quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

PT X PT: onde está a real diferença sobre a política econômica de Dilma

Cesar Maia
       
1. De forma cada vez mais explícita, o PT se divide em dois PTs no apoio e crítica à política econômica de Dilma. Só que não há o PT mais e o PT menos importante. Há, na verdade, dois focos cuja diferença entre eles está no tempo político.
       
2. O primeiro foco se refere ao interesse político de curto prazo, a começar pelas eleições municipais seguidas por eleições sindicais e gremiais. Uma política econômica de forte ajuste fiscal, monetário e cambial produz amplo desconforto, a começar pela crescente taxa de desemprego, pela precarização do emprego e pela rotatividade para emprego de menor remuneração.
       
3. A amplíssima maioria do PT disputa poder nessas eleições locais, mesmo que muitos estejam empregados em nível federal nas administrações direta e indireta. A Lava-Jato eliminou a renda informal (ou por fora) e emagreceu as finanças partidárias. Derrotas em eleições municipais, sindicais e gremiais impactariam terminalmente setores importantes do PT acostumados às amizades políticas coloridas.
       
4. O segundo foco é o que prioriza as eleições de 2018 e entende que os sacrifícios em curto prazo, tenham a intensidade que tiverem, são fundamentais para manter a competitividade do PT em nível presidencial, de senadores, governadores e deputados federais. É este segundo vetor que é naturalmente hegemônico no governo federal.
       
5. São dois focos, duas estratégias incompatíveis. Atuam como se fossem dois partidos, um no governo e outro na "oposição". Só se encontram e convergem na questão do impeachment de Dilma, pois isso anteciparia a debacle do conjunto.

6. É importante salientar que os estudos do politólogo Jairo Nicolau mostram que a vinculação, correlação maior entre todas as instâncias eleitorais se encontra nas eleições municipais e de deputados federais. Isso fortalece o primeiro foco.
        
7. O PT “curto prazista” defende uma política econômica e o exercício político de corte kircherista, alardeando que as críticas "neoliberais não foram confirmadas no ano eleitoral, seja pela popularidade ascendente da presidente Cristina Kirchner, como no resultado das eleições com vitória kircherista no primeiro turno e um quase empate no segundo, apesar de as pesquisas exaltarem uma vitória bem mais elástica de Macri. 
Título e Texto: Cesar Maia, 6-1-2016

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