Carina Bratt
Se você fosse uma panela de pressão,
optaria por perder a pressão ou a borrachinha que envolve a tampa?
Se imagine na pele de uma televisão:
você seria um aparelho em preto em branco, ou um moderno. Se fosse moderno,
seria a cores ou em cores?
Se você tivesse um piano
deixaria que ele tocasse músicas clássicas, com certeza. A pergunta que não quer calar: arrancaria do
pobre instrumento todas as teclas, caso ele emperrasse e resolvesse executar somente
as músicas de Pabllo Vittar?
Se você fosse uma cobra seria
venenosa ou não venenosa. Tentaria, numa segunda vez fazer com que a Eva
comesse da maçã do Paraíso?
Se você fosse um lápis de cor,
qual seria a cor de sua predileção: implicaria com seus outros colegas da
caixinha ou simplesmente permaneceria indiferente?
Se você fosse uma lâmpada,
ficaria grudada no bocal ou pegaria no pé do Benjamim, chamando-o de André, por
exemplo?
Se você fosse uma chave, daria
uma volta na fechadura ou deixaria o molho às voltas com a porta escancarada?
Se você fosse um trombone de
vara, botaria a mesma na boca de quem o fosse tocar, ou ficaria quieto
esperando uma oportunidade de esconder a dita onde o músico não conseguisse encontrá-la?
Se você fosse um porta-retratos
hospedaria gente nova, pessoas velhas, mais ou menos, ou nenhuma das opções?
Se você fosse uma porta, daria
entrada ou saída, ou via única, escancararia o vai-e-vem para ambos os lados?
Se você fosse um botijão de
gás e encontrasse um fogão todo pomposo, com piercings no acendedor do forno ou
luz de neon para que brilhasse à noite, na cozinha, você diria pra ele: “vamos
vazar?”.
Se você fosse uma geladeira se
importaria que a lusinha interna ficasse acesa, apagada ou pediria ao dono do
aparelho para fazer um gato?
Se você fosse um palito de
dente desses que ficam enfeitando as mesas de restaurante, preferiria bailar na
boca de alguém, ou permaneceria quieto dentro do recipiente?
Se você fosse uma pulguinha se
alojaria na orelha de algum sujeito chato, ou seria a chata em carne e osso no
escutador de novela de uma loira só para se certificar se ela é mesmo burra
como as piadas desse segmento costumam rotulá-las?
Se você fosse uma regra teria
uma exceção na manga da camisa ou seria uma exceção sem regra para uma regra
sem exceção?
Se você fosse uma campainha
seria uma dessas comuns ou gostaria de se destacar tendo uma lista de desaforos
na ponta do toque para atirar na cara de quem lhe apertasse mais de uma vez?
Se você pudesse escolher entre
ser um LP de vinil e um CD, gostaria de vir com doze faixas ou preferiria usar
uma só e, ainda assim de hospital?
Se você fosse um poste de rua,
enxotaria os cachorros quando viessem fazer xixi em seus pés, ou jogaria o
transformador nos costados desses infelizes caninos?
Se você fosse um prato, sua
forma seria funda ou rasa?
Se lhe fosse dado escolher
viver como um ponteiro de relógio, marcaria o tempo dos minutos, ou das horas?
Se você fosse um ganso, como
gostaria de ser afogado?
Se você fosse o Mário gostaria
de bancar o otário ou se deixaria ficar enclausurado dentro do armário sem
reclamar da sorte?
Se você fosse uma escova,
gostaria de pentear os cabelos da sua esposa ou escovar os dentes do amante
dela?
Se você fosse um rolo de papel
sanitário ficaria preso no rolo ou diretamente com a língua enfiada na merda?
Se você fosse torneira de
lavatório, usaria lenço ou ficaria pingando de sacanagem só pra encher o tanque
da cuba?
Se você fosse um selo de carta
gostaria de levar uma carimbada na frente ou de lado?
Se você fosse um louro que
outra parte do corpo gostaria de dar, no lugar do pé?
Se você fosse uma pimenta
arderia no pescoço dos outros em francês ou deixaria o seu na reta, só pra
sentir como é gostoso virar refresco ao se pegar enfiado em buracos alheios?
Se você fosse Papai Noel
pegaria criancinhas no colo ou jogaria os chatos no seu saco para comer depois,
de sobremesa, após o delicioso jantar com as renas?
Se você fosse uma pedrinha, se
poria no caminho de alguém, ou se guardaria quietinha, dentro do sapato, só para
perturbar o dono do pisante quando o infeliz dele viesse fazer uso?
Se você fosse um pregador de
roupas e vivesse exposto num varal, seguraria as calcinhas da patroa ou se
fixaria nas cuecas do patrão?
Se você não fosse um bobo
alegre, um palhaço besta, de carteirinha, teria lido todas essas idiotices que
acabei de escrever?
Título
e Texto: Carina Bratt,
secretária e assessora de imprensa do jornalista e escritor Aparecido Raimundo
de Souza. Do sitio “Shangri-La”, um lugar perdido no meio do nada. 13-2-2018
SIM TERIA.
ResponderExcluirPENSEI QUE ALGUÉM INTELIGENTE E CULTO TIVESSE ESCRITO ALGUMA COISA PARA ACRESCENTAR EM NOSSAS VIDAS.
SOU O TAL BOBO, ALEGRE.
AS PESSOAS ESCREVEM O QUE PENSAM.
FUI
Parabéns, gatinha linda. Você, a cada dia, me surpreende. Se você não fosse minha secretária, pediria você em casamento. Mas como parto daquele princípio antigo "onde se ganha a carne, não se come o dinheiro... continuo aqui, na minha humildade, aplaudindo a leveza de seus textos. Seu fã incondicional, Aparecido Raimundo de Souza, 64 anos, jornalista.
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