Rui A.
Em 1974, por causa de um sistema de escutas que o Partido Republicano de Richard Nixon tentou
plantar no interior da sede do Partido Democrata em Washington, o presidente
republicano foi obrigado a renunciar ao seu mandato, para evitar uma mais do
que certa aprovação de um impeachment, que seria certamente
aprovado no Congresso poucos dias depois. Na altura, reza a lenda, o seu
homólogo chinês, Mao Tsé-Tung, com quem Nixon e Kissinger tinham conseguido
estabelecer uma forte relação política, terá manifestado o seu espanto por uma,
para si, tão inusitada demissão, perguntando para que serviam, afinal, os
gravadores senão para gravar. Não obstante esta amabilidade do Grande
Timoneiro, o caso Watergate e Richard Nixon passaram a simbolizar o máximo a
que a ignomínia política pode chegar num país democrático, e a esquerda nunca
se cala em protestos de horror quando o assunto vem à baila.

Curiosamente, anda a esquerda
muito caladinha com as inúmeras malfeitorias que o presidente Obama tem feito
em situações muito semelhantes, embora muito mais graves em número (parece que
são às centenas) e em espécie (pondo sobre escuta, inclusivamente, diversos
chefes de estado de países democráticos) do que aquilo que Nixon fez. A última
“grampeada” que se conhece terá sido Angela Merkel, embora seja quase
certo que foram também “monitorizados” (o novo termo técnico, segundo a
assessoria da Casa Branca, para as escutas ilegais) muitos outros chefes de
estado, a camarada Dilma incluída.
Nada de muito surpreendente,
porque, em regra, as indignações da esquerda são selectivas. E aposto que,
daqui por uns anos, Nixon e o Watergate hão-de permanecer como exemplos de
indignidade política, enquanto que Obama continuará em lugar destacado no
panteão dos grandes líderes democráticos.
Texto: Rui A., Blasfémias,
24-10-2013
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