Começo por saudar a vossa
presença, sobretudo a vossa presença activa nesta candidatura. Muito obrigado a
todas e todos os que tornaram possível esta candidatura ter chegado até aqui.
Quero saudar e agradecer aos
mandatários regionais e ao Mandatário Nacional.
Era muito mais fácil a todos
vós uma posição cómoda de apoiar uma candidatura do sistema do que apoiar a
minha, ou era mais fácil manterem-se afastados desta disputa eleitoral, como
tantos outros com responsabilidades têm feito ao longo dos anos.
Amigas e amigos.
Este é um momento crucial da
nossa vida colectiva, que tanto pode ser de viragem como de continuidade. Uma
continuidade feita de oportunismos vários e de solidariedades obscuras. É
contra essa continuidade que me apresento perante vós.
Não foi fácil chegar aqui.
Como se constatou, sem fazerem
qualquer esforço visível, sem apresentarem quaisquer ideias dignas de nota,
qualquer estratégia ou visão sobre o nosso futuro, sem nenhum projecto ou
proposta concreta para o País, os candidatos presidenciais do sistema político
que nos conduziu até aqui, muito longe do 25 de Abril de que falam mas não
honram, tiveram até agora mais atenção e tempo de presença nos meios de
comunicação social.
Porque será? Quem tem medo
desta candidatura?
Vamos ver o que acontece
agora, qual o tratamento oficial das candidaturas nos meios de comunicação
social. Se será justo e equilibrado, o resultado natural de uma democracia
adulta, ou se, pelo contrário, os do castelo, se refugiarão mais uma vez por
detrás das ameias do poder partidário, para se defenderem dos infiéis, que
somos nós todos.
Mas há seguramente a muito
nesta nossa candidatura que as outras gostariam de ter mas não têm:
Um passado político de luta
contra a injustiça e os poderes fátuos de partidos amigos e de corporações;
Uma experiência de vida feita
de trabalho e da pobreza suficiente para compreender o que é a exclusão e a
impossibilidade de ter a mesma escola dos meninos ricos;
O orgulho de ter criado obra,
milhares de postos de trabalho e contribuído para a democratização tecnológica
em Portugal;
Ter sempre previsto os
acontecimentos futuros e antecipadas as suas consequências;
Não ter ficado calado durante
os anos de chumbo da autocracia demagógica e ignorante que nos conduziu ao
endividamento, ao empobrecimento e ao desastre.
Por isso as candidaturas do
sistema se escondem por detrás de palavras vazias de sentido e de conteúdo
prático. Veremos o que têm para nos dizer daqui até ao dia 24 de Janeiro do
próximo ano. Pela nossa parte, temos uma visão para o País, e temos um projecto
para a concretizar para Portugal.
Entretanto deixem-me fazer um
pequeno enquadramento que penso importante para nós nesta candidatura, como
para todos os portugueses. Como terão já visto e ouvido, um dos motes da minha
candidatura, da nossa candidatura é: Portugal
não é da Esquerda nem da Direita! É nosso!
Com isto não estamos menorizar a esquerda ou a direita. Tenho apoios de pessoas de vários quadrantes políticos e ideológicos. Eu próprio tenho um passado de esquerda que não renego.
Mas uma coisa é um projecto de
governação e a luta pelo poder numa campanha eleitoral, onde a disputa
ideológica é natural, e outra coisa é o progresso do País que todos queremos ver,
independentemente de quem está no poder.
E quando olhamos para
Portugal, como para outros países como a Grécia, a França ou a Espanha, o que
nós vemos hoje é um quase colapso das esquerdas e direitas tradicionais e uma
crise profunda no seu sistema político.
Na Grécia, os partidos que
alimentaram o centro da vida política, económica e social, estiveram no centro
da corrupção dominante a criaram um autêntico buraco negro, deixando o País à
deriva.
Na França, décadas de uma
governação sem projecto que relançasse o país, que antecipasse e resolvesse
problemas que era expectáveis, conduziu a um descrédito nas forças políticas do
centro esquerda e do centro direita, acentuando a perda de esperança, o aumento
da incerteza e insegurança, abrindo agora o caminho à extrema-direita.
Na vizinha Espanha, os
partidos do centro têm falhado sucessivamente e estado mergulhado em escândalos.
