Rivadávia Rosa
Alguns 'ajustes' semânticos:
Fascismo ‘puro’ ou ‘fascistóide’ – é o regime, de corte sindical, fundado em sindicato único por atividade, a partir da ‘Carta del Lavoro’, de Benito Mussolini, o Duce... Nesse regime nas ‘sábias’ palavras do seu fundador prefigurava: “Tudo no Estado. Nada contra o Estado. Nada fora do Estado” ("Todo en el Estado. Nada contra el Estado. Nada fuera del Estado").
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Retrato de Benito Mussolini, fotografado por George Grantham Bain, exposto na Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos desde 1949. |
Porém, há uma certa simbiose nazi-fascista (inclusive com o irmão gêmeo univitelino bolchevista) cujos objetivos convergem para a permanência indefinida no poder, controle da mídia (atualmente sob o eufemismo ‘democratização dos meios de comunicação’) a utilização de comitês/milícias para a defesa do ‘regime’/revolução, doutrinação, eliminação da oposição. Sem nenhum apego e respeito lei (burguesa) às instituições, tradições, princípios e valores democráticos e com a ‘eficiência operacional’ das milícias camisas marrons (Alemanha) e camisas negras (Itália), criaram as ‘condições objetivas’ para a tomada total do poder, no nobre intuito de ‘salvar a Pátria’.
O nazi-fascismo e o comunismo efetivamente têm semelhanças que não são meras coincidências: a célula é uma invenção comunista; a milícia é uma invenção fascista. Corresponde inicialmente à doutrina do fascismo, o que se pode chamar de uma mistura de PARETO, MAURRAS e de SOREL, ou seja, a predominância das elites, das minorias atuantes, e a da violência para permitir-lhes conquistar e conservar o poder: a milícia organiza essas minorias e lhes provê com os meios de ação violenta. Depende igualmente do contexto histórico do fascismo: no meio da desordem e da anarquia italiana, em 1920, os “faisceaux”restabeleciam uma ordem brutal, porém imediata e visível, suprindo a carência do Governo; da mesma forma as Seções de Assalto hitleristas arrebatavam às massas comunistas e socialistas o domínio da rua, ao mesmo tempo que despertavam a esperança de um grande exército reconstituído na Alemanha de Weimar, vencida, mas militarista. O contra golpe bolchevista não deixou por menos.
Como se vê ‘nada a ver com os atuais regimes chavista, castrista, ahmadinejadista, kirchnista, evista, nem com o ADN fascistóide’... agrego:
“Tanto os fascistas italianos quanto os alemães haviam feito de tudo o que podiam para fazer com que a democracia funcionasse mal. Mas o impasse das constituições liberais não foi algo provocado unicamente pelos fascistas. “O colapso do Estado liberal”, diz Roberto Vivarelli, “ocorreu independentemente do fascismo”36. Àquela época, era tentador ver o mau funcionamento dos governos democráticos, após 1918, como uma crise sistêmica que marcava o fim histórico do liberalismo. A partir do reflorescimento da democracia constitucional ocorrido após a Segunda Guerra Mundial, pareceu mais plausível vê-la como uma crise circunstancial provocada pelas tensões da Primeira Grande Guerra, pela súbita ampliação da democracia e pela Revolução Bolchevique. Seja qual for nossa interpretação do impasse do governo democrático, é muito pouco provável que um movimento fascista possa chegar ao poder sem ele.
Tanto na Itália quanto na Alemanha, essas lutas oscilaram entre acirramento e amenização, com resultados variados. Enquanto o regime fascista italiano decaiu, cedendo espaço para um poder autoritário e conservador, a Alemanha nazista se radicalizou a ponto de chegar a uma situação de licenciosidade irrefreada. Mas os regimes fascistas nunca foram estáticos. Temos que ver seu domínio como uma infindável luta pela primazia interna a uma coalizão, exacerbada pelo colapso das restrições constitucionais e do estado de direito, e acirrada por um clima de generalizado darwismo social.
