NAVIOS MAIS LEVES, PARA A
MARINHA, TÊM UM PASSADO COMPLICADO E UM APOIO FUNDAMENTAL
MOBILE, Alabama — O mais
novo navio da Marinha Americana é desenhado para combater barcos de ataque
iranianos, limpar minas do Estreito de Hormuz, caçar piratas somalianos e fazer
a vigilância dos vasos de guerra da China. Os que são construídos aqui parecem mesmo
ameaçadores, como Darth Vaders no mar. “Vai assustar um bocado de gente”,
disse o parlamentar Jo Bonner, Republicano do Alabama que representa Mobile e é
um dos maiores promotores do navio no Congresso.
O Sr. Bonner fez saber que o navio necessitou de uns
ajustes aqui ou ali — em sua alusão a um dos mais exigidos programas de
estaleiros na história naval americana, uma lenda de uma década de duração de
custos ascendentes, contratos cancelados e prazos ultrapassados.
Apenas um dos dois desses navios de 700 milhões de
dólares ficou pronto para navegar até agora e está no mar. O outro tem um
vazamento importante por uma rachadura no casco e permanece no estaleiro,
fazendo testes de equipamento que está falhando no reconhecimento de minas
subaquáticas a partir de feixes de laser sobre as ondas. Mais ultrajante é o
fato de que um relatório do ano passado do Pentágono onde o principal testador
de armas disse que o navio “não é esperado sobreviver a um ambiente hostil de
combate”.
Mas por pior que seja, o Pentágono e a administração Obama
decidiram produzir o Navio de Combate Litorâneo (Littoral Combat Ship) como sendo o futuro da
guerra naval e exatamente o que necessita a Marinha para enfrentar as ameaças
do século XXI.
Capaz de operar em mar alto e nas águas rasas costeiras,
o rápido, manobrável e versátil navio é o produto central da indústria bélica e
da estratégia do Presidente Obama projetar o poder americano no Pacífico e no
Golfo Pérsico. O navio acrescenta relativamente pouca tecnologia avançada, parte
do que o antigo Secretário de Defesa Donald H. Rumsfeld concebia como um
esguio, militarmente proficiente complemento aos tradicionais porta-aviões e
destróieres azul água da Marinha dos EUA. “Este navio é o navio certo para a
ocasião certa”, disse numa recente entrevista o subsecretário da Marinha,
Robert O. Work. “Temos que provar isso a todos os pessimistas contumazes”.
Para o Pentágono que terá que fazer cortes orçamentários
drásticos — cerca de 450 bilhões de dólares ao longo da próxima década, e possivelmente
mais de um trilhão caso o Congresso inclua reduções extras — o barco de águas
rasas é uma prioridade. Relativamente barato, pelo menos comparado com um destróier
de 2 bilhões de dólares, e, pois considerado crítico para o objetivo da Marinha
de montar uma frota de 300 desse navios, pressupondo que todos os 55 navios de
combate litorâneo sejam construídos como planejado. Presentemente, a Marinha
americana tem 285 navios, constituindo – como acentuou Mitt Romney, o provável
candidato Republicano à Casa branca – a menor Marinha desde 1917. (“Uma observação
acurada que é totalmente irrelevante”, disse o Sr. Work. Em 1917, “não tínhamos
sequer aviões na frota. Não tínhamos sistemas de combate não tripulados. Não tínhamos mísseis de cruzeiro Tomahawk”)
O Pentágono não tem feito mais do que apenas cortes
modestíssimos nos investimentos em novos navios ao atrasar a aquisição de dois
deles nos anos futuros, e espera que o apoio contínuo do Congresso ao seja bom,
apesar de anos de objeções de alguns no Capitólio. “A estória desse navio é que
me causa vergonha e embaraço de uma antiga pessoa da Marinha”, disse o Senador
John McCain, um Republicano do Arizona e outrora piloto da Marinha, no fim de 2010,
citando bilhões de dólares em sobrecustos.
Mas a Marinha agora insiste que reduziu os custos e que
cada navio custará menos de 400 milhões, e que após uma “confusão de
pronunciamentos” — palavras do Sr. Work — os problemas estão sendo resolvidos.
(O primeiro navio, apesar estar rachado e fazendo água, é esperado ser
empregado nas águas de Singapura, ano que vem, na área sul do Mar da China, o
qual por ora acha-se em testes no mar e que seu emprego poderá ocorrer em 2014)
Analistas dizem que um fator importante que influencia a
Marinha e o Congresso é que tais navios são feitos para substituírem outros
navios — fragatas e varredores de minas marítimas — que estão envelhecidos e
obsoletos, e que há poucos outros na linha de montagem. O novo navio de combate
é visto como ainda longe de ser produzido para ser extinto agora. “É uma
daquelas coisas que são como uma bola de neve que quando começa a descer a
montanha, ninguém segura mais”, disse o parlamentar Duncan Hunter, um
Republicano da Califórnia que tem sido um dos maiores críticos do novo navio,
mas que diz que ele já atingiu as raias do inevitável. “A marinha gosta dele. Não
há como possamos impedir a sua construção e emprego em larga escala”.
