Alberto de Freitas
A Guiné-Bissau faz lembrar o
tipo que dá marteladas nos dedos pelo prazer do alívio nos intervalos. A cada golpe militar sucede-se o período do restabelecimento da democracia. Todos
querem a democracia. Os próprios golpistas agem com esse objetivo: restabelecer
a democracia.
E há vítimas. São vidas que se
vão, mas, diga-se que por um nobre objetivo. Em seguida, fazem-se os
preparativos: partidos e candidatos. Seguem-se os cortejos, muitas carrinhas de
caixa aberta, muito povo aos pulos expressando contentamento e uns tipos façanhudos
com AK a jurarem que respeitam o que dali sair.
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Soldados na fila de voto, 15 de março, foto: Phil Moore/AFP |
A seguir… bem, a seguir são as
eleições. Anda todo o mundo com a mão carimbada ou um dedo sarapintado, em
sinal que botaram o boletim de voto na ranhura de um qualquer utensílio. Tudo
fiscalizado por democratas de outras bandas, em fatos de safari e suor nas
axilas.
Quem ganha, celebra; em
simultâneo com a contestação dos que não ganham.
Mas os façanhudos das AK,
impõem o respeito pelo vencedor. Tudo - dizem eles – para regressar aos
quarteis. Quem ganhou inicia um périplo pela vizinhança, com a apoteose do
discurso na ONU. Um discurso rápido para terminar antes do início de um novo
golpe… destinado a repor a democracia.
As televisões sacam imagens de
arquivo de 10 golpes atrás. Tudo se mantém: façanhudos de AK, carrinhas de
caixa aberta, povo e muita poeira.
Uma razão de peso – garantem
os cínicos – é a comunidade internacional pagar as reposições das democracias.
Por isso, talvez seja de
pensar a sério na proposta, perdão, opinião pessoal de Otelo Saraiva de
Carvalho: derrubar o regime. A consternação seria imediatamente seguida por
grande esperança internacional, pelo compromisso golpista de repor a
democracia. Para tal, milhões ficariam à nossa disposição e as dívidas seriam
perdoadas.
Regressaria a boa vida… até ao
novo golpe, numa repetição sem fim…
Os “políticos” e
“AK-façanhudos” guineenses sabem-na toda…
Título e Texto: Alberto de
Freitas
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