Carlos Ramalhete
Costumo apontar neste espaço
os perigos que corremos ao importar os aspectos mais daninhos da cultura e da
política norte-americanas para o Brasil. Por esses dias eu vim a descobrir uma
importação cuja maldade chega a me dar calafrios. Na matriz de nossos
subdesenvolvidos pseudopensadores, chama-se doxing. Esta prática de
ódio consiste em aproveitar a falta de intimidade que as redes sociais e a
internet dão para assediar em bando o entorno social, de trabalho e familiar,
de qualquer pessoa que manifeste opiniões diversas do pensamento único
esquerdista. Sendo este apoiado pelos meios de comunicação em massa e pelo
próprio governo, todos envolvidos num frenesi de apologia ao comportamento
homossexual, teoria de gêneros, racismo e demais importações do norte selvagem,
é comum que os efeitos sejam extremamente daninhos. Um patrão que é assediado
por dezenas de mensagens afirmando maldades contra um funcionário seu pode
pensar estar fazendo a coisa certa ao demiti-lo, ou ao menos chamar a sua
atenção; a vida de parentes da vítima do doxing também pode
ser bastante prejudicada por este tipo de comportamento.
Como sempre, a esquerda se
quer proprietária exclusiva da acusação de “ódio”, que pespega a toda palavra
com que não concordem, mostrando assim a verdade do dito olaviano de que eles
acusam do que fazem. Ao mesmo tempo, todavia, é ela que protagoniza as piores
cenas de ódio. O ódio concentrado de que os esquerdistas são capazes só
encontra parelho histórico nas tropas de assalto de partidos totalitários do
século passado. Inventa-se um absurdo qualquer, que passa imediatamente a ter
foros de verdade absoluta (por exemplo, que um rapagão com um vestido
magicamente se transforma em uma linda mocinha). Não se permite qualquer
debate, criminalizando-se e condenando liminarmente qualquer manifestação
contrária como sendo – vejam, senhores, que truque curioso – “crime de ódio”,
pintando imaginariamente o amor à estabilidade social e de modos de suposto
ódio a algo que nem fica muito bem explicado. Daí a invenção de termos
pseudomédicos como “homofobia” (etimologicamente, “medo do igual”) para tratar
do que na verdade é apenas pensar como sempre se pensou, sem que haja nisso
absolutamente ódio algum. Pelo contrário: o alvo da maior parte dos ataques da
extrema-esquerda é o amor demonstrado às instituições, à pátria, à família, a
Deus… O ódio está todo concentrado do outro lado, do lado dos revolucionários,
que odeiam visceralmente o que encontraram pronto ao nascer, e desejam
substituir a sociedade por uma outra coisa que via de regra nem mesmo eles
sabem direito o que é.
E é aí que entra o tal doxing.
É uma maneira de levar ao nível pessoal a ação das hordas fascistas da extrema-esquerda
(pois é como hordas fascistas que eles se comportam; deixo de lado o debate
sobre se o fascismo era de esquerda ou de direita, contentando-me em afirmar
que é do Demônio). Enquanto seus antepassados espirituais apenas pichavam
“amigo de judeus” ou “amante de negros” nas portas daqueles com quem não
concordavam, os ativistas pós-modernos pesquisam minuciosamente a vida de suas
vítimas, de forma a atrapalhar ao máximo a sua vida, causar brigas familiares,
levá-lo a ser demitido de seu trabalho e perder o ganha-pão. Ora, a família e o
ganha-pão são sagrados. São necessidades universais, e ninguém, absolutamente
ninguém, pode ser privado de tê-los. Mesmo os presos na cadeia não deixam de
ter família e receber visitas e cartas (deixemos as tais “visitas íntimas” de
lado; são um exemplo da sexomania atual), e mesmo eles deveriam poder trabalhar
e ganhar o próprio pão com o suor do próprio rosto. Mas nada disso importa aos
revolucionários. A vida humana não tem valor para eles, como não tem valor algum
a vida social e familiar de quem comete o pecado sem perdão de não concordar
plenamente com a última loucura desses grupos (aliás, alguém sabe com quantas
letras anda a sigla LGBTFBICIAKGBPTPSOL?).
O tal doxing, como
muita coisa na ação revolucionária hodierna, é uma prática motivada e mantida
por um nível tão alto de ódio que confesso me ser impossível apreender. Não
conseguiria dirigir tamanho nível de ódio a pessoas que não conheço e que nunca
me fizeram nada; e não creio, mesmo, que conseguisse dirigi-lo a quem tenha
realmente me prejudicado. Eu posso ter desejos sinceros de matar alguém, e
mesmo justas razões para tal; não consigo me imaginar, contudo, querendo privar
alguém de trabalho e família. Seria menos mau privar de vida. Atacar de tal
maneira pessoas cuja opinião simplesmente difere da minha, mais ainda se é a
minha a novidade (e tenho, sim, senhores, algumas opiniões bem novidadosas), aí
é que não seria mesmo possível. Quem propõe a mudança é quem tem de
justificá-la e convencer os demais que, se tiverem a cabeça no lugar, vão
demorar bastante para mudar de opinião. Opiniões que o vento leva não valem os
bits em que são escritas.
É importante, assim, que
aprendamos todos a lidar com isso; quando a lista de imperativos morais
categóricos da extrema-esquerda dominante muda a cada dia, como ocorre agora, é
fácil, mesmo a quem tenta se manter a par, ficar um pouco atrasado e ver-se
objeto de ódio assim intenso e de táticas de ataque à identidade e ao ganha-pão
assim odiosas. Qualquer pessoa, por mais inocente e alheia a questões
político-sociais, está sujeita a um belo dia ver-se acusada implacavelmente, de
maneira praticamente anônima – pois dezenas de mensagens assinadas por
desconhecidos perfazem uma denúncia na prática anônima – de serem monstros,
malvados quase tão cheios de ódio quanto os agentes revolucionários que fazem
isso com eles. Cuidado. Ajamos com hombridade e coragem, e não cedamos jamais à
tentação de combater o mal com o mal.
Título e Texto: Carlos Ramalhete, Gazeta do Povo, 1-9-2017
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