João Lemos Esteves
1. António Costa – já o aqui
escrevemos – representa o corte do PS com sua história, com a sua vocação e
natureza políticas e o fim do PS de Mário Soares. Basta atentar na indiferença
que a morte de Mário Soares suscitou em António Costa, ao que se seguiu um
enorme esquecimento repentino dos socialistas em relação à sua figura fundadora
e seu líder histórico.
Explicaremos em melhor detalhe
esta atitude do PS de Costa em próxima oportunidade, para já avencemos que
António Costa é um líder com um ego gigante, com tiques autoritários (nisto é
um prolongamento natural de José Sócrates) e sempre foi um adversário, mais ou
menos declarado, de Mário Soares.
2. António Costa quer ser para
as próximas gerações do PS o que Mário Soares foi para várias no passado – e
não admite rivalidades, nem concorrências ainda que apenas históricas. Os
socialistas perceberão um dia o erro que cometeram ao apoiar, por ação ou por
omissão, António Costa para líder e sobretudo para Primeiro-Ministro nos termos
em que chegou.
3. O que interessa é que foi o
PS de António Costa – face ao silêncio cúmplice dos seus militantes, incluindo
os tidos como mais responsáveis - que patrocinou a tomada de poder pela
extrema-esquerda.
Extrema-esquerda, essa, que
ainda está parada (e pretende continuar parada) no tempo, algures entre o maio de
68 e o colapso da União Soviética, no final do século passado. Todos sabemos
que quem está agarrado ao passado, não pode ser solução para o nosso futuro.
E não é curioso notar que o
Primeiro-Ministro mais próximo (ou se quisermos, para os mais puristas, o chefe
de Governo, porque na altura, chamava-se Presidente do Conselho) das ideias do
Partido Comunista Português tenha sido António de Oliveira Salazar?
E não é tão curioso quanto
preocupante que o Bloco de Esquerda apoiaria, sem dificuldades, o “companhaeiro
“ Vasco Gonçalves e a sua política de nacionalizações e de terrorismo social?
Mais: o chamado “Novo PS” de
João Galamba e restantes “jovens gregos” apoiaria Vasco Gonçalves e estaria ao
lado da extrema-esquerda durante o PREC? Como foi possível esta gente chegar ao
Governo depois de um “golpe palaciano” montado por António Costa, Francisco
Louçã, com a anuência posterior de Jerónimo de Sousa?
4. Pois bem, foi precisamente
nesse contexto que as forças políticas antidemocráticas, avessas a todas as
liberdades (exceto a liberdade de morrer, a liberdade de abortar e a liberdade
sexual, ou melhor, liberdade sexual gay, porque a outra é sexista), cujo único objetivo
é tomar conta do aparelho do Estado para aterrorizar, para chantagear e para
intimidar os cidadãos, bem como para distribuir os tão burgueses “tachos” da
República (vide Francisco Louçã) – chegaram ao poder.
Dominam o poder.
O Poder político, pois António
Costa tem que negociar permanentemente a manutenção do seu sonho de infância –
e o poder mediático, pois a comunicação social é cúmplice da extrema-esquerda e
do extremo-PS.
Quer por simpatia com as
ideias políticas extremistas que negam as mais básicas das liberdades; quer por
medo de desafiar o poder imenso da extrema-esquerda. Ontem mesmo, um jornalista
muito conhecido da nossa praça me confidenciou que criticar António Costa
implica um preço muito caro a pagar. Mais vale optar pelo silêncio expectante…
5. Assim se chega facilmente
ao episódio gravíssimo ocorrido na Universidade Nova de Lisboa, em que um grupo
de estudantes impediu a realização de uma conferência de Jaime Nogueira Pinto
sobre política internacional. Evidentemente, este grupo de estudantes pertence
ao Bloco de Esquerda e à JS (que novidade!) – aliás, estas duas juventudes
partidárias há muito que vivem em união de facto, a preparar o casamento e uma
memorável lua de mel.
