Luís Rosa
Passos e Seguro mostram a
Rajoy e a Rubalcaba o caminho a seguir na “maior crise das nossas vidas”
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Mariano Rajoy e Passos Coelho, foto: Agência Lusa |
Pressionado pelos seus
adversários internos, António José Seguro fez um pequeno ensaio para quebrar o
consenso que tem sido estabelecido entre o governo de Passos Coelho e o PS. Foi
a propósito do Tratado Europeu sobre Estabilidade, Coordenação e Estabilidade,
mas poderia ter sido sobre outro assunto qualquer.
Entretidos com as suas
questiúnculas internas, muitos opositores de Seguro esquecem que a estabilidade
política é absolutamente necessária no tempo da “maior crise das nossas vidas”,
segundo José Sócrates. São necessários outros factores, mas sem este nada se
consegue.
Mas o que interessa para o
caso é que, na hora da verdade, o secretário-geral do PS fez aquilo que se
impunha: aprovou o tratado e prosseguiu a política de consenso que se impõe no
actual momento da vida do país.
Os seus irmãos espanhóis,
liderados por Alfredo Pérez Rubalcaba, por seu lado, mostraram ontem o
contrário: ao recusar votar a Lei de Estabilidade Orçamental apresentada pelo
governo de Mariano Rajoy, o PSOE deixou o PP sozinho nas mãos dos
nacionalistas. As razões de Seguro e Rubalcaba até são semelhantes, mas o modo
de agir é diferente.
A falta de união política
entre PP e PSOE, facto raro em muitos anos, vai certamente enervar os
investidores e criar mais instabilidade numa semana em que o executivo de Rajoy
aprovou um plano de cortes na despesa pública de mais de 10 mil milhões de
euros. As consequências para a economia portuguesa não vão demorar muito a
revelar-se.
Pois aqui podemos dizer que
Passos Coelho e António José Seguro mostram aos líderes espanhóis o caminho que
deve ser seguido: consenso em matérias de Estado.
A propósito da proposta de lei
que PSD/CDS vão apresentar para reestruturar a dívida das famílias que entrem
em incumprimento bancário, a maioria e o PS vão ter em breve mais uma
oportunidade para mostrar as vantagens de um poder político forte.
Numa altura em que o crédito
malparado atingiu os 4,9 mil milhões de euros, aquela proposta é útil, pois um
simples alargamento do prazo de pagamento pode aliviar milhares de famílias –
sendo igualmente oportuna, já que apanha a boleia da mudança ideológica do FMI.
Os técnicos do Fundo não só
perceberam que a austeridade por si só não leva a lado nenhum, como passaram a
defender que a reestruturação da dívida privada pode promover a recuperação de
economias sobreendividadas. Resta saber se os bancos, que estão a evitar a
utilização do dinheiro emprestado pela troika para aumentarem o respectivo
capital social, se deixam convencer.
Tiítulo e Texto: Luís Rosa, jornal “i”, 13-02-2012
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