segunda-feira, 16 de abril de 2012

A COO do Facebook sai do escritório às 5

Isabel Stilwell 
Sheryl Sandberg, setembro de 2011,
foto: Drew Altizer/Financial Times
«Saio do emprego às 5 e 30 e estou em casa, com os meus filhos, às 6 horas. Faço-o desde o meu tempo na Google, mas até agora não falava disso publicamente. (...) Dava por mim a mandar e-mails ao fim da noite para que os meus e-mails fossem os últimos do dia, e acordava de madrugada, para que as minhas mensagens fossem também as primeiras a chegar ao mail de toda a gente», confessou Sheryl Sandberg, presidente do império Facebook. O seu depoimento franco e corajoso, incendiou o debate nos EUA acerca da cultura do “face time”, ou seja do tempo de permanência no local de trabalho, em que os empregados sentem que têm de dar a cara muito além do seu horário oficial.
Mesmo que, na realidade, estejam a fingir que fazem alguma coisa, tentam provar que a empresa está à frente da família, e de tudo o resto. Em tempos de crise, quando a redução de efectivos é uma realidade constante, temem ainda dar a entender que há pouco trabalho, ou que não são suficientemente dedicados.
Num tempo em que os computadores e os smartphones permitem estar sempre acessível (e esse é outro problema, mas adiante), não há razão para que as pessoas, sobretudo os pais,que têm um papel fundamental a desempenhar em casa, se deixem arrastar para esta forma de escravidão. O facto de uma empresária de sucesso vir dizê-lo claramente, pode reforçar a determinação das mães que desejam estar com os seus filhos ao fim do dia, mas têm medo de deixar o escritório ‘cedo’. Mães que por saberem que são discriminadas, até porque elas próprias provavelmente já discriminaram!, procuram provar que as crianças não lhes retiram disponibilidade para lugares de topo, ainda ocupados por uma minoria de mulheres.
E por falar em mães, é óbvio que tudo isto se aplica aos pais. A revista Forbes, na sequência da declaração de Sandberg, veio dizer “Pais, ouçam bem, a Sherly Sandberg sai do trabalho às 5 e 30. E se ela o faz, porque é que vocês não conseguem?”. Porque a verdade é que os homens que querem ser bons pais e fazer parte da vida dos seus filhos, o que só se consegue com uma presença assídua em casa (e a cabeça disponível), sentem um desprezo ainda maior dos seus chefes e colegas do que as mães. O mais absurdo é que esta “moda” de andar aos caídos pelo escritório, é sintoma de maus chefes e maus empregados. Produzir mais é ser mais eficiente. Como sabem todas as mães.
Título e Texto: Isabel Stilwell, Destak, 16-04-2012

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