Luís Naves

Quatro anos de sacrifícios
podem ter servido para pouco e só apetece sair disto tudo, fugir da prisão dos
factos, desta tristeza brutal em que vivemos, entre a impossibilidade e o
tormento. O desrespeito pelo voto, o escárnio que merece o trabalho de décadas,
o triunfo dos medíocres.
A sociedade portuguesa, pelo
menos na sua versão partidária, arrasta-se numa espécie de desesperança e
vácuo, numa inaturável retórica de poder que repete com alegria os erros do
passado e ignora parvamente as circunstâncias do presente.
As negociações falhadas são
manobras, dizem os peritos, mas as consequências batem à porta de cada um de
nós. O juízo da classe política durou pouco tempo e regressam a instabilidade e
a má liderança.
Se o líder socialista, António
Costa, está a tourear a extrema-esquerda, dando falsas esperanças de querer
formar um governo de ruptura com a austeridade imposta pela Europa, haverá no
final do processo um milhão de eleitores com fortes razões de queixa.
Se os socialistas estão a
tourear a direita, o eleitorado do centro deixará de ter qualquer confiança num
partido que foi crucial na construção da democracia portuguesa e que será
irrelevante no futuro.
Seja qual for o final da
história, já perdemos, mas perderemos ainda mais com um hipotético governo de
esquerda que pretende conciliar uma via europeia impossível, juntando na mesma
equação a ruptura e a continuidade.
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