Cesar Maia
1. Com que identidade Dilma se afirmou como ministra? A resposta seria: austera, competente, e por aí vai. Essa mesma imagem Lula difundiu em toda a longa pré-campanha presidencial. E os programas eleitorais na TV serviram para afirmar. Sua assessoria de comunicação, desde o primeiro dia de governo, batia nessa tecla: Dilma trabalhando no gabinete, Dilma exonerando, Dilma não aceitando nomeações da base aliada, etc. e tal.
2. Este Ex-Blog, semanas atrás, lembrava que os 20% da oposição parlamentar eram desvio de ótica. A vontade de manter o poder central levou Lula e o PT a fazerem todo tipo de articulação. O resultado é que a enorme base aliada, de 80%, só serve para votar as rotinas e discutir cargos. Numa votação não terminativa, pois ainda deveria ir ao senado, o governo Dilma testou sua força e sua verticalidade e ficou nos 35%, que é o seu tamanho parlamentar para votar qualquer matéria que exija mudanças substantivas.
3. Em seguida, quis mostrar força votando, com tranquilidade, a MP 517. Mas, no bojo da mesma, veio uma emenda, acatada pelo PT e pela base aliada, com doação de 23 bilhões de reais a banqueiros privados, muito mais que a tal anistia a desmatadores-predadores.
4. Veio o escandaloso caso Palocci e foram 24 dias de calvário, tentando justificar o injustificável e, com final de ópera bufa, com a presidente com os olhos marejados agradecendo a seu ministro, bem... pela desestabilização precoce.
5. Em cinco meses, a imagem divulgada de Dilma se desmanchou. Não se vê autoridade, nem competência: o retrato envelheceu, governo envelheceu, o governo perdeu sua alma, sua identidade. A saída foi a mais primária possível, coisa de marqueteiro de quinta categoria. Na falta de identidade, decidiu-se reforçar a condição de mulher, com duas nomeações femininas. Afinal, metade dos eleitores são mulheres.
6. Decisão que nada tem que ver, como se noticiou, com a marca de austeridade de ambas as ministras, para reforçar a imagem inicial de Dilma. Seria o próprio reconhecimento que a imagem de autoridade e de competência de Dilma precisa de uma plástica. O que se busca com as nomeações é simplesmente apelar para a condição de mulher. Pode até dar certo, por solidariedade de gênero. Mas do ponto de vista político, é simplesmente apostar num governo sem identidade funcional e sem identidade política.
Título e Texto: Ex-Blog do Cesar Maia, 14-06-2011
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