domingo, 27 de outubro de 2013

“EUA também espionam Israel”, revela ex-chefe do Mossad

Francisco Vianna
O ex-diretor do Mossad (o Serviço de Inteligência israelense) Danny Yatom (foto) disse que “os americanos de há muito espionam o estado judeu e querem saber o que Netanyahu está a pensar sobre o Irã, sobre as questões palestinas”, entre outros interesses. 

Danny Yatom, o ex-diretor do Mossad que já sabia de tudo, mas que acha que isso não atrapalha a relação bilateral. Ffoto: Olivier Fitoussi/Flash90
No dia seguinte ao que se revelou que a ASN (Agência de Segurança Nacional) dos EUA, segundo seus relatórios, monitorava as conversas privadas de 35 líderes mundiais, o ex-chefe do Mossad Danny Yatom na sexta-feira de ontem, declarou que Washington tem estado a espiar também o seu aliado Israel. "Posso dizer com conhecimento de causa que o governo dos EUA tem monitorado a escuta de todos os seus aliados, incluindo Israel, não necessariamente desde a posse de Benjamin Netanyahu, como primeiro-ministro”, disse Yatom.

"Os EUA realmente não dão a mínima ao que os países possam pensar ou dizer dessa atividade de monitoração a que se dedicam com relação a praticamente todos os países do mundo. Pensam apenas em saber de tudo para que não sejam surpreendidos, apesar de negarem no momento veementemente tudo isso", disse Yatom ao jornal israelense Maariv na sexta-feira de ontem. "Pode ser perfeitamente que isso esteja ocorrendo aqui e agora enquanto sou entrevistado pelo jornal. Não é uma ação apenas direcionada ao Brasil ou à Alemanha, mas, literalmente a todos os países do mundo. Eles têm essa capacidade tecnológica e não abrirão mão dela de jeito nenhum e quem não quiser ser espionado que desenvolva tecnologias capazes de evitá-lo”, explicou o veterano oficial de inteligência do estado judeu.

Yatom explicou que há duas questões pelas quais os americanos estão provavelmente a espionar Israel: as negociações com os palestinos e o programa nuclear do Irã. "É importante para eles saber exatamente o que o Primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pensa sobre esses dois itens, e quais as suas ações locais, regionais e internacionais com relação a eles”... “O interesse de Washington é querer ser capaz de lidar com as alegações israelenses, ou de qualquer outro país, a serem exteriorizadas quando se discute sobre tais assuntos nos foros internacionais”, disse o ex- chefe do Mossad.

Yatom também ressaltou que os EUA procuram obter informações sobre a posição "real" de Israel vis-à-vis às negociações e quais os obstáculos que se interpõem no caminho de fazer avançar as negociações de paz. “Ora, se fazem isso com seus principais aliados, como Israel, Alemanha, Reino Unido, França, e outros, com os quais mantêm uma relação profunda de cooperação de alinhamento político e ajuda econômica, imagine o que não fazem com governos que são costumeiramente hostis aos americanos por motivos ideológicos ou até mesmo por colaboração com inimigos declarados de Washington”, argumentou Yatom. “Não posso dizer que eles estejam errados por usar suas capacidades e habilidades para a função que exercem no mundo de hoje”, concluiu o veterano funcionário israelense.

Também criticou os países que são aliados dos EUA ao acharem que isso seria um abuso de poder da principal potência mundial, e assinalou que “é preciso que se diga que, num conflito qualquer, serão aqueles mesmos países que vão querer contar com o apoio militar dos EUA tanto para se defender de uma agressão externa, como para controlar uma conflagração interna. Os norteamericanos, com razão, se veem como uma superpotência, e por isso acham que podem fazer o que quiserem em termos de espionagem, que consideram essencial para a sua própria defesa", disse ele.

Explicou ainda que, "apesar de os EUA e a União Europeia serem parceiros, inclusive na OTAN, segundo disse Angela Merkel, deveria haver mais entrosamento entre os serviços de inteligência, mesmo porque não há o que ocultar entre amigos".

Vários líderes europeus observaram ontem que os fortes laços políticos e comerciais do continente com os EUA devem ser protegidos através de uma disciplina maior e interação desses serviços de inteligência e que, infelizmente Obama não parece buscar isso.

Já o francês e socialista François Hollande veio a público para dizer que "o que está em jogo é a preservação de nossas relações com os Estados Unidos e que, graças a essa espionagem americana, a confiança mútua tem de ser restaurada e reforçada".

"A principal coisa que devemos visar é o nosso futuro que é todo pensado em função da parceria transatlântica", disse a presidente da Lituânia Dalia Grybauskaite, cujo país ocupa a presidência rotativa do bloco de 28 países na ONU.

Apesar dos resmungos de Merkel e de Hollande que não gostaram de saber que seus celulares haviam sido monitorados, ambos admitiram que, além de serem plenamente informados sobre o que aconteceu no passado, os aliados europeus e Washington precisam criar regras comuns para a vigilância americana – que consideram um fator importante de defesa mútua – que não privem de todo o seu direito de privacidade.
Título e Texto: Francisco Vianna, (da mídia internacional), 27-10-2013

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