segunda-feira, 2 de março de 2015

Carta dos aposentados para os deputados federais

Valter Almeida

Prezados Deputados:

Meu nome é Valter Almeida, mas podia ser também Antônio, Francisco, José, João, Severino, Maria, Josefa ou outro qualquer, porque o que importa mesmo é o que éramos e o que somos.

Éramos trabalhadores honestos, responsáveis e patriotas que trabalhamos duro e com dedicação para construir este Brasil de hoje. Não estamos reclamando do trabalho árduo e sacrificado que tivemos que enfrentar para erguer esta nação, porque esta é a nossa Pátria.

A terra onde nasceram os nossos avós, os nossos pais e demais familiares. A terra que lhes deu a vida e continuou acolhendo-os no seu descanso eterno e que, um dia, irá se repetir com todos nós, isto é o ciclo natural do homem, nascer, viver, produzir e morrer, essa é a nossa missão, amar a nossa terra, fazê-la grandiosa, pungente e próspera para as gerações futuras e foi isso que nós fizemos com muito respeito e amor pelo nosso Brasil.

O tempo passou e a velhice chegou e junto, como é natural, trouxe a decadência do corpo físico, mas não como um castigo, e sim como o fim de uma jornada das nossas vidas que até pela lógica normal do ciclo da nossa existência, tem que acontecer para que possa abrir uma nova porta para os jovens continuarem a trilhar esse mesmo caminho, por isso é que tivemos que parar de trabalhar, fato que vai acontecer com todos os trabalhadores, e é nessa ocasião que começamos uma nova etapa nas nossas vidas.

A fase das nossas vidas que por uma questão de justiça e até por direito consolidado por lei tem que ser especial. Especial pelo que fizemos no passado. Especial por fazermos parte da história honrada da nossa Pátria. Especial pelo orgulho de sermos brasileiros. Especial pela essência da nossa dignidade de um trabalhador que seguiu à risca o que diz o nosso hino: “Um filho teu na foge a luta, nem teme quem te adora a própria morte”.

Infelizmente, Senhores Deputados, não é nada disso que somos depois que chegamos à velhice e passamos à condição de aposentados pelo RGPS.

Hoje podemos dizer que somos descartáveis, desrespeitados e abandonados pelo governo e pelo Congresso Nacional e, principalmente, pela Câmara dos Deputados, porque é lá que se encontram os nossos projetos PL-01/07 e PL-4434/08 para serem votados. Projetos que se votados, aprovados e sancionados, devolveriam os nossos direitos que foram usurpados, mas que por questões políticas se encontram engavetados há oito anos e não são votados e por isso continuamos com a nossa via-crúcis.

Padecendo perante o desalento de vivermos os nossos últimos dias jogados no ostracismo social por conta de uma vergonhosa política de reajustes dos nossos benefícios. Política essa que tem reduzido ao longo desses últimos anos o nosso poder de compra, a ponto de cinco, oito, dez e até mais de salários mínimos que durante a nossa vida laboral pagamos para receber quando nos aposentássemos se transformar em apenas um salário mínimo, tirando-nos toda a chance de usufruirmos de uma condição digna de sobrevivência os nossos últimos dias de vida.

Não é exagero nenhum afirmar que é verdade tudo isso que escrevi e para desmistificar os que dizem que isso só acontece porque a Previdência Social é deficitária, temos motivos, exemplos e fatos que provam o contrário. O próprio orçamento da Previdência Social e a recente afirmação do seu atual ministro, Carlos Gabas, em uma entrevista dada ao Jornal Estadão, afirmou que a Previdência Urbana, mesmo contando com um grande volume de recursos que foram deixados de arrecadar por conta das desonerações da folha de pagamento das empresas, não é deficitária, tendo nesse último ano de 2014 um superávit de R$ 35 bilhões.

Outros fatos que poderemos citar como exemplo da sangria do dinheiro da previdência seria a DRU e as dívidas imensas das empresas e do próprio governo que nunca foram quitadas, ao contrário, muitas vezes são até perdoadas, portanto, Senhores Deputados, não é de bom-tom continuar afirmando que a Previdência Social é deficitária, o que precisamos é separar a Previdência Rural da Previdência Urbana e seguir o que o Ministro Carlos Gabas falou na sua entrevista: “Mas essa história do déficit precisa ser tratada com uma visão mais contábil”, o que quer dizer que as duas previdências teriam que ser administradas separadamente e com isso, já que somos aposentados pela Previdência Urbana que tem superávit, não é justo e não podemos continuar a sofrer as consequências devastadoras de uma política de reajustes que estão nos levando à miséria.

Diante de tudo que foi exposto, esperamos sinceramente, merecer da parte de cada um dos Senhores, a presteza de um parlamentar que nos representa no Congresso Nacional, votando os nossos projetos. Movidos pela esperança de sermos atendidos, agradecemos em nome da nossa dignidade.
Brasileiros e brasileiras aposentadas pelo RGPS. 
Título e Texto: Valter Almeida, 2-3-2015

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