Inês Teotónio Pereira
O respeitinho não está na
moda. Ter respeitinho aos pais, aos mais velhos, às instituições ou aos
professores é coisa do tempo dos filmes mudos. O respeitinho é o respeito só
porque sim: sem razão aparente levantamo-nos, deixamos passar primeiro, não
interrompemos nem falamos por cima, não discutimos e obedecemos. Respeitinho é
qualquer coisa que nos faz engolir em seco, provoca uma fúria interior quase
incontrolável e que acaba com um singelo "sim, pai". Ou seja, é o
único garante de uma ordem mínima na sociedade e nas famílias sem que o Estado
tenha de intervir.
Mas hoje respeitinho é quase
maus-tratos, é restringir a liberdade das crianças, humilhar os jovens, vá. Um
dos meus filhos disse a uma professora que "em minha casa educaram-me a
dizer sempre aquilo que penso" e ele tem imensas opiniões sobre educação
de adolescentes, disciplina, matemática, o mundo em geral. Obviamente que a
coisa não correu bem. Ele acha uma injustiça não o ouvirem na exata medida em
que ele ouve os outros, que a sua opinião não seja tão considerada quanto a dos
pais e acredita que está em pé de igualdade com o Papa e com o Presidente da
República. E responde. Responde sempre. E quando não responde encolhe os ombros
e entorta a boca: "O que é isso, ser insolente?" Só quando o
ameaçamos de morte é que ele baixa o queixo e rosna um "sim, mãe".
No outro dia soube de uma mãe
que bateu no filho e ele foi para a escola com uma marca na cara. A escola fez
queixa à CPCJ e a criança está sinalizada. Pumba: um estalo e o processo. E uma
pessoa fica parva. Tirando Nossa Senhora e a mãe do Ruca, que mãe já não se
passou com os filhos? E por quê? Por causa do "o que é isso, ser
insolente?" depois de hora e meia no trânsito e nove horas de trabalho.
Há uma idade em que eles são
maiores do que nós e acredito que todas as regras da educação foram pensadas em
função desse dia. Ou seja, para que eles tenham respeitinho quando nós já
tivermos força para impor respeito. Uma amiga minha mandou o filho de 15 anos e
de um metro e setenta para o quarto de castigo e ele respondeu "não
vou". E não foi. Lembro-me de a minha avó dizer a um dos irmãos para se
baixar porque ela queria dar-lhe um tabefe (a minha avó dizia tabefe), já que
ele não tinha idade para levar uma palmada no rabo. E o meu irmão, com
respeitinho, baixou-se. Por isso é que a minha avó morreu em casa dela, rodeada
de netos e filhos. Porque respeitinho e amor são as duas faces da mesma moeda.
Título e Texto: Inês Teotónio Pereira, Diário de Notícias, 10-2-2018
Agora é tarde, não adianta reclamarmos. 'O mal da juventude atual é ter tudo, menos o essencial". De quem é a culpa? Da família? Da sociedade? Quem é que está sofrendo as consequências? Lógico: a família e a sociedade.
ResponderExcluirNão adianta colocar a culpa na família e na sociedade.
ResponderExcluirO ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE DESTRUIU A FAMÍLIA.
A DIVERSIDADE DESTRUIU A FAMÍLIA.
A DIVISÃO DE CLASSES DESTRUIU A SOCIEDADE.
AS LEIS INÓCUAS FACILITARAM A CRIMINALIDADE.
De fato, ter filhos é uma benesse, largá-los em creches, sendo cuidado por "TIAS" UMA DESGRAÇA ANUNCIADA.
Justamente os filhos das tias perderam a noção de família, de educação e responsabilidades.
Pais que colocam filhos para dormir e agradá-los com presentinhos de fins de semana.
Antigamente eu alegava que somente nos cemitérios e nas igrejas viam-se diferenças sociais.
Hoje, além dos citados, vemos nas escolas, nos seus celulares, nas suas mochilas, etc...
No meu tempo calça curta era motivo de bulling.
Hoje eles usam bermudas, elas com meia banda da bunda de fora.
A MAIOR CULPA É DA CONSTITUIÇÃO E SEUS ESTATUTOS.
Se eu roubasse um lápis na escola, apanhava de relho, hoje virou conselho.
Eu ficava sem meu futebol no campinho, das bolas de gude e da batalha de piões.
Eu soltava pipa por diversão, hoje pais malditos ensinam cerol.
Vivemos na sociedade em que destruir é mais vantajoso que construir.
LEGO é brinquedo de pobre.
As crianças brincavam de mocinho e bandido e a criminalidade era menor, sabia-se a diferença entre o bom e o mau.
Fazíamos guerra de bexigas, ovos e tomates.
Eu ficava na praça esperando as meninas do colégio de freiras soltar e fazer fiu-fiu, elas riam e não nos acusavam de assédio.
O romance acabou.
fui...