António Ribeiro Ferreira
O verniz de socialistas,
comunistas, bloquistas e afins desesperados está a estalar. O povo, afinal, não
passa de um verbo de encher para esta gentinha bem pensante e caviar.
Verdade é como o azeite num
copo de água e vem sempre ao de cima. O ditado é velho, a frase foi dita há
dias por António Costa, secretário-geral socialista e candidato a
primeiro-ministro. Por uma vez tem toda a razão. Quando o seu camarada Correia
de Campos, ex-ministro da Saúde de Sócrates, afirmou que o povo era estúpido se
desse a vitória à coligação do PSD e CDS estava mesmo a falar verdade. Não é
uma metáfora, como a morte aos traidores do MRPP, é mesmo o que pensam os
camaradas socialistas.
O povo, reformados,
trabalhadores, rurais, desempregados, comerciantes, pequenos e médios
empresários, é estúpido se não vota nas mentes brilhantes de esquerda, que
ontem como hoje se imaginam a vanguarda bem pensante, a elite que conduz à
felicidade suprema um bando de pobres energúmenos que vivem à conta da
misericórdia de uma esquerda que inventou um estado social e que todos os dias
arranja leis, portarias e regulamentos para evitar que fujam do redil e caiam
na desgraça. A esquerda trata os cidadãos em geral como indigentes mentais,
irresponsáveis, a quem foi dado o privilégio de votar na esquerda.
Se fogem a esse desígnio são
evidentemente estúpidos que mordem a mão a quem lhes dá de comer. Mas se os
socialistas, instalados nas suas mordomias e acostumados a viver à grande à
custa do Estado em bons lugares na administração pública e no seu sector
empresarial, insultam o povo, os comunistas, pais e mães destes renegados
socialistas, vão ainda mais longe e tratam os reformados como uns miseráveis
cobardes que pensam votar em quem lhes cortou as pensões.
Esta gente, de facto, quando
chega a hora da verdade perde o verniz e mostra a sua verdadeira face. Esta
gente, no fundo, só aceita a democracia quando o voto do povo miserável e
mesquinho, dos trabalhadores que verdadeiramente desprezam, os leva ao poder.
Nas suas mesquinhas cabecinhas, formatadas há muitos anos por uma cultura
totalitária e fascista, o povo é meramente instrumental. O que lhes interessa
de facto é o poder e o prazer de mandar na vida de milhões de cidadãos impondo
regras e conceitos que aprenderam em clássicos do marxismo, do leninismo, do
maoismo, do estalinismo, das sociais-democracias recicladas do socialismo real
que continuam a adorar no fundo das suas almas.
Estúpidos, cobardes, ignorantes,
imbecis. Para a esquerda bem pensante e caviar deste país muito mal
frequentado, melhor, cada vez mais mal frequentado, o povo é uma entidade
abstracta que serve de assunto a serões interessantes e bem regados em bonitos
apartamentos ou andares recuperados nos centros das cidades. Para esta gentinha
de esquerda, o povo dos autocarros, dos barcos do Tejo, do metro, dos campos,
das fábricas, das pensões de miséria, das cantinas sociais, dos centros de dia,
dos lares de idosos é uma escória estúpida se na hora do voto não der o poder a
quem bebe litros de vinho, de champanhe, de caipirinhas em longas noites de
debates profundos sobre a igualdade, a pobreza, os salários baixos, o
desemprego, a emigração, os refugiados e, claro, o pensamento brilhante do Papa
Francisco, o novo ícone da esquerda.
Como diz o desesperado Costa,
a verdade é como o azeite num copo de água e vem sempre ao de cima. Para
desespero da esquerda que odeia a democracia quando os votos do povo não lhe
dão o poder, a verdade, como o azeite, pode de facto vir ao de cima na noite de
4 de Outubro. E Costa, agarrado a esta esquerda, pode muito bem ir por água
abaixo. Boa sorte.
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