O Projeto de Restruturação do
Setor Aéreo (PReSA) foi apresentado ao presidente Lula pela presidente do
Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), Graziella Baggio, escolhida como
interlocutora dos sindicatos junto ao governo. Felizmente, a proposta acabou
sendo acolhida.
Mas por que uma solução global?
A Transbrasil já havia interrompido suas atividades no governo FHC e a crise,
como era previsto, foi se agravando. Todas as empresas aéreas estavam em
dificuldades. A Varig e a Vasp encontravam-se em condições mais críticas, que
submeteram, inclusive, os aeronautas e aeroviários a processos bastante
traumáticos, sobretudo, no aspecto salarial.
Crise sistêmica
Por isso, os sindicatos
continuaram advertindo as autoridades governamentais de que a crise era
sistêmica e necessitava de decisões rápidas, a fim de se evitar um colapso
total. Não só as dificuldades operacionais imediatas deveriam ser apreciadas,
pois a questão estrutural exigia respostas urgentes. Além disso, nós também
defendíamos que a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) deveria ser aprovada
com urgência.
No decorrer desse período de
intensas negociações entre sindicalistas e governo, a Varig, em três ocasiões
distintas, quase fechou suas portas. Diante destas situações de extrema
gravidade, a presidente do SNA, sempre em nome dos sindicatos do setor aéreo,
conseguiu agendar várias audiências na Presidência da República para cobrar a
intervenção do governo federal. Essas iniciativas foram bem-sucedidas e
impediram um desastre de grandes proporções sociais e econômicas na aviação
civil.
Idéias nocivas
Muitas idéias “novas”, nocivas
aos interesses do setor aéreo e da nossa categoria, surgiam, a todo o momento,
como soluções milagrosas e de efeito imediato. Todas estas aventuras foram
combatidas pelo SNA, com fundamentação técnica e de uma forma madura e
serena.
A mais insistente delas foi uma
proposta de “fusão” da Varig com a TAM. Isto motivou o SNA a patrocinar um
seminário internacional sobre a crise na aviação, em São Paulo, com a presença
de várias autoridades nacionais e internacionais, dentre elas o então ministro
da Defesa, José Viegas. Na ocasião, palestrantes estrangeiros relataram suas
experiências relacionadas com a fusão de empresas aéreas e suas
conseqüências.
Apesar de todas
as dificuldades, os sindicatos sempre acreditaram na recuperação da Varig. E, por isso mesmo, continuaram buscando alternativas para
que o governo brasileiro assumisse a sua responsabilidade no processo de
recuperação da empresa. A nossa postura sempre foi orientada não só pelo fato de
a União ser a maior credora da empresa, mas, principalmente, pela sua condição
de poder concedente e responsável, constitucionalmente, pela aviação civil e
pela preservação deste serviço público de natureza estratégica.
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Graziella Bággio e o vice José
Alencar:
longas conversas deram o
resultado esperado
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Arquivo SNA
Representantes sindicais dos aeronautas e
aeroviários apresentaram o PReSA ao presidente do Superior Tribunal de
Justiça, ministro Edson Vidigal
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O Projeto de Reestruturação do
Setor Aéreo (PReSA), que serviu de base para a proposta do BNDES, é simples. Em
relação à Varig, defende, primordialmente, a integralização de todas as dívidas
da companhia com o setor público e a renegociação do perfil desta dívida em 18
anos. Além disto, também propõe a redução da carga tributária e o alinhamento do
preço do combustível em nosso País aos valores praticados pelo mercado
internacional. Estas medidas seriam implementadas a curto prazo, com efeitos
imediatos e bastante positivos.
Para assegurar a continuidade
operacional da Varig, o PReSA também propunha a abertura de uma linha de crédito
de 75 milhões de dólares, via BNDES, para a renovação da frota de aeronaves.
Essa alternativa proporcionaria uma economia de 50 milhões de dólares/ano,
especialmente no que se refere a combustível e manutenção.
Reuniões em Brasília
Nas 48 horas que antecederam a
assembléia de credores da Varig, do dia 19 de outubro, as presidentes dos
Sindicatos Nacional dos Aeronautas e Nacional dos Aeroviários Graziella Baggio e
Selma Balbino, respectivamente, participaram de mais de 12 horas consecutivas de
reuniões com o presidente da República em exercício e ministro da Defesa, José
Alencar, o ministro do Trabalho Luiz Marinho, o ministro interino da Fazenda,
Murilo Portugal, e os representantes da Infraero, Banco do Brasil, BR
Distribuidora de Combustíveis e do BNDES. Tanto é que, o presidente do Conselho
de Curadores da Fundação Rubem Berta foi levado pelas sindicalistas para ouvir a
decisão do governo de participar do processo de reestruturação da Varig.
Neste sentido, o 19 de outubro
de 2005, tornou-se um dia histórico para a aviação brasileira: o governo
federal, representado pela direção do BNDES, formulou, oficialmente, durante
assembléia de credores, uma proposta de aporte de capital na empresa, garantido
pela cessão das ações da Varig Log e da VEM, ativos do Grupo Varig.
Tudo isso foi levado adiante
sem impedir a participação de qualquer outro investidor na nova composição
acionária da empresa aérea, o que é de extrema importância. Curiosamente, a
proposta não recebeu nenhuma manifestação de apoio dos representantes da
Associação dos Pilotos da Varig (Apvar) e da empresa Trabalhadores do Grupo
Varig (TGV) presentes à reunião. Por que será?
Transparência e lealdade
Uma vitória irrefutável dos
aeronautas e aeroviários da Varig, representados pelos seus respectivos
sindicatos e pela sua Federação. Entretanto, os sindicatos estão conscientes de
que o trabalho tem de continuar. No próximo dia 26, durante nova assembléia, os
credores poderão votar no plano que vai ser apresentado pelo BNDES. O sindicato
estará presente à reunião, sem que isso signifique desistir das ações que estão
sendo discutidas na Justiça do Trabalho contra assembléias convocadas pela Apvar
que não têm nenhuma legitimidade.
Entretanto, há um alerta a ser
feito aos trabalhadores do setor aéreo: sua representação exige legalidade,
verdade, transparência e lealdade. Os discursos destrutivos,
ofensivos, que não agregam valor aos debates estão a serviço de
interesses outros, que não os da categoria. Os autores dessas manobras são
movidos de um espírito essencialmente desagregador e por essa razão devem ser
veementemente combatidos.
Parabéns aos trabalhadores da
Varig. E contem, sempre, com os seus sindicatos.
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