Neste país não assistimos ao aparecimento duma extrema-esquerda ou extrema-direita,
mas antes à emergência de novos partidos que buscam reconstituir o centro
político para uma nova dinâmica na sociedade espanhola.
Dentro de dias veremos o
resultado dessa evolução. Veremos se surgem novos políticos e uma nova
capacidade de compromisso, ou se a Espanha mergulha na indefinição e o bloqueio
politico. As duas possibilidades existem.
E o que temos visto em
Portugal é uma degradação do centro político constituído pela alternância de
governos mais à direita ou mais à esquerda, centro esse que se foi coligando
cada vez mais com os negócios, corrompendo-se de forma já não possível de
esconder.
Não temos ainda em Portugal a
emergência forte de novos partidos, pelo menos para já, o que tranquiliza os
velhos partidos, que continuam a recusar fazer as reformas urgentes e
necessárias.
Entre nós, trinta anos de luta
continua sem tréguas e sem grande discernimento, entre a esquerda e a direita,
contribui para que uma larga maioria de portugueses, concretamente mais de 4 milhões
encolhe os ombros por desconfiança ou descrédito nos partidos, e opte por não
votar. Esta situação pode ser compreensível, mas é profundamente negativa numa
sociedade moderna e num regime democrático pelo qual tantos lutaram e alguns
morreram.
Esta degradação das forças do
centro político é sempre um factor de bloqueio da vida económica, social e da
renovação do dinamismo político. Não há sociedades que se desenvolvam
sustentadamente num quadro deste tipo.
As duas últimas décadas foram
absolutamente desastrosas em Portugal, com uma destruição de riqueza nunca
vista na nossa história.
Mais de 50% dos portugueses em
idade eleitoral desistiu de intervir na vida democrática, ou seja, desistiu de
participar das escolhas políticas para o seu País, no que é um sinal muito
preocupante sobre o presente e sobre o nosso futuro.
Se repararam, até aqui nenhum
outro candidato presidencial se preocupou com isso, ou assumiu a realidade de
um sistema político altamente disfuncional, ou daí retirou quaisquer
consequências.
Portanto, minhas amigas e meus
amigos, o que nos espera, com a vitória de qualquer dos candidatos do sistema
será a continuação da ladeira descendente que andamos a percorrer legislatura
após legislatura sem fim à vista.
Promessas não faltam agora,
como não faltaram no passado, mas quem mais acredita nas promessas?
A minha candidatura fala pelo
meu passado e pelas minhas convicções que são conhecidas e não são de hoje.
Convicções que aliás já apresentei em pormenor aos partidos políticos e a todos
os candidatos presidenciais, mas sem resposta.
Se pudéssemos escutar algum
conselho do povo grego, provavelmente seria: não se deixem enganar! Não esperem
que os velhos partidos mudem para mudar Portugal e resolver com coragem os
principais problemas. Tomem o País nas vossas mãos antes que seja tarde de
mais!
E um conselho possível do povo
francês poderia ser: Aqueles que ajudaram a criar os problemas que temos hoje
não serão os que os vão resolver, porque lhes falta visão e coragem, ou estão
demasiado comprometidos com o passado. Não tenham ilusões! Actuem antes que
seja tarde de mais!
Por isso, em vosso nome, julgo
que hoje posso apelar a todos os portugueses, e em especial aos mais de 4
milhões de portugueses que desistiram de votar, que não deixem que o País
chegue a uma situação ainda mais grave.
Há uma eleição presidencial a 24 de Janeiro de 2016 que pode ser ao princípio
das grandes mudanças que possam democratizar e fazer progredir Portugal.
Manter depois de 24 de Janeiro
um presidente oriundo do sistema do velho centro político é garantir uma
presidência da república que nada fará para contrariar as forças políticas que
são responsáveis pela situação a que o País chegou.
Há três candidaturas que, por
maiores diferenças que apresentem em termos de personalidade, de carácter ou de
retórica política, olham para a função presidencial como um complemento das
suas carreiras e um apêndice dos governos, há mesmo quem prometa uma aliança
com um governo.
Minhas amigas e meus amigos.
Os candidatos do sistema
político fazem uma interpretação intencionalmente minimalista da Constituição
no que se refere aos poderes presidenciais e desdobram-se em vénias de retórica
dá para tudo, para não desagradar aos partidos do chamado arco da governação.
