Rodrigo Constantino
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Quanto tempo um típico
relativista ocidental resistiria ao “debater” com essa turma?
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O fenômeno é talvez o mais
importante da era moderna: uma elite mimada, apartada do mundo real e do povo
de carne e osso, banca a “progressista”, endossando causas em prol das
“minorias”, da “diversidade” e da “tolerância”, tendo como denominador comum o
ódio ao próprio Ocidente que permite a existência desses ideais nobres e
avançados, inexistentes em outras sociedades ou civilizações.
O relativismo moral é o combustível
dessa turma, o que leva invariavelmente à hipocrisia. Foi o tema do meu Esquerda
Caviar e de muitos outros livros, como Coming Apart, de
Charles Murray. Universitários e “intelectuais” criam mundos paralelos em suas
mentes onde as utopias coletivistas que fracassaram no mundo real no século XX
podem retornar com força, em ambiente controlado e seguro, dominado por esses
“pensadores”.
A geração “Mertholate que não
arde” só conheceu a afluência, nasceu no conforto e na relativa paz, e toma
como garantido esse mundinho raro, que é a exceção da história da humanidade.
Como a personagem de Jodie
Foster em O Deus da Carnificina, essa elite pensa que o planeta se
resume ao Central Park. E lá é mais fácil ser rebelde, não é mesmo? Complicado
é se rebelar no Oriente Médio, tendo de enfrentar ditadores cruéis de um lado e
malucos do Isis do outro.
Luiz Felipe Pondé falou uma
vez mais sobre esse fenômeno em sua coluna de hoje,
aderindo ao linguajar das redes sociais: trata-se do “relativismo Nutella”, ou
seja, aquele que é contrário ao raiz. O filósofo explica melhor:
O leitor, assustado, me
perguntará: O que vem a ser “relativismo nutella”? “Nutella”, aqui, é conceito.
Produto de uma filosofia das redes, “nutella” significa algo que não é de raiz.
Algo inautêntico. Por exemplo, como diz o próprio oráculo das redes, um
marxista de raiz viajava para Moscou, um marxista nutella sonha com a Disney e
Nova York.
Poderíamos dizer que
nutella aqui é sinônimo de “fake”, falso. Ou coisa de mimado querendo dizer que
é adulto. Nutella é comida de criança. No caso da esquerda, Lênin seguramente
teria horror à moçadinha nutella, que se diz revolucionária hoje porque abraça
causas via Face. Esclarecido o conceito de “nutella”, via filosofia das redes,
voltemos ao fenômeno do relativismo nutella.
Pois bem. Minha tese hoje é
que quem defende o relativismo em aulas de humanas prega para conversos. Falar
de relativismo nas universidades é fácil. Defender o relativismo no Ocidente é
praticar relativismo nutella. Discutir um tema que, aparentemente, parece ser
corajoso é ser nutella. Hábito comum nosso esse de tratar de questões difíceis
em ambientes absolutamente seguros, como defender o direito à diversidade
sexual nos cafés da Augusta.
Pois é: esse pessoal “do bem”
confunde seu universo fechado com o mundo lá fora, e banca o engajado e
descolado, defensor das “minorias” contra o “sistema”, que seria “opressor” e
“machista”. Mas Pondé faz a pergunta-chave aqui: “Você defenderia o
relativismo religioso diante de uma assembleia do Estado Islâmico?” É
fácil falar em estado laico ou mesmo detonar a religião quando se trata do
cristianismo ou do judaísmo no Ocidente judaico-cristão; o buraco é mais
embaixo quando é para fazer uma pequena crítica que seja ao Islã nos países
dominados por muçulmanos, não é mesmo?
Pondé conclui: “O relativismo
funciona bem como conceito quando falado em ambientes seguros, mas funciona mal
quando defendido em ambientes que não creem nele como modo de vida”. E
eis o cerne da questão: a verdadeira intolerância não vem da direita
conservadora que pretende preservar os valores ocidentais, acusados de
“fascistas” pelos “progressistas”, mas sim dos próprios aliados desses
esquerdistas, ou deles mesmos, que se sentem moralmente superiores enquanto
falam de diversidade ao lado de inúmeros clones, intimidando quem ousar
discordar. É um mundo do “faz de conta”, repleto de hipocrisia e contradição.
Título, Imagem e Texto: Rodrigo Constantino, 10-4-2017
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