Carlos Lúcio Gontijo
Nossa Mãe Maria, Mãe de Jesus,
que encontra quem a desacredite, por ser gente em carne e osso, ao passo que eu
prefiro acreditar, em louvor a Deus, que a tudo rege, na possibilidade de que
qualquer um de nós, criados à sua imagem e semelhança, possa ser santo,
seguindo os passos da Senhora Mãe, mulher escolhida entre os vivos para gerar
Jesus e que lhe acompanhou a saga até o sepultamento de seu corpo no túmulo
sagrado da morada final, segundo a lógica de muitos, e início de vida para
aqueles que creem na eternidade do espírito que nos habita a carne. Maria é
exemplo irretocável de dedicação e amor aos entes queridos que, visceralmente,
nos são caros, ou até mesmo aos que sequer lhes sabemos o nome, mas aos quais
devemos afeição pela condição de filhos de Deus, que a todos nós diz respeito.
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A Madonna na Tristeza, por Sassoferrato, século XVII
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Maria sofreu, como mulher,
todas as dores existenciais que nós sentimos em nosso dia a dia sem, no
entanto, perder a capacidade de se relacionar e estender a mão aos que lhe eram
próximos, passando-nos a lição de que a fraternidade é predicado fundamental
para a convivência numa sociedade cristã. Na saúde, na doença, na vida e na
morte, devemos ter a consciência sempre tranquila de termos exercido o nosso
papel como amigo e irmão de nossos semelhantes.
Muitas vezes, o socorro médico
pode não salvar a vida de nosso ente querido em sofrimento, mas a mão
estendida, o calor humano, a solidariedade e a indispensável demonstração de
fraternidade agem como uma espécie de bálsamo, confortando o coração e a alma
tanto do doente quanto daqueles que o rodeiam e até mesmo dos profissionais da
saúde que o assistem.
Maria, Mãe de Jesus, é exemplo
ímpar de que, nos momentos de dor e sofrimento dos que queremos bem não podemos
nos deixar conduzir pela revolta. Sua sétima dor, a solidão de mãe que deixou o
túmulo do Filho amado, perdoando os seus algozes e carrascos, nos ensina a
enfrentar com dignidade as vicissitudes da vida, que dela fazem parte em prol
de nosso aprendizado e aperfeiçoamento como seres humanos.
Não raro, as pessoas
reivindicam todo um aparato técnico e equipamentos de última geração nos
hospitais, mas se esquecem de voltar seus olhos e mentes para o poder de cura
que existe na fraternidade, um fenômeno indispensável ao tratamento de todo o
mal físico que nos aflige.
Muitas vezes nos esquecemos de
que o sistema público de saúde brasileiro é o maior que existe no mundo, detentor
de uma abrangência que causa inveja a muitos países. Claro que necessitamos de
mais investimento e aprimoramento, mas carecemos também de colocar em prática a
efetiva fraternidade social, que exige de nós a coragem de envidar esforços
pelo banimento da corrupção e da malversação de recursos, que em deprimente
análise última é responsável até pela morte de seres humanos, ao impedir a
total aplicação das verbas destinadas à saúde em benefício dos enfermos, que em
muitos casos perecem estrangulados e sufocados por invisível mão assassina.
Maria, Mãe de Jesus, Rainha
dos Mártires, é capaz de entender e conhecer o sofrimento de cada um de nós,
mas compete a cada um de nós a compreensão de que devemos enfrentar nossos
dissabores com dignidade e, acima de tudo, fraternidade: um atributo no qual
devemos estar literalmente mergulhados, seja na alegria ou na tristeza, seja na
saúde ou na doença.
Somos enfim, todos e cada um
de nós, independentemente de cargo ou nível social, agentes responsáveis pela
construção de um sistema de saúde capaz de cuidar, competente e fraternalmente,
de todos aqueles que a ele recorrem em busca de socorro médico-hospitalar e
algum sopro de humanidade sobre a luz de seu espírito em carnal agonia, porém
envolto na sublime consciência de que o contentamento de estar neste mundo
assentado na matéria, da qual provém nossa suprema valorização do toque – ao
estilo São Tomé –, não depende de grana, mas de iluminada gana de viver com
Deus, Jesus Cristo e sua Mãe Maria no coração.
Título e Texto: Carlos Lúcio Gontijo, poeta, escritor e jornalista
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