sexta-feira, 13 de abril de 2012

A “lição” da Guiné-Bissau

Alberto de Freitas
A Guiné-Bissau faz lembrar o tipo que dá marteladas nos dedos pelo prazer do alívio nos intervalos. A cada golpe militar sucede-se o período do restabelecimento da democracia. Todos querem a democracia. Os próprios golpistas agem com esse objetivo: restabelecer a democracia.
E há vítimas. São vidas que se vão, mas, diga-se que por um nobre objetivo. Em seguida, fazem-se os preparativos: partidos e candidatos. Seguem-se os cortejos, muitas carrinhas de caixa aberta, muito povo aos pulos expressando contentamento e uns tipos façanhudos com AK a jurarem que respeitam o que dali sair.
Soldados na fila de voto, 15 de março, foto: Phil Moore/AFP
A seguir… bem, a seguir são as eleições. Anda todo o mundo com a mão carimbada ou um dedo sarapintado, em sinal que botaram o boletim de voto na ranhura de um qualquer utensílio. Tudo fiscalizado por democratas de outras bandas, em fatos de safari e suor nas axilas.
Quem ganha, celebra; em simultâneo com a contestação dos que não ganham.
Mas os façanhudos das AK, impõem o respeito pelo vencedor. Tudo - dizem eles – para regressar aos quarteis. Quem ganhou inicia um périplo pela vizinhança, com a apoteose do discurso na ONU. Um discurso rápido para terminar antes do início de um novo golpe… destinado a repor a democracia.
As televisões sacam imagens de arquivo de 10 golpes atrás. Tudo se mantém: façanhudos de AK, carrinhas de caixa aberta, povo e muita poeira.
Uma razão de peso – garantem os cínicos – é a comunidade internacional pagar as reposições das democracias.
Por isso, talvez seja de pensar a sério na proposta, perdão, opinião pessoal de Otelo Saraiva de Carvalho: derrubar o regime. A consternação seria imediatamente seguida por grande esperança internacional, pelo compromisso golpista de repor a democracia. Para tal, milhões ficariam à nossa disposição e as dívidas seriam perdoadas.
Regressaria a boa vida… até ao novo golpe, numa repetição sem fim…
Os “políticos” e “AK-façanhudos” guineenses sabem-na toda…  
Título e Texto: Alberto de Freitas

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