segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Portugal já cresce e tem um forte setor exportador. Está muito à frente da Grécia no caminho da recuperação

Diogo Cavaleiro 
 
O ambiente político é um potencial factor de risco para Portugal, na avaliação feita pelo Morgan Stanley. Mas há mais. Ainda se tem de “reconquistar o papel de ‘bom aluno’ da troika”. Ainda assim, o banco está optimista em relação ao País. “Portugal parece estar muito à frente da Grécia no caminho para a recuperação”.
Portugal já começou a crescer, tem um motor a longo prazo que é o crescimento do sector exportador e já concretizou grande parte da sua agenda para as reformas. Ainda há riscos, mas “Portugal parece estar muito à frente da Grécia no caminho para a recuperação”.

O Morgan Stanley emitiu, esta segunda-feira, uma nota de “research” em que compara os actuais momentos da Grécia e de Portugal. “Sentimento em mudança” é o título. E, se no caso grego, há mais riscos negativos do que positivos, no caso português é precisamente o contrário.

Para o banco norte-americano, esta diferença justifica-se porque a economia portuguesa está num ciclo positivo devido às exportações, “que podem actuar como um motor do crescimento”. “Elas são estruturalmente fortes, e estão a ficar mais fortes, graças aos ganhos de competitividade, e estão a tornar-se numa parte maior do PIB”, indica o economista Daniele Antonucci. Olhando para esse aspecto, o Morgan Stanley sublinha que a exposição de Portugal ao mercado espanhol como um parceiro comercial “pode tornar-se num factor positivo no médio prazo”. Já a Grécia, contrapõe o banco, “é uma economia pequena e fechada, onde as exportações estão a mostrar um desempenho inferior aos pares”.

“A economia portuguesa já não está a viver acima dos seus meios, tendo em conta que agora tem um excedente em relação ao resto do mundo. A economia grega continua a apresentar um défice”, opõe a casa de investimento.

O cenário base do Morgan Stanley para a economia nacional aponta para uma estabilização com um ligeiro crescimento do produto interno bruto em 2014, com um crescimento de cerca de 0,5% no ano seguinte. O banco de investimento acredita, segundo a nota para os investidores a que o Negócios teve acesso, que é mais provável que se concretize o seu cenário optimista do que o pessimista, ou seja, é mais provável crescer abaixo de 1% no próximo ano e cerca de 1% em 2015 do que a economia contrair em torno desses valores. Para a Grécia, também há uma estabilização no próximo ano, com um crescimento económico no ano seguinte - o Morgan Stanley considera que já há aspectos positivos na economia helénica mas ainda há muitos "mas" a contornar.

OE 2014 é credível, mas ambiente político é um risco
O crescimento económico regressa a Portugal, mas a incerteza ainda permanece. Contudo, para a instituição norte-americana, “o crescimento robusto e sustentável ainda está longe".
A mudança estrutural está a acontecer em Portugal, com a calendarização avançada, mas “ainda há mais a fazer”. Além disso, o Orçamento do Estado para 2014 é “credível”, embora seja necessário tomar atenção à sua implementação.

De qualquer modo, o Morgan Stanley abandonou, neste comentário de dia 21 de Outubro, a perspectiva de “prudência” que mantinha em relação a Portugal desde a crise política do Verão passado.
Ainda há os referidos riscos, que vão mais no sentido positivo do que no negativo. Desde logo, há o cenário político. O ambiente político “é um factor de risco potencial” e “não é tão suave como os investidores acreditam”.

Portugal, apesar do sentimento positivo, ainda tem um caminho a percorrer: reconquistar o estatuto de “bom aluno” da troika”.

Para o banco, não há grandes problemas a nível de financiamento. “Se o regresso ao mercado for adiado, Portugal vai necessitar de apoio oficial extra sob a forma de uma linha de crédito cautelar ou de um segundo resgate, dependente da situação – e provavelmente consegui-lo-á –, mais do que uma reestruturação da dívida, especialmente se a economia continuar a apresentar um comportamento em linha com o esperado, se as reformas continuarem a avançar e se o orçamento for executado”, conclui o Morgan Stanley.
Título e Texto: Diogo Cavaleiro, Jornal de Negócios, 21-10-2013, 13h31

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