segunda-feira, 16 de março de 2015

«Cócórócócó», dizem os orgãos de informação


José Mendonça da Cruz
Há uma semana que o BCE começou a comprar dívida pública, ou seja, a lançar dinheiro na economia. O plano Juncker promete biliões. O preço do petróleo está em valores baixos recorde, o que representa para Portugal um corte substancial na factura das importações. O euro devalorizou-se mais de 10%, o que se traduz em acrescida competitividade das exportações europeias fora do espaço da UE. A nossa dívida, tornada sustentável através da discreta reestruturação em juros e maturidades feita por governo e IGCP tornou-se tão atraente que a Irlanda a compra. Economistas da Bloomberg revêem em alta a taxa de crescimento português.

Mas, quando ouve Cavaco Silva constatar perante a OCDE que Portugal deverá exceder em 2015 as previsões de crescimento do governo (2% em vez de 1,6%) o que a nossa comunicação social elabora com o seu cérebro miniatura e vê com o seu olhar míope é que o presidente «está colado» ao governo. Sobre o quantitative easing, seus efeitos no valor das acções e nos novos investimentos, sobre importações e exportações, sobre crescimento e emprego, nada. É só a espumazinha cheirosa da intriga política, alheia à substância das notícias.

Como de costume, o enviesamento firma bem os pés na estupidez e na omissão. A «informação» não informa; limita-se a opinar. E opina ao arrepio dos factos. 
Título, Imagem e Texto: José Mendonça da Cruz, Corta-fitas, 16-3-2015

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