Para mim, o Presidente da
República em Portugal é um cargo em que tem que manter equidistância das forças
políticas e não tornar-se um alimentador das disputas partidárias, um
equilibrador da continuidade dos erros e das omissões da governação.
Os grandes equilíbrios que
devem preocupar um Presidente da República não são apenas entre as forças
partidárias, mas entre as forças da sociedade portuguesa.
A crispação que deve preocupar
não é a que conjunturalmente ocorra entre forças que disputam o poder e os seus
benefícios, mas a distância que existe entre os portugueses e o seu sistema
político democrático.
Não é a democracia que serve
os partidos políticos, mas são estes que devem estar ao serviço da democracia.
De acordo com a nossa
Constituição, o Presidente da República deve cooperar com qualquer governo
legítimo nas matérias que respeitam aos dois órgãos de soberania. Um Presidente
da República deve ser livre para elogiar um governo tanto quanto para o ajudar a
governar bem, mas também para contrariar a má governação.
Deve interrogar o Governo
quando tiver dúvidas, e deve ajudá-lo quando o merecer e solicitar.
Em circunstância alguma deve
ser aliado ou opositor do governo.
Aqui, a minha candidatura
assume uma postura clara em relação ao governo saído das últimas eleições.
Ao contrário das promessas
ambíguas dos restantes candidatos do sistema, eu serei cooperante com o governo
na defesa do interesse nacional, mas, com este ou outro governo, serei intransigente
no cumprimento dos compromissos eleitorais internos e no cumprimento dos
compromissos internacionais de Portugal.
Caso este ou qualquer outro
governo falhe nestas duas áreas, é meu dever não permitir que uma situação
desse tipo se arraste, pelo que actuarei imediatamente, uma vez que sei por
dolorosa experiência o que aconteceu no passado.
Comigo os portugueses terão um
Presidente que apresentará ao País uma metodologia para se ultrapassar a actual
crise financeira e económica, um processo democrático para se chegar a um
consenso nacional alargado que permita políticas estáveis e uma estratégia de
desenvolvimento. Será uma metodologia que contará com o envolvimento dos
portugueses e será uma via para uma reconciliação nacional entre os portugueses
e o seu sistema político.
Há pouco tempo um dos meus
concorrentes declarou que “o Presidente deve intervir quando os portugueses
forem enganados”! É pena é que não se tenha apercebido como os portugueses
estão a ser enganados há já muitos anos. Como Sá agora deu por isso não o
denunciou em tempo útil.
Amigas e amigos
É altura de arregaçarmos as
mangas.
Espera-nos uma tarefa difícil
que é a de chegar aos portugueses com as nossas mensagens.
Não temos nenhuma estrutura
partidária no terreno como outros têm.
Temos a vontade, temos os
valores e o desejo de servira a democracia, e temos o amor pela esta Pátria de
quase nove séculos e de muitas conquistas.
Necessitamos de chegar junto
dos portugueses que desistiram de tomar posição nas escolhas políticas, para
lhes dizermos que há um projecto de esperança no nosso caminho.
Portugal tem trabalhadores,
empresas e empresários, cientistas e mulheres e homens da cultura que estão
muito acima do que hoje oferece a nossa classe política. O País tem razões para
acreditar no futuro.
A nossa democracia pode ver
reconciliar-se o povo português com os seus políticos, mas estes ainda não
fizeram a sua parte. Ainda persistem coligados com os poderes do dinheiro e do
amiguismo político e recusam-se a mudar.
Em mim Portugal e os
portugueses terão um Presidente da República atento, promotor do País e das
suas energias e não uma figura de protocolo, decorativa, que apenas mostra
alguma coisa quando está num segundo mandato, porque esteve calado no primeiro
para garantir a reeleição.
Espero que não seja isto que
os portugueses querem, porque não é isso que lhes posso dar.
Gosto demasiadamente do meu
País, sofro demasiado pelo seu sofrimento, e sei o suficiente do que há a
fazer, para me contentar com tão pouco.
Está nas mãos dos portugueses
fazer acontecer um Portugal Novo.
Viva Portugal!
Henrique Neto, 18-12-2015
Para mim, o MELHOR candidato para Portugal, seria o ex-presidente da Comissão: José Manuel Durão Barroso.
ResponderExcluirQual o presidente, ou primeiro-ministro, ou líder partidário neste planeta que não conhece Durão Barroso?
Seria uma estupenda MAIS-VALIA para este pequenino país!