Telmo Azevedo Fernandes
É necessário restaurar o espírito do
Liberalismo Clássico, assumir e divulgar a superioridade moral da defesa das
liberdades individuais por contraponto a qualquer das outras alternativas
ideológicas.
Direita e Esquerda disputam
hoje a rapidez e eficácia com que atacam a Liberdade.
Reflexo da ideologia
dominante, o número de leis e diretivas do estado que regulam diversíssimos
aspectos das nossas vidas individuais é bastante superior ao que existia no
passado.
Sente-se isso em quase todas
as áreas: da obsessão com a igualdade de género, aos programas de apoio à
natalidade; das políticas identitárias ao exorcismo dos símbolos religiosos; da
inatacabilidade da escola pública à urgência do debate sobre barrigas de
aluguer; da defesa do estado social à imposição da solidariedade através da
redistribuição de rendimento; da defesa da substituição das importações à
necessidade do salário mínimo.
Há que ser bem comportado em
relação a estas ideias. O politicamente correto impera. Só há uma narrativa boa
e conveniente. Qualquer ideia tem de ser validada para ser socialmente aceite.
Um pensamento crítico é alvo de censura, quem ousa desalinhar é ostracizado e
insultado.
Tudo é visto no coletivo, pelo
prisma do grupo, através de abstrações. O humano e o indivíduo são detalhes de
menor importância, quando não mesmo desprezíveis. É o estado que atribui
direitos aos indivíduos e por isso tudo se pode reivindicar. Há como que um
total relativismo dos valores. Não há moral nem ética, apenas aquilo que é
legal ou ilegal.
Já estive convencido de que os
advogados destas causas se dividiam em dois grupos: os mal informados e os
mal-intencionados. Agora acredito que muitos destes rejeitam efetivamente a
liberdade para os outros e até para si próprios.
Muitas pessoas têm medo da
Liberdade. Quantas não preferem ser dependentes do estado, enjeitando o seu
papel individual e mutualizando as responsabilidades por via controlo coletivo?
A Liberdade está em
concorrência com ideologias totalitárias e só vencerá pela livre escolha do
mercado. Impor a Liberdade seria uma contradição nos seus próprios termos. Um
comité central libertário teria tudo para dar errado.
O que fazer para ser claro que
os genuínos Direitos existem antes do estado e que são parte da nossa natureza
enquanto indivíduos humanos?
Como se demonstra que a
liberdade de contrato entre indivíduos soberanos é mutuamente benéfica entre as
partes se resultar da livre escolha?
De que forma se passa de um
estado social ao serviço de grupos para um povo liberto do estado para
benefício dos indivíduos?
Qual o modo de fazer perceber
que direitos de propriedade são eles próprios direitos humanos e garante contra
a interferência do estado?
São as ideias que definem os limites
da intervenção dos estados na vida em sociedade. Quem pensa é o indivíduo. Em
última instância, é o apoio ideológico que sustenta e legitima um governo e as
suas políticas. Depende portanto de cada um de nós, no nosso ambiente de
trabalho e familiar definir as linhas vermelhas que queremos que o estado não
ultrapasse.
Não nos podemos deter na
argumentação utilitarista, quase técnica, sobre as vantagens das opções
liberais. Se queremos conquistar mentes em número suficiente para alterar a atual
situação, temos de recapturar a origem, propriedade e nomenclatura dos termos e
ideais que foram sendo apropriados e desvirtuados pelas ideologias coletivistas
e progressistas.
Desde logo, restaurar o
espírito do Liberalismo Clássico. Reconhecer e divulgar a superioridade moral
da defesa das liberdades individuais por contraponto a qualquer das
alternativas ideológicas existentes.
A autoridade moral do
Liberalismo deve ser central nas discussões e análises sobre o nosso futuro
enquanto sociedade. As causas do Liberalismo são superiores, em todos os
aspectos, a correntes de pensamento que conduzem a uma vida em sociedade a
caminho da servidão.
A juventude deve ser
galvanizada pelo argumento da superioridade moral do individualismo.
Só a ética e integridade individuais
poderão sustentar um caminho de Liberdade.
Título e Texto: Telmo Azevedo
Fernandes, Licenciado em Relações Internacionais; MBA. Especialista em
Internacionalização; telmo.azevedo.fernandes@gmail.com
Observador, 23-4-2017
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