Ramiro Marques
A nossa Educação Pública vive
há décadas sobre uma mentira: a ideia romântica e inquestionável de que todas
as crianças e adolescentes são capazes de chegar até onde elas ou os pais delas
quiserem.
Toda a gente finge que
acredita neste axioma. Na verdade, ninguém acredita nele mas todos fingem que
este axioma é uma verdade inquestionável.
Quem ousa manifestar dúvidas,
apontando exemplos de crianças e adolescentes que, por mais que os professores
se esforcem, não conseguem chegar onde os pais querem que elas cheguem, é
estigmatizado de diversas maneiras. A mais comum é levar com a etiqueta de
conservador.
Chegámos a uma situação em que
é de mau tom afirmar aquilo que todos conhecem: há crianças muito inteligentes,
outras que o são medianamente e outras ainda que são muito lentas a aprender. E
há crianças que se esforçam muito, outras que se esforçam pouco. E há algumas
que adoram aprender e outras que se cansam facilmente.
E, por fim, há crianças que
adoram a escola e outras que a detestam.
A falácia da escolaridade
obrigatória e de uma via única para todos é aceite de forma inquestionável. O
resultado está à vista: os gastos com a Educação não cessam de subir e os
resultados não passam da mediocridade.
Todos nós sabemos isso mas
fingimos que não é verdade. E vamos repetindo até à exaustão o contrário.
Fazê-mo-lo em todo o lado: nos relatórios que elaboramos, nos planos que
desenhamos, nos trabalhos que redigimos.
Título e Texto: Prof. Ramiro
Marques, no blogue “ProfBlog”,
15-04-2012
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