Aqui em Mobile, a General
Dynamics e uma divisão americana de um estaleiro australiano, o Austal
USA, estão sob contrato ára a
construção de 10 desses navios até 2019. O estaleiro está ‘bombando’ e espera
para logo empregar 4.500 operários, tornando-o no maior empregador no estado e
a cidade menina dos olhos e natal do Sr. Bonner (Outra versão do navio, que tem
uma aparência diferente, está sendo construída pela Lockheed Martin em Wisconsin).
Um ‘tour’ pelo estaleiro de Mobile mostra um navio quase
completo, o ‘Coronado’, com sua ponte formada de consoles de telas de vídeo que
permitem aos capitão dirigir o barco com uma espécie de joystick a partir até
de um laptop. Tais navios de 400 pés podem singrar à velocidades de 40 nós, ou
aproximadamente 50 milhas por hora (pouco menos de 80 km/h) (os construídos em Mobile
são trimarãs com cascos de alumínio — criando menos atrito na água e, pois,
mais rapidez de deslocamento), e são capazes de singrarem em apenas 20 pés de
água (cerca de 7 metros de profundidade). Têm uma tripulação relativamente
pequena de 75 marinheiros, heliportos, e uma variedade de equipamentos modulares
que podem ser alternados para diferentes missões, como busca de minas submersas,
submarinos e seus torpedos, e outras operações especiais.
Um desses navios ainda a ser construído será batizado com
o nome de Gabrielle Giffords, após a ex-congressista do Arizona ter sido
assassinada a tiros em Tucson, no ano passado.
O ‘Independence’, um dos dois navios que já estão prontos,
está agora passando por testes de caça a minas com resultados inconsistentes,
no Golfo do México. Caso eventualmente se torne eficiente, revolucionará uma
atividade vagarosa e perigosa que exige navios para arrastar cabos que seguram minas
a partir do seu deslocar aleatório e explodi-las na superfície, depois que
mergulhadores grudarem explosivos nela e os detonarem por controle remoto.
UM NAVIO PARA UMA GUERRA MODERNA
A Marinha Americana está construindo
o Navio de Combate Litorâneo (the Littoral Combat Ship), um barco ligeiro, manobrável,
concebido para operações em águas rasas de áreas costeiras. Um modelo
construído pela General Dynamics e a Austal americana é o que se segue:
A Marinha diz que, de um modo ideal, o navio de combate
litorâneo chegará muito mais perto de um campo minado do que qualquer outro
chegou até hoje sem explodir. Ao invés disso, um helicóptero decolará de seu
heliporto e usará feixes de laser para localizar as mina, quando então baixará
um pequeno ‘drone’ (zangão: pequeno artefato voador ou submersível não
tripulado e capaz de realizar diversas operações de ataque e que tem sido a
tendência de se generalizar como equipamento bélico estadunidense) preso a um
cabo para dentro d’água e disparará um explosivo sobre a mina. Tal navio de
combate também terá a bordo um ‘drone’ submersível maior que poderá ser lançado
ao mar para caçar minas, grudar explosivos nelas, e fazê-las explodir a seguir
de uma distância segura.
Nos testes, a varredura a laser do helicóptero tem
registrado muitos falsos positivos — está encontrando minas, mas também lendo
brilhos de luz nas águas como se fossem minas. “Estamos desenvolvendo novos algoritmos
e programas (softwares) para melhorar o sistema”, disse Christopher G. Johnson,
um porta-voz do Sistema de Comando Naval Americano.
Quanto à capacidade do navio em sobreviver em ambiente de
combate, mísseis poderão mais facilmente penetrar em seu casco e causarem mais
dano do que a um navio maior e mais poderoso. Tem também poucas e muito menos
sofisticadas defesas. Ainda assim, a Matinha argumenta que o navio estará
pesadamente armado com armas e mísseis e operará em águas hostis, como as do
Golfo Pérsico, apenas cercado de navios maiores. “Se forem usadas táticas, técnicas
e procedimentos corretos, acreditamos que o navio tem boas chances de
sobreviver em combate”, diz o Sr. Work, argumentando o que o Sr. Hunter, o congressista,
considera plausível mas falso.
Caso sete barcos de ataque iranianos se aproximem do novo
navio, disse o Sr. Hunter, “estará fora de combate e não poderá efetuar nenhum
ataque considerável”. Em suma, disse ele, “não estará lá a representar qualquer
ameaça ao inimigo”.
Todavia, talvez sua aparência possa assustar potenciais
inimigos. Como disse Joseph J. Rella, presidente da Austal americana, numa
recente entrevista: “Se eu fosse um pirata num pequeno barco, morreria de susto
ao ver um desses navios vindo em minha direção”.
Ao que parece, ninguém espera que tais navios deem
sozinho conta do recado em operações navais em águas rasas, mas parece fora de
questão de que o seu uso será de grande utilidade em caso de conflitos com a
pirataria somaliana e em casos de fechamento do Estreito de Hormuz, como
anunciado pelos clérigos fascistas iranianos e em operações similares em outros
locais críticos do planeta. Locais como o Arquipélago das Falklands, por
exemplo...
O Brasil, também, com necessidades imperiosas de defender
suas reservas petrolíferas do pré-sal em suas águas territoriais pode ser, sem
dúvida, um candidato potencial a adquirir tais navios.
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