Jorge Oliveira
Roma - Afirmei em artigo
durante as eleições do ano passado que Lula, em algum momento, teria deixado a
Dilma sozinha na campanha quando ela achou que teria condição de ganhar
sozinha, sem precisar do prestígio do ex-presidente junto ao povão do Bolsa Família.
Arrisquei a dizer aqui, inclusive, que Lula estaria torcendo pela vitória do
Aécio para voltar ao governo depois nos braços do povo. Ele achava que o tucano
não iria administrar o caos da herança maldita. O fracasso do Aécio seria,
portanto, a porta de entrada de Lula na presidência novamente. Pois bem, Lula
deixou a estratégia de lado quando foi aconselhado a não deixar o PT perder o
poder, risco que poderia levar ele e seus companheiros para a cadeia. Assim, a
Dilma desceu goela abaixo do ex-presidente e agora amarga um isolamento
político jamais visto na história do país.
A matéria da revista Época
desta semana de que o núcleo de combate à corrupção da Procuradoria da
República de Brasília abriu investigação contra Lula por tráfico de influência
internacional e no Brasil joga o ex-presidente nas cordas e enfraquece o seu
sonho do terceiro mandato. O MP quer provar que Lula beneficiou a Odebrecht
quando virou seu lobista de luxo ao deixar o governo. Viajou em jatos
particular da empresa para países que depois receberam financiamentos do BNDES
para obras públicas. O MP cita como exemplos Cuba, Venezuela, Gama, Angola e
República Dominicana como beneficiados. Os governos desses países, dominados
por déspotas sanguinários, de regime fechado, receberam US$ 4,1 bilhões do
banco enquanto a Odebrecht manteve Lula como seu principal intermediário nos
negócios.
O BNDES escancarou as portas
para esses países. Luciano Coutinho, presidente do banco, tinha receio de
perder o cargo. Além disso, sabia que no governo da Dilma quem manda é Lula
& Companhia. As viagens do ex-presidente para os países beneficiados eram
disfarçadas por convites para palestras, artifício usado na lavagem de
dinheiro. Em alguns deles – imagine! – Lula chegou a receber títulos de Doutor
Honoris Causa só oferecido a personagens que se destacaram no mundo da ciência
e da educação. As empreiteiras viram no ex-presidente a chance de encher os
cofres de dinheiro sem que para isso precisassem prestar contas do serviço, já
que o BNDES decidiu que esses empréstimos estariam protegidos por sigilo
bancário. Enquanto Lula abria as comportas do dinheiro público para obras no
exterior, no Brasil fazia discurso demagogo em defesa do povão, dos
desprotegidos, levando-os a adorá-lo como protetor dos mais pobres e
desvalidos.
Para encobrir esse lado
obscuro da sua conduta de ajudante de capitalista, Lula sempre se serviu dos
seus áulicos na imprensa pusilânime, bajulatória e submissa. No governo,
cooptou alguns dos principais cronistas políticos dos jornais e da televisão.
Os que ensaiavam críticas curvavam-se depois aos empregos milionários. Criou e
ainda financia blogs com dinheiro de estatais para ocultar suas trapaças e
enaltecer sua personalidade. Controla com mão de ferro toda verba publicitária
do governo e, em alguns momentos, chegou ameaçar a mídia com a instalação de um
conselho que iria castrar a liberdade de imprensa, a exemplo do que fez seu
amigo Hugo Chávez na Venezuela, numa afronta as leis vigentes do país. Foi
assim, com uma parte da imprensa paga ao seu lado, que Lula vendeu a imagem de
salvador da pátria. Personalista, egocêntrico, enquanto deixava seus parceiros
apodrecerem na cadeia, dava entrevista tentando convencer à população a
acreditar que roubar nada mais era do que um ato de rotina dos políticos
brasileiros, jogando no lixo a defesa da ética que tanto propagou antes de
chegar ao governo.
Por mais que se esforcem para
mostrar um relacionamento harmonioso, Lula e Dilma não se bicam. As
investigações em torno do ex-presidente lavam a alma da presidente que enxerga
nisso um desprestígio do seu chefe, o que lhe permite sair da letargia no papel
de marionete. Mesmo assim, não conseguirá controlar a bagunça do seu governo.
Refém dos líderes no parlamento, Dilma não consegue se articular para sair da
crise, mas por obra e graça ainda do seu chefe Lula deu, por incrível que
pareça, um nó no PMDB ao transformar Michel Temer, o vice, em chefe de
departamento pessoal. Temer, agora, deixa de pensar politicamente o país para
tentar salvar a massa falida oferecendo cargos a militantes de partidos.
Dilma ri à-toa ao ver Temer
agarrado à folha de pagamento em vez de pensar o país como um estadista. O PT
mais cedo ou mais tarde vai espalhar que o impeachment de Dilma é uma solução
perigosa porque o vice não tem competência nem para chefe de DP. Diante desse
imbróglio só existe uma certeza: o Brasil, como já acusaram os ministros do
STF, está sendo chefiado por uma quadrilha que se alimenta do dinheiro público
como urubus na carniça. Resta, portanto, aos brasileiros ir às ruas e pedir o
impeachment da presidente antes que o Brasil descambe para uma convulsão social
de consequências imprevisíveis.
Em tempo: em Portugal, o ex-primeiro-ministro José Sócrates, amigo do peito de Lula e Zé Dirceu, está na
cadeia. O país agora está menos corrupto.
Título e Texto: Jorge Oliveira, Diário do Poder,
2-5-2015
Relacionados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-