Empresas de José Anchieta de Carvalho são
suspeitas de lavagem de dinheiro
Gustavo Schmitt e Cleide
Carvalho
SÃO PAULO — José Anchieta Carvalho,
ex-superintendente do China Construction Bank (CCB Brasil, antigo BIC Banco),
foi citado na Operação Dragão, 36ª fase da Lava-Jato, deflagrada quinta-feira.
A investigação identificou Anchieta como sócio de três empresas - alvo de busca
e apreensão da Polícia Federal - e que teriam sido usadas para lavagem de
dinheiro: Administrare Capital, Brugge Consultoria e Frankfurt Fomento
Mercantil. As duas últimas receberam R$ 11,9 milhões, segundo o MPF, sendo R$
10 milhões do grupo UTC e R$ 1,9 milhão da Econocel do Brasil, que pertence a
Rodrigo Tacla Duran, procurado pela Interpol.
Administrare Capital e
Frankfurt Fomento aparecem como sócias da Pagliuca, Carratu e Associados
Consultoria Empresarial, cujo dono é Ivan Carratu. Segundo o Ministério Público
Federal (MPF), o empresário Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, delator da
Lava-Jato, afirmou em depoimento que usava os serviços de lavagem de dinheiro
de Carratu e que foi ele quem lhe apresentou Duran.
Marcos Soares, advogado de
Carratu e de Carvalho, afirmou que não houve qualquer ilegalidade nas
operações.
— As empresas prestaram
serviços lícitos e vão comprovar na Justiça. Não há nada ilegal — disse o
advogado.
Segundo ele, Carvalho deixou o
CCB Brasil em meados deste ano e já era sócio das empresas citadas.
Duran é advogado e é acusado
pelo MPF de ter faturado R$ 61,3 milhões entre agosto de 2011 e agosto de 2015
apenas gerando dinheiro em espécie para caixa 2 e pagamento de propina.
Duran e Adir Assad, já
condenado na Lava-Jato, agiram em parceria. Segundo o MPF, os serviços de ambos
foram usados por Pessoa para levantar dinheiro em espécie. Os pagamentos eram
feitos amparados por contratos fraudulentos.
Carratu prestou serviços à UTC
antes de Duran, entre dezembro de 2007 e dezembro de 2014, por meio da
Pagliuca, Carratu e Associados Consultoria Empresarial e Brugge, na qual o MPF
aponta ele e Carvalho, do Bic Banco, como sócios por meio de empresas.
Pessoa disse que, numa das
vezes, fechou contrato com o escritório de Duran para verificar as pendências
da UTC no Tribunal de Contas da União (TCU). Para simular o serviço, o
escritório gerou diversos documentos informando que a empresa não era alvo do
TCU. Para obter a informação, no entanto, bastaria fazer uma busca nos
processos do TCU com o nome da empresa.
Título e Texto: Gustavo Schmitt e Cleide Carvalho, O Globo, 11-11-2016
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