Cesar Maia
1. De forma cada vez mais explícita, o PT se divide em dois PTs no
apoio e crítica à política econômica de Dilma. Só que não há o PT mais e o PT
menos importante. Há, na verdade, dois focos cuja diferença entre eles está no
tempo político.
2. O primeiro foco se refere ao interesse político de curto prazo,
a começar pelas eleições municipais seguidas por eleições sindicais e gremiais.
Uma política econômica de forte ajuste fiscal, monetário e cambial produz amplo
desconforto, a começar pela crescente taxa de desemprego, pela precarização do
emprego e pela rotatividade para emprego de menor remuneração.
3. A amplíssima maioria do PT disputa poder nessas eleições locais,
mesmo que muitos estejam empregados em nível federal nas administrações direta
e indireta. A Lava-Jato eliminou a renda informal (ou por fora) e emagreceu as
finanças partidárias. Derrotas em eleições municipais, sindicais e gremiais
impactariam terminalmente setores importantes do PT acostumados às amizades
políticas coloridas.
4. O segundo foco é o que prioriza as eleições de 2018 e entende
que os sacrifícios em curto prazo, tenham a intensidade que tiverem, são
fundamentais para manter a competitividade do PT em nível presidencial, de
senadores, governadores e deputados federais. É este segundo vetor que é
naturalmente hegemônico no governo federal.
5. São dois focos, duas estratégias incompatíveis. Atuam como se
fossem dois partidos, um no governo e outro na "oposição". Só se
encontram e convergem na questão do impeachment de Dilma, pois isso anteciparia
a debacle do conjunto.
6. É importante salientar que os estudos do politólogo Jairo
Nicolau mostram que a vinculação, correlação maior entre todas as instâncias
eleitorais se encontra nas eleições municipais e de deputados federais. Isso
fortalece o primeiro foco.
7. O PT “curto prazista” defende uma política econômica e o
exercício político de corte kircherista, alardeando que as críticas
"neoliberais não foram confirmadas no ano eleitoral, seja pela
popularidade ascendente da presidente Cristina Kirchner, como no resultado das
eleições com vitória kircherista no primeiro turno e um quase empate no
segundo, apesar de as pesquisas exaltarem uma vitória bem mais elástica de
Macri.
Título e Texto: Cesar Maia, 6-1-2016
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