Reinaldo Azevedo
A presidente Dilma Rousseff
levou uma pauta de duas faces para a Assembleia Geral das Nações Unidas, em
cuja abertura discursou nesta segunda. Tratou de questões internas, numa fala
que ficaria melhor se enunciada no Congresso brasileiro, e de problemas externos.
No que nos diz respeito — ou “no que se refere” a nós, como ela própria diria
—, apresentou um diagnóstico conhecido e falso. É lamentável porque isso leva à
profilaxia errada e a prognósticos que não se cumprem. Na política externa, lá
estava o besteirol habitual do petismo, com uma correção de rumo ao menos:
desta feita, ela não cobrou negociação com o Estado Islâmico. Vamos por partes.
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Ilustração: Aroeira |
Dilma disse com todas as
letras que o modelo de crescimento adotado pelo Brasil — leia-se: pelo PT —
“chegou ao limite”. Por que isso interessa à ONU? Não interessa. Estava falando
para dentro, não para fora. Mais uma vez, mistificou sobre as causas. Atribuiu
a crise por que passa o país à conjuntura internacional e ainda tentou o
caminho da vanglória: durante seis anos, seu governo teria resistido às
pressões externas, mas, agora, não deu mais.
Ela resumiu assim o desastre
que ela e Guido Mantega produziram no país:
“A lenta recuperação da
economia mundial e o fim do superciclo das commodities incidiram negativamente
sobre o nosso crescimento. A desvalorização cambial e as pressões recessivas
produziram inflação e forte queda da arrecadação, levando a restrições nas
contas públicas”.
Dilma finge, para citar um
autor que, consta, ela já leu — refiro-me a Karl Marx —, que tudo caiu na
árvore dos acontecimentos. O tal superciclo das commodities terminou em meados
de 2012. Em vez de tomar as medidas prudenciais, esta senhora enfiou o pé nos
gastos públicos e manteve o modelo ancorado no consumo do tempo das commodities
gordas. Para lograr tal intento, aplicou anabolizantes na economia como
desonerações, isenções, estímulo ao crédito. Os que anteviam que o “modelo”
naufragaria foram tratados como inimigos do Brasil.
Insisto: essa bobajada não tem
nenhum interesse ao resto do mundo. Ela fala aos nativos. O que ela não explica
— nem teria como fazê-lo — é por que não admitiu, então, em outubro que as
dificuldades seriam imensas e não pediu ao povo, com sinceridade, um voto de
confiança. Em vez disso, preferiu o estelionato eleitoral.
Ela foi adiante nos recados
internos. Referindo-se veladamente à possibilidade do impeachment, falou da
importância de se respeitarem as instituições — exceção feita a esquerdistas,
aliados dela, quem não respeita? — e emendou: “O Brasil vai continuar trilhando
o caminho democrático”. Ora, claro que sim! O impedimento, por exemplo, faz
parte do elenco de medidas democráticas.
Dilma falou ainda do combate à
corrupção, afirmando que os brasileiros não suportam esse mal. E deu conselhos
aos juízes: não “ceder a excessos”, julgando “sem paixões
político-partidárias”, alertando que “as sanções da lei devem recair sobre
todos os que praticam e praticaram atos ilícitos”. Por quê? Não é assim hoje?
Esse discurso, convenham, não
buscava o convencimento de dirigentes de outros países. Dilma estava
conversando com os deputados que, primeiro, vão decidir se será ou não
instalada a comissão especial que pode analisar a denúncia contra ela. Caso
isso aconteça, esse mesmo colégio vai arbitrar se ela será ou não afastada do
cargo.
Mundo
A presidente, claro!, deu
conselhos ao mundo. A dirigente cujo governo estimula, na prática, o tráfico de
haitianos para o Acre e, depois, para São Paulo falou dos refugiados. Como se
fosse uma adolescente prestes a entrar em algum grupelho de esquerda, afirmou:
“Em um mundo onde circulam, livremente, mercadorias, capitais, informações e
ideias, é absurdo impedir o livre trânsito de pessoas”.
Não sei se o conselheiro de
política externa de Dilma é Marco Aurélio Garcia ou John Lennon. Tenham
paciência!
Sim, Dilma atacou, desta
feita, o terrorismo do Estado Islâmico, mas não sem culpar os EUA e as
potências europeias. Para as ditaduras do Oriente Médio e da África, não sobrou
nem uma pancadinha. Atribuiu a crise dos refugiados a “países que tiveram seus
estados nacionais desestruturados por ações militares ao arrepio do direito
internacional, abrindo espaço para a proliferação do terrorismo”.
Mais uma vez, Israel foi alvo
da crítica do governo brasileiro. Discursou a soberana: “Não se pode postergar,
por exemplo, a criação de um Estado Palestino, que conviva pacífica e
harmonicamente com Israel. Da mesma forma, não é tolerável a expansão de
assentamentos nos territórios ocupados”. Certo. A petista silenciou sobre os
ataques terroristas praticados por palestinos.
As tolices foram se
multiplicando. Referindo-se à América Latina e Caribe e ao avanço das relações
diplomáticas entre EUA e Cuba, disparou: “Nossa região – onde imperam a paz e a
democracia – se regozija com o estabelecimento de relações diplomáticas entre
Cuba e os Estados Unidos, que põe fim a um contencioso derivado da Guerra Fria.
Esperamos que esse processo venha a completar-se com o fim do embargo que pesa
sobre Cuba”.
Dilma vê paz e democracia em
Cuba.
Dilma vê paz e democracia na
Venezuela.
Dilma vê paz e democracia no
Equador.
E, claro!, pediu, uma vez
mais, a reforma do Conselho de Segurança da ONU. Encerro assim: um governo que
chama ditaduras assassinas de “democracias” está preparado para melhorar o
mundo?
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, VEJA, 29-9-2015
#prontofalei – Discursos fora
do lugar
IVAN ADEMAR DE ARRUDA . NO FECEBOOK
ResponderExcluirA APARIÇAO ; DO ; IVAN ADEMAR DE ARRUDA . NAS REDES SOCIAS . QUEM APARECE E PORQUE COMPARECE , E QUEM NAO APARECE E PORQUE NAO COMPARECE . ESTA MENSAGEM E PARA TODOS NOS , SEJA EM TODAS AS NOSSAS AREAS DA NOSSOS VIDAS... AUTOR ; IVAN ADEMAR DE ARRUDA...
ResponderExcluirBom dia pessoas para saber sobre o personagem e o meu
ResponderExcluirperfil , por favor entrar no google e digitar o
meu nome ; Ivan Ademar de arruda .