Alguns comentaristas reduziram essa luta a um conflito entre o partido e o Estado. Uma das primeiras e mais sugestivas interpretações do conflito partido-Estado foi a ilustração fornecida pelo acadêmico refugiado Ernst Fraenkel, da Alemanha nazista como um “Estado dual”. Segundo Fraenkel, no regime de Hitler, um “Estado normativo”, constituído pelas autoridades legalmente constituídas e pelo serviço público tradicional, disputava o poder com o “Estado prerrogativo”, formado pelas organizações paralelas do partido. (Ernst Fraenkel, The Dual State. Nova Iorque: Oxford, 1941). A percepção de Fraenkel é fecunda e me calcarei nela.
De acordo com o modelo de governança nazista proposto por Fraenkel, o segmento “normativo” do regime fascista continuou a aplicar a lei em conformidade com o devido processo legal, e os funcionários desse setor eram selecionados e promovidos com base nas normas burocráticas de competência e antiguidade. No setor “prerrogativo”, ao contrário, nenhuma regra se aplicava, com a exceção dos caprichos do governante, da gratificação dos militantes do partido e do suposto “destino” do Volk, da razza, ou do povo eleito. O Estado normativo e o Estado prerrogativo coexistiam numa cooperação conflituosa, embora mais ou menos competente, conferindo ao regime sua bizarra mistura de legalismo (A coexistência, no regime nazista, de grande meticulosidade jurídica e de ilegalidade ostensiva jamais deixa de provocar espanto. Ainda em dezembro de 1938, alguns judeus vítimas de violência nazista individual e não autorizada, conseguiram fazer que seus agressores fossem presos pela polícia alemã e punidos por tribunais alemães, justo no momento em que crescia a violência autorizada contra os judeus. Como relembrou um sobrevivente, anos depois, “os crimes não oficiais era proibidos no Terceiro Reich”. Erich A. Johnson, Nazi Terror: The Gestapo, Jews, and Ordinary Germans, Nova York: Basic Books, 1999, p. 124-5) e de violência arbitrária.” FASCISMO – PAXTON, Robert O. A Anatomia do Fascismo. São Paulo/SP: Paz e Terra, 2007, pp. 178, 200, 201.
O nazi-fascismo pode ser definido por alguns traços inerentes ao comportamento político, normalmente marcado por uma preocupação obsessiva especialmente com a humilhação da comunidade ‘vitimizada’ por um inimigo interno/externo, e ainda por cultos/devoção em torno de um líder/führer/duce/caudillo/caudilho, formados por militantes, em cooperação desavergonhada, mas eficaz com as elites/zelites sociopolítica-econômicas (inclusive criminosas) num primeiro momento para atingir as condições objetivas; após o que repudia as liberdades públicas e democráticas, e, passa a perseguir objetivos de purificação que pode ser até de limpeza étnica (até o racismo indigenista) e expansão externa (espaço vital) por meio de ações messiânicas e sem estar submetido a restrições éticas ou legais de qualquer natureza, cuja ideologia porém pode e é modificada ou violada, conforme a conveniência do momento – mas sempre com a absolvição do líder máximo.
E, mais, parecia muito natural os regimes nazi-fascistas serem identificados como emanações da vontade única do ditador. Porém estudos demonstram a forma como a vontade do ditador se entrelaçava com a sociedade – principalmente pela força da propaganda e da manipulação das massas, assim como ‘alianças/coalizões’ com a elite empresarial, industrial e financeira – cujos interesses se revelam convergentes, pois o espólio quando se ataca/domina o Estado de forma organizada dá para satisfazer com sobra os famintos pelo poder e pelo dinheiro (fácil).
Rivadávia Rosa, 15-06-2011
A satanica ditadura comunista foi destruida pelos povos do Leste Europeu em 1989! Hoje o comunismo serve só para idiotas, terceiromundistas subdesenvolvidos, parasitas e burros!
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