Cristina Miranda
Em Janeiro deste ano legislou-se mais uma vez sobre a paridade de gênero nas administrações de empresas do Estado e empresas cotadas em bolsa. Desta
forma pretende-se impor à força a nomeação de mulheres em
lugares de topo sob pena de multas a quem não cumprir. Mas existe algo mais
redutor, mais desprestigiante para uma mulher, do que ser colocada num lugar só
para preencher um requisito legal? Isto é à priori rotular a mulher de
coitadinha que só de empurrão lá chega. E eu como mulher não aceito esta
discriminação.
A mulher é um ser extremamente
inteligente, perspicaz e dotado de uma sensibilidade e força interior que a faz
alcançar qualquer coisa que deseje. Porque a mulher além da sua inteligência
ímpar tem um sexto sentido muito apurado que lhe permite ver detalhes que
passam completamente despercebidos ao homem e isso dá-lhe uma vantagem
extraordinária (os homens que me desculpem). E como se isso já não bastasse, é multitarefa.
Por isso, parem lá de nos tratar por burras. Ainda não havia estas leis
de paridade e já as mulheres depois da revolução industrial começavam a
destacar-se de forma notável em todas as áreas conseguindo lugares de topo.
Jane Adams, Corazon Aquino, Coco Chanel, Julie Child, Marie Curie, Indira
Gandhi, Estée Lauder, Eleanor Roosevelt, Margaret Tatcher, Rosalind Franklin,
Mária Telkes, Elisabeth Blackwell foram apenas algumas dessas mulheres que de
modo algum caberiam neste texto de tantas e tantas que existem pelo Mundo fora. Mulheres
que não precisaram senão do seu mérito e resiliência para conquistar fosse o
que fosse.
A verdade é que se não há mais
mulheres a lutar por cargos de topo, seja no público seja no privado, é porque
elas preferem outras coisas. Porque as senhoras ao contrário dos
cavalheiros pesam muito a questão familiar na hora de decidir seguir ou
não uma carreira tão absorvente. A maioria prefere prescindir de
cargos que lhe retire tempo para dedicar aos filhos e família. Essa é a
principal grande questão. Elas já representam cerca de 60% dos estudantes universitários,
mas as preferências profissionais continuam a ser maioritariamente outras. São
elas que se excluem. Não a sociedade.
Porque basta entrar em
qualquer serviço, instituição, empresa para ver que as mulheres já são
em maioria em quase todo o lado. Exceção feita à construção civil e
similares onde não se veem porque simplesmente elas não se candidatam. Sei do
que falo. Enquanto administradora de uma indústria nesta área, nunca em
anúncio de emprego onde nunca excluí mulheres, recebi uma única candidata
feminina. Se nunca escolhi uma, foi porque nunca me
apareceram. Eu mesma fui operadora de empilhador numa fábrica e desempenhava de
tal forma a minha função que cheguei a receber propostas de outros patrões (homens)!
Assim como recebi outras, pasmem-se, também de homens, por me destacar na
cobrança de créditos! Esta realidade só não a vê quem nunca se fez
verdadeiramente à vida.
O mais caricato disto tudo é o
Estado inventar imposições legais para incluir mulheres no
topo das administrações, fingindo estar sensível a esta questão, quando esses
cargos, sabemos nós, estão TODOS reservados para amigos, familiares, e
amigos de amigos e amigos de familiares que entram a CONVITE!!! Quem
tem coragem de negar esta realidade? Brincamos ao faz de conta? Se esses
lugares fossem atribuídos por concurso avaliando o CV, e depois feita uma seleção
honesta com base nas qualificações do indivíduo, não estariam desta forma
já naturalmente a abrir portas a TODOS os géneros com base nas suas
capacidades? Para que uma lei da paridade?
Por outro lado, mesmo querendo
colmatar hipotéticas falhas na colocação feminina, não é com imposições
que se constrói uma sociedade justa, mas sim, promovendo incentivos (de
preferência fiscais) a quem privilegia a diversidade. Porque é sabido
que as mulheres pela sua natureza, faltam muito mais ao trabalho para assistir
à família (quando a têm) e isso pesa imenso nos custos das empresas com
trabalhadores. Que são preteridas muitas vezes devido a esse fator e muitas
delas não engravidam sequer para não ser um fardo para o patrão. Sabemos todos
bem disso, mas fingimos que não é assim. Que são excluídas apenas por machismo.
Sou mulher e não há nada que
me irrite mais do que ser tratada por incapaz numa sociedade em que até já
há Universidades na Inglaterra onde se prevê dar mais tempo para terminarem os exames numa tentativa de melhorar os resultados do sexo feminino e diminuir discrepâncias de género, como se nós
não fossemos tão ou mais capazes que os homens de chegar onde queremos!
Se isto não é chamar a mulher
de burra, é o quê? Mulher inteligente não precisa destas leis para nada. Vinga
de qualquer jeito. É minha opinião.
Título e Texto: Cristina Miranda, Blasfémias,
5-2-2018
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