Cesar Maia
Broadcast: A agência de
classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) elevou nesta
sexta-feira, 15 de setembro, o rating soberano de Portugal de BB+ para BBB-,
com perspectiva estável. Isso significa que o país voltou para o “grau de
investimento”, classificação que serve como um selo de bom pagador. A S&P
ainda elevou a estimativa para o crescimento médio do PIB português entre 2017
e 2020 de 1,5% para 2,0%. A agência afirma esperar que a meta para o déficit
orçamentário de 1,5% do PIB neste ano seja cumprida.
1. Ao final do governo do
socialista primeiro-ministro José Sócrates, em 2011, Portugal estava
literalmente quebrado. Um tempo depois, José Sócrates foi denunciado e
preso por corrupção. Qualquer semelhança com o Brasil não é mera coincidência.
2. O PSD (centro-direita) venceu as eleições seguintes. O primeiro
ministro Pedro Passos Coelho governou até 2015. Realizou profundas reformas -
fiscal, financeira, previdenciária e patrimonial (privatizações). A recessão
foi profunda e a taxa de desemprego se aproximou de 20%. A oposição política e
corporativa dizia que Portugal tinha sido entregue ao FMI, que era quem
governava.
3. Depois de dois anos de
enormes sacrifícios, a economia iniciou um processo sustentável de recuperação.
Já no ciclo final do governo de Passos Coelho, Portugal tinha se recuperado
inteiramente, e vivia uma dinâmica de crescimento, com equilíbrio fiscal,
desemprego fortemente decrescente, inflação no entorno de 1%, etc.
4. Depois de enfrentar anos
de impopularidade pelas medidas adotadas, nas eleições gerais de 2015, o PSD
liderado por Passos Coelho
venceu. Mas não conseguiu maioria absoluta no parlamento. Após
alguns meses, o PS de António Costa conseguiu que a esquerda eurocética e
fortemente crítica a Passos Coelho formasse uma coligação parlamentar com o PS,
que assim conseguiu uma maioria.
5. Dessa forma, o PS, com António Costa como primeiro ministro
voltou a governar. E as críticas a Passos Coelho e sua política econômica,
alardeada como neoliberal, esquecidas e ela não foi alterada. Apesar do recente
crescimento da inflação anual para 2,4% passando a ser a sétima da União
Europeia, a economia portuguesa continua atraindo investimentos, profissionais
e estudantes.
6. Portugal é considerado o país mais seguro da Europa, e o mais
atrativo. Em 2017 receberá 21 milhões de turistas, mais que o dobro de sua
população de 10,4 milhões de habitantes. A taxa de crescimento do turismo em
2017, de 10,5% é o dobro da Espanha. A receita dos hotéis cresce 18,7%.
7. Um ano após as eleições gerais, ocorreu a eleição presidencial.
Venceu o PSD com Marcelo Rebelo de Souza por mais que a maioria absoluta, numa
espécie de consciência de culpa eleitoral por ter dado a vitória, mas não a
maioria absoluta a Passos Coelho.
8. O desmonte da economia portuguesa com os socialistas, a
recuperação com os liberais e a sustentabilidade conquistada, deveria servir
como exemplo para a política brasileira, tanto para as eleições de 2018, como
especialmente para as reformas que foram e serão votadas pelo Congresso do
Brasil. Todos os candidatos – com as críticas de oportunidade políticas e
corporativas, devem estar torcendo para que Temer complete as reformas e que
eles sejam os seus sucessores.
9. Da mesma forma que em Portugal – seja pela direita, pelo centro
ou pela esquerda.
Título e Texto: Cesar Maia, 21-9-2017
Marcações: JP
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