta de atitude das autoridades que deveriam ter alguma dignidade.
A releitura da Lei da Anistia e a sua nova interpretação podem ser
repudiadas pelos cidadãos de bem, mas caso não se escute uma esclarecedora
bordoada na mesa, teremos que engolir mais uma vitória da patifaria, do
cretinismo e da injustiça.
Tudo, com o aval da depravação e indignidade dos três poderes, daqueles
que deveriam ser os bastiões da democracia.
Nunca tão poucos defecaram tanto na dignidade, na grandeza e na honra de
tantos.
Título e Texto: Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira, Brasília,
DF, 24 de outubro de 2013
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