
Aleguei que isso pouco
importava no sentido que eu estava dando à minha declaração, pois o que estava
afirmando é que nosso país é muito novo, repleto de pessoas oriundas de países
e continentes distintos, que ainda levaria séculos para que fôssemos
fisicamente reconhecidos como nascidos aqui, assim como os japoneses, chineses,
árabes ou afrodescendentes são reconhecidos.
Interessante que na sequência
da conversa, sem perceber a contradição, ela mesma disse que seus avós eram POI
– termo utilizado por produtores rurais para identificar animais Puros de
Origem Importada -, árabes libaneses.
Tentava explicar que nossas
características físicas ainda são muito distintas, como entre os sulistas e
nortistas, e na cidade de São Paulo, em decorrência da enorme concentração de
pessoas das mais diversas origens, podíamos ver, com maior clareza, o quanto
somos uma população ainda fisicamente indefinida.
Desde a descoberta do país e
sua colonização, ocorreram concentrações de povos oriundos de países ou
continentes em determinada região do país, como os holandeses no Nordeste e os
portugueses e espanhóis no Sudeste e Centro-Oeste, mas todos ainda somente
próximos do litoral.
Buscando desbravar o país, o
governo incentivou a imigração de milhares de pessoas. Foi quando vieram os
japoneses e italianos, que se fixaram na região Sudeste, enquanto alemães foram
para a região Sul.
Essas diferenças permanecem
até os dias atuais, pois sabemos que, principalmente por suas origens, os
sulistas são os mais acostumados a trabalhar em sistemas de cooperativas, como
na suinocultura e produção de embutidos derivados da carne suína, enquanto os
descendentes de japoneses são os maiores especialistas no plantio de hortaliças
e na produção de ovos e frangos.
Séculos se passaram e esses
povos foram se locomovendo dentro do país, por conta própria ou com novos
incentivos governamentais ao desbravamento, como quando da criação dos estados
de Rondônia e Roraima e da rodovia Transamazônica.
Já na década de 70, surgiram
as novas fronteiras agrícolas do Centro-Oeste, provocando um enorme fluxo de
pessoas para a região, principalmente oriundas do sul.
Toda essa movimentação e os
consequentes envolvimentos entre as pessoas que chegavam com as que lá já
estavam provocaram novas alterações físicas, diminuindo as diferenças entre
pessoas dessas regiões e criando novos costumes como o uso do chimarrão na
região Centro-Oeste, onde só existia o tereré.
Atualmente, é muito comum
vermos, em diversos estados com grande concentração de gaúchos, os chamados
CTGs – Centros de Tradições Gaúchas – ou os bailes de forró na cidade de São
Paulo, e apesar de todos saberem suas origens, come-se vatapá, farinha de
mandioca e pão de queijo em todas as regiões do país.
Era o que estava tentando
explicar, que ainda demorará séculos para que consigamos ter um Brasil com
pessoas que possuam os mesmos traços físicos e tenham as mesmas culturas, mas
podemos nos orgulhar de, mesmo muito miscigenados, ou talvez justamente por
isso, sermos esse povo sem preconceitos, disposto a novas assimilações,
pacífico e ordeiro.
Ainda levará séculos, mas de nossa miscigenação estamos criando a maior
raça, a de todos.
Título, Imagem e Texto: João
Bosco Leal
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