1. Semana passada o Datafolha/Folha de SP divulgou uma pesquisa procurando
situar o eleitor brasileiro no campo ideológico em função de respostas a
perguntas que indicariam essa opção. Alguns anos atrás, em pesquisa, Nouvel Observateur/IPSOS, se usou esse
método para localizar ideologicamente o eleitor francês. O GPP reproduziu essa
pesquisa nacionalmente aqui, quando se pôde situar uma maioria à direita, mas
não em qualquer lugar de seu espectro.
2. Em grandes rasgos, podem-se identificar dois grandes ramos da direita:
o Conservador e o Liberal. O que as eleições dos últimos 20 anos na América
Latina mostram é que o discurso Liberal é perdedor e o discurso Conservador é
vencedor ou competitivo. Desde a crise financeira de 2008 que na Europa essa
tem sido a regra.
3. Mesmo antes, a campeã do liberalismo, Margareth Thatcher venceu as 3
eleições para chefe de governo com uma mínima maioria, isso num momento em que
o Labor (socialdemocracia) estava fortemente fragilizado.
4. Menem e FHC venceram suas primeiras eleições com compromissos socialdemocratas,
foram reeleitos sob o prisma da insegurança e do caos no caso da vitória de
seus adversários e governaram com programas liberais. Mas viveram o desgaste da
“acusação” pela oposição de serem liberais. O segundo turno em 2006 mostrou
isso. E o segundo turno em 2010, de forma mais acentuada ainda, pela questão
dos valores cristãos.
5. No Brasil, o discurso Conservador reforça o papel do Estado e
questiona o Mercado como “Deus Ex Machina”. Nesse sentido, é percebido pelo
eleitor como um discurso semelhante à esquerda. Diferencia-se em relação aos
Valores Cristãos ou da Família, tanto da esquerda quanto da direita liberal.
Afirma o império da lei e da Autoridade, sem tergiversações quanto à
propriedade e a necessidades fluídas de mudanças constitucionais. Aliás,
autoridade algo demandado hoje no Brasil.
6. Nesse sentido, faz o discurso da estabilidade institucional e
sócio-familiar. Afirma os valores da identidade nacional. Sua política externa
é independente e não atrelada nem às grandes potências nem ao
terceiro-mundismo. As funções precípuas do Estado – Educação, Saúde, Segurança
Interna e Externa, Fiscalização, Justiça- são sublinhadas na sua comunicação.
As relações com o Poder Legislativo são institucionais, afirmando a
independência dos poderes, sem barganhas.
7. O discurso Conservador, numa campanha eleitoral, faz com que a
percepção do eleitor aproxime a percepção que tem da esquerda da que tem dos
liberais, cruzando os desgastes recíprocos. O discurso conservador é Popular,
dá identidade e mobiliza.
8. Na medida em que a direita brasileira, desde a eleição de 1989, se
encantou com a modernidade liberal, nunca mais foi opção de poder. 2014 está
aberto – mais uma vez – a esta opção.
Título e Texto: Cesar Maia, 22-10-2013
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