quarta-feira, 8 de março de 2017

2017: Portugal Amordaçado


João Lemos Esteves

1. António Costa – já o aqui escrevemos – representa o corte do PS com sua história, com a sua vocação e natureza políticas e o fim do PS de Mário Soares. Basta atentar na indiferença que a morte de Mário Soares suscitou em António Costa, ao que se seguiu um enorme esquecimento repentino dos socialistas em relação à sua figura fundadora e seu líder histórico.

Explicaremos em melhor detalhe esta atitude do PS de Costa em próxima oportunidade, para já avencemos que António Costa é um líder com um ego gigante, com tiques autoritários (nisto é um prolongamento natural de José Sócrates) e sempre foi um adversário, mais ou menos declarado, de Mário Soares.

2. António Costa quer ser para as próximas gerações do PS o que Mário Soares foi para várias no passado – e não admite rivalidades, nem concorrências ainda que apenas históricas. Os socialistas perceberão um dia o erro que cometeram ao apoiar, por ação ou por omissão, António Costa para líder e sobretudo para Primeiro-Ministro nos termos em que chegou.

3. O que interessa é que foi o PS de António Costa – face ao silêncio cúmplice dos seus militantes, incluindo os tidos como mais responsáveis - que patrocinou a tomada de poder pela extrema-esquerda.

Extrema-esquerda, essa, que ainda está parada (e pretende continuar parada) no tempo, algures entre o maio de 68 e o colapso da União Soviética, no final do século passado. Todos sabemos que quem está agarrado ao passado, não pode ser solução para o nosso futuro.

E não é curioso notar que o Primeiro-Ministro mais próximo (ou se quisermos, para os mais puristas, o chefe de Governo, porque na altura, chamava-se Presidente do Conselho) das ideias do Partido Comunista Português tenha sido António de Oliveira Salazar?

E não é tão curioso quanto preocupante que o Bloco de Esquerda apoiaria, sem dificuldades, o “companhaeiro “ Vasco Gonçalves e a sua política de nacionalizações e de terrorismo social?

Mais: o chamado “Novo PS” de João Galamba e restantes “jovens gregos” apoiaria Vasco Gonçalves e estaria ao lado da extrema-esquerda durante o PREC? Como foi possível esta gente chegar ao Governo depois de um “golpe palaciano” montado por António Costa, Francisco Louçã, com a anuência posterior de Jerónimo de Sousa?

4. Pois bem, foi precisamente nesse contexto que as forças políticas antidemocráticas, avessas a todas as liberdades (exceto a liberdade de morrer, a liberdade de abortar e a liberdade sexual, ou melhor, liberdade sexual gay, porque a outra é sexista), cujo único objetivo é tomar conta do aparelho do Estado para aterrorizar, para chantagear e para intimidar os cidadãos, bem como para distribuir os tão burgueses “tachos” da República (vide Francisco Louçã) – chegaram ao poder.

Dominam o poder.

O Poder político, pois António Costa tem que negociar permanentemente a manutenção do seu sonho de infância – e o poder mediático, pois a comunicação social é cúmplice da extrema-esquerda e do extremo-PS.

Quer por simpatia com as ideias políticas extremistas que negam as mais básicas das liberdades; quer por medo de desafiar o poder imenso da extrema-esquerda. Ontem mesmo, um jornalista muito conhecido da nossa praça me confidenciou que criticar António Costa implica um preço muito caro a pagar. Mais vale optar pelo silêncio expectante…

5. Assim se chega facilmente ao episódio gravíssimo ocorrido na Universidade Nova de Lisboa, em que um grupo de estudantes impediu a realização de uma conferência de Jaime Nogueira Pinto sobre política internacional. Evidentemente, este grupo de estudantes pertence ao Bloco de Esquerda e à JS (que novidade!) – aliás, estas duas juventudes partidárias há muito que vivem em união de facto, a preparar o casamento e uma memorável lua de mel.

Claro que há nesta atitude um lado provinciano de mimetismo da extrema-esquerda portuguesa à esquerda intolerante (e cada vez mais minoritária) norte-americana: os nossos bloquistas viram na televisão uma manifestação anti-Trump, acharam “uma cena tipo bué da fixe, bué da cool, uma loucura, mano, estás a ver?” – e resolveram oferecer-nos aqui, neste país à beira mar plantado, uma pequena reprodução de violência como método eficaz de silenciar as opiniões com as quais não concordamos.

Só faltou mesmo os cartazes com a palavra “Resistance”, “We Resist”, “Pig: back to the Russians!” – e talvez os nossos bloquistas e jovens socialistas mais radicais pudessem aspirar a um Óscar (sim, caríssima leitora e leitor, o Bloco de Esquerda já aceita os capitalistas Óscares, desde que Francisco Louçã usa gravata e é administrador do Banco de Portugal!). Para a próxima, convidem também a Rosie O’Donnell…

6. Para além desta imitação tonta, há uma outra razão explicativa, mais profunda e preocupante: este tipo de atitude só acontece porque há um cadinho político e cultural na atualidade que legitima qualquer atropelo e intolerância à opinião diversa.

Cadinho que é explicado pela captura de poder pelas forças da extrema-esquerda e do extremo-PS – os portugueses ainda não têm noção da dimensão do domínio que os partidos da geringonça, no espaço de um ano e meio, já alcançaram na Administração Pública.

É impressionante! Sem qualquer denúncia, sem qualquer surpresa, sem qualquer perplexidade daqueles que deveriam denunciar estas situações.

Quando, por exemplo, nós vemos editoriais de dois jornais diários a dizer que as opiniões livres são o inimigo da democracia, que os comentadores e cronistas deveriam ser sancionados, afastados, talvez presos e que a opinião e calúnia cada vez mais se confundem – então temos o ambiente perfeito para que atitudes como as que se verificaram na Universidade Nova se repliquem.

Claro que é curioso notar que quem escreve isto, já foi assessor de Ministros e personalidades pouco recomendáveis do PS – mas apresenta-se como jornalista imparcial e independente. Pois…

7. Pior: a falta de coragem para denunciar e criticar estas atitudes (seja qual for a força política que as promova!) vai criar um ambiente de medo, de insegurança, que levará as pessoas a calarem-se, a não convidar personalidades não queridas pelo poder político “totalitarizante”, enfim, a consolidar de vez o poder absoluto da esquerda.

8. Quem diria que, em 2017, Portugal seria governado pela ala radical do PS, por comunistas e trotskistas? E com a anuência e apoio de um Presidente que é óptimo a tirar fotos, mas que se esquece que lhe cabe cumprir a Constituição e defender a liberdade de todos os portugueses?

E que, apesar de tudo comentar, nem uma palavra sobre o boicote à conferência de Jaime Nogueira Pinto, numa Universidade do Estado português!

9. Então, mas Marcelo Rebelo de Sousa não era o Presidente da “descrispação”? Não foi Marcelo que disse, em entrevista em janeiro, que o país já não estava “crispado”, que “já não dois países, um contra o outro”?

Não há, Marcelo? A sério?

10. A não ser que o Presidente Marcelo só queira uma sociedade “descripsada” à altura das suas conveniências – ou seja, o PSD e o CDS calados e a esquerda a governar e a colonizar o Estado…

11. Portugal é hoje um país capturado pela esquerda radical. Por comunistas, bloquistas e extremo-PS. Urge recuperar o exemplo e a coragem de Mário Soares: há que denunciar e combater o “Portugal Amordaçado” em que vivemos.


Título e Texto: João Lemos Esteves, SOL, 8-3-2017

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