
Portugal já começou a crescer,
tem um motor a longo prazo que é o crescimento do sector exportador e já
concretizou grande parte da sua agenda para as reformas. Ainda há riscos, mas
“Portugal parece estar muito à frente da Grécia no caminho para a recuperação”.
O Morgan Stanley emitiu, esta
segunda-feira, uma nota de “research” em que compara os actuais momentos da
Grécia e de Portugal. “Sentimento em mudança” é o título. E, se no caso grego,
há mais riscos negativos do que positivos, no caso português é precisamente o
contrário.
Para o banco norte-americano,
esta diferença justifica-se porque a economia portuguesa está num ciclo
positivo devido às exportações, “que podem actuar como um motor do
crescimento”. “Elas são estruturalmente fortes, e estão a ficar mais fortes,
graças aos ganhos de competitividade, e estão a tornar-se numa parte maior do
PIB”, indica o economista Daniele Antonucci. Olhando para esse aspecto, o
Morgan Stanley sublinha que a exposição de Portugal ao mercado espanhol como um
parceiro comercial “pode tornar-se num factor positivo no médio prazo”. Já a
Grécia, contrapõe o banco, “é uma economia pequena e fechada, onde as
exportações estão a mostrar um desempenho inferior aos pares”.
“A economia portuguesa já não
está a viver acima dos seus meios, tendo em conta que agora tem um excedente em
relação ao resto do mundo. A economia grega continua a apresentar um défice”,
opõe a casa de investimento.
O cenário base do Morgan
Stanley para a economia nacional aponta para uma estabilização com um ligeiro
crescimento do produto interno bruto em 2014, com um crescimento de cerca de
0,5% no ano seguinte. O banco de investimento acredita, segundo a nota para os
investidores a que o Negócios teve acesso, que é mais provável que se
concretize o seu cenário optimista do que o pessimista, ou seja, é mais provável
crescer abaixo de 1% no próximo ano e cerca de 1% em 2015 do que a economia
contrair em torno desses valores. Para a Grécia, também há uma estabilização no
próximo ano, com um crescimento económico no ano seguinte - o Morgan Stanley
considera que já há aspectos positivos na economia helénica mas ainda há muitos
"mas" a contornar.
OE 2014 é credível, mas
ambiente político é um risco
O crescimento económico
regressa a Portugal, mas a incerteza ainda permanece. Contudo, para a
instituição norte-americana, “o crescimento robusto e sustentável ainda está
longe".
A mudança estrutural está a
acontecer em Portugal, com a calendarização avançada, mas “ainda há mais a
fazer”. Além disso, o Orçamento do Estado para 2014 é “credível”, embora seja
necessário tomar atenção à sua implementação.
De qualquer modo, o Morgan
Stanley abandonou, neste comentário de dia 21 de Outubro, a perspectiva de
“prudência” que mantinha em relação a Portugal desde a crise política do Verão
passado.
Ainda há os referidos riscos,
que vão mais no sentido positivo do que no negativo. Desde logo, há o cenário
político. O ambiente político “é um factor de risco potencial” e “não é tão
suave como os investidores acreditam”.
Portugal, apesar do sentimento
positivo, ainda tem um caminho a percorrer: reconquistar o estatuto de “bom
aluno” da troika”.
Para o banco, não há grandes
problemas a nível de financiamento. “Se o regresso ao mercado for adiado,
Portugal vai necessitar de apoio oficial extra sob a forma de uma linha de
crédito cautelar ou de um segundo resgate, dependente da situação – e
provavelmente consegui-lo-á –, mais do que uma reestruturação da dívida,
especialmente se a economia continuar a apresentar um comportamento em linha
com o esperado, se as reformas continuarem a avançar e se o orçamento for
executado”, conclui o Morgan Stanley.
Título e Texto: Diogo Cavaleiro, Jornal de Negócios, 21-10-2013, 13h31
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