Gonzalo Guimaraens - Destaque
Internacional (*)
Observando da América do Sul o
processo pré-eleitoral que se desenvolve nos Estados Unidos — o qual se
encerrará dentro de algumas semanas com a eleição dos candidatos presidenciais
de cada partido —, a reação é de expectativa e preocupação.
A expectativa deve-se à
natural influência daquela grande nação no nosso continente: qualquer espirro
que ela dê pode repercutir política e economicamente em toda a vasta região ao
sul do Rio Grande.
A preocupação, de um lado,
surge do fato de que, como de costume, os candidatos mais prováveis a se
elegerem quase não demostram interesses pela América do Sul, que continuam
considerando com desprezo e injustamente como um quintal, e não como pêndulo decisivo
para os próprios interesses dos Estados Unidos. E, de outro lado, ela se
justifica diante de um fenômeno psicológico singular que envolve um dos
candidatos republicanos com maior possibilidade de ser eleito: o Sr. Donald
Trump.
Pelo menos à distância, parece
existir uma espécie de onda “magnética” de vibrações, a qual envolve, protege e
impulsiona o candidato Donald Trump, que atrai não tanto pela lógica e pelos
argumentos quanto por essas espécies de “vibrações” que transmite. Vibrações
que contribuem para atrair quase incondicionalmente, de uma maneira difícil de
entender e explicar, setores expressivos do centro e da direita republicana.
Como diversos especialistas
imparciais têm demonstrado, e como é do conhecimento nos Estados Unidos, em
questões ideológicas e morais o Sr. Trump tem um passado e um presente cheio de
contradições, dos quais saem perdendo a propriedade privada, a livre
iniciativa, a família e a proteção dos nascituros. Ontem ele disse uma coisa,
hoje fala o contrário, e ninguém sabe o que vai dizer amanhã; para não
mencionar suas atitudes excêntricas e até mesmo com tons ridículos.
A constatação das contradições
de Trump bastaria para desqualificar um candidato diante do público de centro e
de direita do mais modesto dos países latino-americanos.
Entretanto, esse mecanismo de
análise objetiva e imparcial parece não funcionar neste momento em relação a
ele, precisamente num país cujos melhores elementos centristas e conservadores
se orgulham de ser racionais e sensatos, não se deixando levar por ondas
emocionais.
Não temos explicação para esse
fenômeno de “eletricidades” coletivas que quais “ímãs” psicológicos influenciam
tanto centristas quanto conservadores, impulsionando-os para a figura tão
controvertida do Sr. Trump. Se não temos uma explicação sociológica suficiente,
menos ainda dispomos de uma solução para o problema.
De qualquer maneira, levantar
um tema tão complexo pode contribuir em certa medida para que se estude e se
debata esse fenômeno tão singular de obnubilação da razão e da supremacia da
emotividade.
Temos o direito, enquanto
observadores internacionais, de constatar a existência dessas contradições nos
setores do centro e da direita dos Estados Unidos que apoiam o Sr. Trump, e de
identificar esse sui generis ímã psico-magnético que parece constituir o
instrumento principal de atração desse candidato.
Caso se deseje ir mais longe,
o que não é o caso nas presentes notas, poder-se-iam analisar as carreiras
políticas de Putin na Rússia e de Le Pen na França, ambas marcadas por uma
“eletricidade” talvez similar.
Reiteramos que nossa intenção
é colaborar, enquanto observadores da realidade internacional, para levantar o
tema e promover um saudável debate em torno desses fenômenos de psicologia
social que podem definir o rumo dos Estados Unidos e das três Américas.
Título e Texto: Gonzalo Guimaraens, ABIM,
29-1-2016
(*) Notas de “Destaque Internacional” — uma visão “politicamente
incorreta” feita a partir da América do Sul. Documento de trabalho
(Quinta-feira, 28 de janeiro de 2016). Este texto, traduzido do original
espanhol por Paulo Roberto Campos, pode ser divulgado livremente.
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