Vitor Grando Pereira
Reduzir determinado argumento
à religião da pessoa que o defende é um onipresente absurdo de nossa cultura
contemporânea.
É certo que determinada
religião (ou a falta dela) influencia o pensamento de seus aderentes, e nisso
não há problema ainda que o aderente seja Senador da República, Deputado
Federal, Presidente da República, Ministro do STF, etc.
Assim sendo, enquanto o religioso
defende o conjunto de crenças e valores que são característicos de sua
religião, o secularista ou humanista também defende o conjunto de crenças e
valores que são característicos à sua crença. Qual é, então, a diferença? Não
há nenhuma, nem uma vírgula sequer.
O humanismo ou secularismo,
embora aleguem o contrário, nada têm de necessariamente científico ou racional.
Antes, são afirmações estritamente filosóficas sobre a realidade última. Tal e
qual qualquer religião.
O grave problema é impor determinada
crença ou valor ao restante da sociedade porque a religião assim o diz. Isso
não vemos acontecer em nosso país, portanto, não há atentado à laicidade do
Estado por parte dos religiosos.
O grave problema é impor
determinada crença ou valor porque o humanismo ou secularismo assim o dizem.
Isso não só é prática comum em nossos dias, como serve de juízo de valor quando
se procura diferenciar o certo do errado, a verdade da mentira. Se a ideia é
humanista/secularista também é, dizem eles, certa/verdadeira.
Se impor pela religião é
afronta à laicidade, impor pelo secularismo/humanismo é, portanto, atentado à
laicidade do Estado.
A religião - ainda que
humanista ou secular - de alguém é irrelevante nos debates públicos sobre
aborto, casamento homossexual, legalização de drogas e coisas afins. O que deve
importar é o argumento em si. Se razoável, acatemo-lo; se não, rejeitemo-lo.
Portanto, amigos, cuidado para
não cair na falácia de determinados grupos quando lhe acusarem de atentar
contra o Estado Laico quando defender algum valor que lhe é caro. Na maioria
das vezes, o atentado ao Estado Laico, como também à liberdade religiosa, está
do lado do acusador.
Lênin já dizia: "acuse-os
daquilo que nós fazemos."
Título e Texto: Vitor Grando
Pereira
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