João Távora
No outro dia num programa
sobre tecnologia e comunicação na telefonia, ouvi a directora de Marketing de
uma conceituada marca de moda a justificar, impante, a grande aposta da empresa
na aplicação de fotografia Instagram: “porque os jovens de hoje não têm tempo
para ler". Aquilo que me chocou não foi a constatação do facto que intuo
como verdadeiro (a grande maioria das pessoas não gosta de ler), mas o tom da
afirmação, como se tal fora uma virtude.
Pela minha parte sei bem como
vem sendo uma árdua batalha lá de casa, seduzir os miúdos para a leitura,
contra a televisão a transmitir bonecos para todos os gostos 24 horas por dia,
contra os sofisticados jogos electrónicos, e mais recentemente contra as
aplicações de “social media” e “redes sociais” que prolongam indefinidamente a
“ligação” virtual entre os jovens através mensagens rápidas, de imagens
“impressionantes” ou pequenos vídeos “surpreendentes”. É a submissão ao
entertenimento constante, uma sedução difícil de combater, um fenómeno que por
estes dias já se ouve designar como “droga digital”, tal o seu poder alienante
e potenciador de dependência.
Não quero (?) ser um
desmancha-prazeres, mas receio que não estejamos a medir bem as consequências
do caminho a que a nossa feérica sociedade de consumo tecnológico nos trouxe.
Afinal o “progresso” que nos prometia a riqueza e a liberdade, promove, não só
o flagelo desemprego através da substituição do homem pela tecnologia, mas uma
sociedade tacanha e ignorante - antigamente porque não sabia ler, hoje porque não
tem paciência para ler.
Que futuro para esta “geração
mais bem preparada de sempre”?
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