Valter Almeida
Prezados Deputados:
Meu nome é Valter Almeida, mas
podia ser também Antônio, Francisco, José, João, Severino, Maria, Josefa ou
outro qualquer, porque o que importa mesmo é o que éramos e o que somos.
Éramos trabalhadores honestos,
responsáveis e patriotas que trabalhamos duro e com dedicação para construir este
Brasil de hoje. Não estamos reclamando do trabalho árduo e sacrificado que
tivemos que enfrentar para erguer esta nação, porque esta é a nossa Pátria.
A terra onde nasceram os
nossos avós, os nossos pais e demais familiares. A terra que lhes deu a vida e
continuou acolhendo-os no seu descanso eterno e que, um dia, irá se repetir com
todos nós, isto é o ciclo natural do homem, nascer, viver, produzir e morrer,
essa é a nossa missão, amar a nossa terra, fazê-la grandiosa, pungente e
próspera para as gerações futuras e foi isso que nós fizemos com muito respeito
e amor pelo nosso Brasil.
O tempo passou e a velhice
chegou e junto, como é natural, trouxe a decadência do corpo físico, mas não
como um castigo, e sim como o fim de uma jornada das nossas vidas que até pela
lógica normal do ciclo da nossa existência, tem que acontecer para que possa
abrir uma nova porta para os jovens continuarem a trilhar esse mesmo caminho,
por isso é que tivemos que parar de trabalhar, fato que vai acontecer com todos
os trabalhadores, e é nessa ocasião que começamos uma nova etapa nas nossas
vidas.
A fase das nossas vidas que
por uma questão de justiça e até por direito consolidado por lei tem que ser
especial. Especial pelo que fizemos no passado. Especial por fazermos parte da
história honrada da nossa Pátria. Especial pelo orgulho de sermos brasileiros.
Especial pela essência da nossa dignidade de um trabalhador que seguiu à risca
o que diz o nosso hino: “Um filho teu na foge a luta, nem teme quem te adora a
própria morte”.
Infelizmente, Senhores
Deputados, não é nada disso que somos depois que chegamos à velhice e passamos à
condição de aposentados pelo RGPS.
Hoje podemos dizer que somos
descartáveis, desrespeitados e abandonados pelo governo e pelo Congresso
Nacional e, principalmente, pela Câmara dos Deputados, porque é lá que se
encontram os nossos projetos PL-01/07 e PL-4434/08 para serem votados. Projetos
que se votados, aprovados e sancionados, devolveriam os nossos direitos que
foram usurpados, mas que por questões políticas se encontram engavetados há
oito anos e não são votados e por isso continuamos com a nossa via-crúcis.
Padecendo perante o desalento
de vivermos os nossos últimos dias jogados no ostracismo social por conta de
uma vergonhosa política de reajustes dos nossos benefícios. Política essa que
tem reduzido ao longo desses últimos anos o nosso poder de compra, a ponto de
cinco, oito, dez e até mais de salários mínimos que durante a nossa vida
laboral pagamos para receber quando nos aposentássemos se transformar em apenas
um salário mínimo, tirando-nos toda a chance de usufruirmos de uma condição
digna de sobrevivência os nossos últimos dias de vida.
Não é exagero nenhum afirmar
que é verdade tudo isso que escrevi e para desmistificar os que dizem que isso
só acontece porque a Previdência Social é deficitária, temos motivos, exemplos
e fatos que provam o contrário. O próprio orçamento da Previdência Social e a
recente afirmação do seu atual ministro, Carlos Gabas, em uma entrevista dada
ao Jornal Estadão, afirmou que a Previdência Urbana, mesmo contando com um
grande volume de recursos que foram deixados de arrecadar por conta das
desonerações da folha de pagamento das empresas, não é deficitária, tendo nesse
último ano de 2014 um superávit de R$ 35 bilhões.
Outros fatos que poderemos
citar como exemplo da sangria do dinheiro da previdência seria a DRU e as
dívidas imensas das empresas e do próprio governo que nunca foram quitadas, ao
contrário, muitas vezes são até perdoadas, portanto, Senhores Deputados, não é
de bom-tom continuar afirmando que a Previdência Social é deficitária, o que
precisamos é separar a Previdência Rural da Previdência Urbana e seguir o que o
Ministro Carlos Gabas falou na sua entrevista: “Mas essa história do déficit
precisa ser tratada com uma visão mais contábil”, o que quer dizer que as duas
previdências teriam que ser administradas separadamente e com isso, já que
somos aposentados pela Previdência Urbana que tem superávit, não é justo e não
podemos continuar a sofrer as consequências devastadoras de uma política de
reajustes que estão nos levando à miséria.
Diante de tudo que foi
exposto, esperamos sinceramente, merecer da parte de cada um dos Senhores, a
presteza de um parlamentar que nos representa no Congresso Nacional, votando os
nossos projetos. Movidos pela esperança de sermos atendidos, agradecemos em
nome da nossa dignidade.
Brasileiros e brasileiras aposentadas
pelo RGPS.
Título e Texto: Valter Almeida, 2-3-2015
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