Claro que há nesta atitude um
lado provinciano de mimetismo da extrema-esquerda portuguesa à esquerda
intolerante (e cada vez mais minoritária) norte-americana: os nossos bloquistas
viram na televisão uma manifestação anti-Trump, acharam “uma cena tipo bué da
fixe, bué da cool, uma loucura, mano, estás a ver?” – e resolveram oferecer-nos
aqui, neste país à beira mar plantado, uma pequena reprodução de violência como
método eficaz de silenciar as opiniões com as quais não concordamos.
Só faltou mesmo os cartazes
com a palavra “Resistance”, “We Resist”, “Pig: back to the Russians!” – e
talvez os nossos bloquistas e jovens socialistas mais radicais pudessem aspirar
a um Óscar (sim, caríssima leitora e leitor, o Bloco de Esquerda já aceita os
capitalistas Óscares, desde que Francisco Louçã usa gravata e é administrador
do Banco de Portugal!). Para a próxima, convidem também a Rosie O’Donnell…
6. Para além desta imitação
tonta, há uma outra razão explicativa, mais profunda e preocupante: este tipo
de atitude só acontece porque há um cadinho político e cultural na atualidade
que legitima qualquer atropelo e intolerância à opinião diversa.
Cadinho que é explicado pela
captura de poder pelas forças da extrema-esquerda e do extremo-PS – os
portugueses ainda não têm noção da dimensão do domínio que os partidos da geringonça,
no espaço de um ano e meio, já alcançaram na Administração Pública.
É impressionante! Sem qualquer
denúncia, sem qualquer surpresa, sem qualquer perplexidade daqueles que
deveriam denunciar estas situações.
Quando, por exemplo, nós vemos
editoriais de dois jornais diários a dizer que as opiniões livres são o inimigo
da democracia, que os comentadores e cronistas deveriam ser sancionados,
afastados, talvez presos e que a opinião e calúnia cada vez mais se confundem –
então temos o ambiente perfeito para que atitudes como as que se verificaram na
Universidade Nova se repliquem.
Claro que é curioso notar que
quem escreve isto, já foi assessor de Ministros e personalidades pouco
recomendáveis do PS – mas apresenta-se como jornalista imparcial e
independente. Pois…
7. Pior: a falta de coragem
para denunciar e criticar estas atitudes (seja qual for a força política que as
promova!) vai criar um ambiente de medo, de insegurança, que levará as pessoas
a calarem-se, a não convidar personalidades não queridas pelo poder político
“totalitarizante”, enfim, a consolidar de vez o poder absoluto da esquerda.
8. Quem diria que, em 2017,
Portugal seria governado pela ala radical do PS, por comunistas e trotskistas? E
com a anuência e apoio de um Presidente que é óptimo a tirar fotos, mas que se
esquece que lhe cabe cumprir a Constituição e defender a liberdade de todos os
portugueses?
E que, apesar de tudo
comentar, nem uma palavra sobre o boicote à conferência de Jaime Nogueira
Pinto, numa Universidade do Estado português!
9. Então, mas Marcelo Rebelo
de Sousa não era o Presidente da “descrispação”? Não foi Marcelo que disse, em
entrevista em janeiro, que o país já não estava “crispado”, que “já não dois
países, um contra o outro”?
Não há, Marcelo? A sério?
10. A não ser que o Presidente
Marcelo só queira uma sociedade “descripsada” à altura das suas conveniências –
ou seja, o PSD e o CDS calados e a esquerda a governar e a colonizar o Estado…
11.
Portugal é hoje um país capturado pela esquerda radical. Por comunistas,
bloquistas e extremo-PS. Urge recuperar o exemplo e a coragem de Mário Soares:
há que denunciar e combater o “Portugal Amordaçado” em que vivemos.
Título e Texto: João Lemos Esteves, SOL,
8-3-2017
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