sexta-feira, 13 de abril de 2012

Portugal, um exemplo para Espanha


Luís Rosa
Passos e Seguro mostram a Rajoy e a Rubalcaba o caminho a seguir na “maior crise das nossas vidas”

Mariano Rajoy e Passos Coelho, foto: Agência Lusa
Pressionado pelos seus adversários internos, António José Seguro fez um pequeno ensaio para quebrar o consenso que tem sido estabelecido entre o governo de Passos Coelho e o PS. Foi a propósito do Tratado Europeu sobre Estabilidade, Coordenação e Estabilidade, mas poderia ter sido sobre outro assunto qualquer.
Entretidos com as suas questiúnculas internas, muitos opositores de Seguro esquecem que a estabilidade política é absolutamente necessária no tempo da “maior crise das nossas vidas”, segundo José Sócrates. São necessários outros factores, mas sem este nada se consegue.
Mas o que interessa para o caso é que, na hora da verdade, o secretário-geral do PS fez aquilo que se impunha: aprovou o tratado e prosseguiu a política de consenso que se impõe no actual momento da vida do país.
Os seus irmãos espanhóis, liderados por Alfredo Pérez Rubalcaba, por seu lado, mostraram ontem o contrário: ao recusar votar a Lei de Estabilidade Orçamental apresentada pelo governo de Mariano Rajoy, o PSOE deixou o PP sozinho nas mãos dos nacionalistas. As razões de Seguro e Rubalcaba até são semelhantes, mas o modo de agir é diferente.
A falta de união política entre PP e PSOE, facto raro em muitos anos, vai certamente enervar os investidores e criar mais instabilidade numa semana em que o executivo de Rajoy aprovou um plano de cortes na despesa pública de mais de 10 mil milhões de euros. As consequências para a economia portuguesa não vão demorar muito a revelar-se.
Pois aqui podemos dizer que Passos Coelho e António José Seguro mostram aos líderes espanhóis o caminho que deve ser seguido: consenso em matérias de Estado.
A propósito da proposta de lei que PSD/CDS vão apresentar para reestruturar a dívida das famílias que entrem em incumprimento bancário, a maioria e o PS vão ter em breve mais uma oportunidade para mostrar as vantagens de um poder político forte.
Numa altura em que o crédito malparado atingiu os 4,9 mil milhões de euros, aquela proposta é útil, pois um simples alargamento do prazo de pagamento pode aliviar milhares de famílias – sendo igualmente oportuna, já que apanha a boleia da mudança ideológica do FMI.
Os técnicos do Fundo não só perceberam que a austeridade por si só não leva a lado nenhum, como passaram a defender que a reestruturação da dívida privada pode promover a recuperação de economias sobreendividadas. Resta saber se os bancos, que estão a evitar a utilização do dinheiro emprestado pela troika para aumentarem o respectivo capital social, se deixam convencer.
Tiítulo e Texto: Luís Rosa, jornal “i”, 13-02-2012

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