Síndrome de
Estocolmo ou síndroma de Estocolmo (Stockholmssyndromet em
sueco) é o nome normalmente dado a um estado psicológico particular em que uma
pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e
até mesmo sentimento de amor ou amizade perante o seu agressor. De um ponto de
vista psicanalítico, pessoas que possam ter desenvolvido ao longo de
experiências na infância com seus familiares ou cuidadores, algum traço de
caráter sádico ou masoquista implícito em sua personalidade, podem em certas
circunstâncias de abuso desenvolver sentimentos de afeto e apego, dirigidos a
agressores, sequestradores, ou qualquer perfil que se encaixe no quadro geral
correspondente a síndrome de Estocolmo. Há também a possibilidade, amplamente
considerada, de que para algumas pessoas vítimas de assédio semelhante, possam
desenvolver algum mecanismo inconsciente irracional de defesa, na tentativa de
projetar sentimentos afetivos na figura do sequestrador ou abusador que possam
"amenizar" ou tentar "negociar" algum tipo de acordo entre
a relação vítima/agressor na tentativa de reduzir a tensão entre os entes
envolvidos.
Estamos a alguns dias de uma festa popular que, poderíamos
dizer, acontece a nível mundial, mas que no Brasil adquire uma grandeza fora do
comum. Conheço esta festa chamada carnaval em várias cidades de mundo, mas nada
é, foi ou será parecido como o que ocorre por aqui em terras brasiliensis.
O carnaval é um festival popular do Cristianismo ocidental,
que ocorre antes da estação litúrgica da Quaresma, portanto na maioria dos
países Cristãos se comemora essa festa popular.
Nada contra, e até pelo contrário, essa festa deveria ser
sempre um momento no cotidiano, da eterna labuta pela sobrevivência, um lapso
temporal de relaxamento e brincadeiras entre as famílias, os amigos, enfim toda
a sociedade colocando para fora saudavelmente as agruras sofridas ao longo de
cada ano. É, se bem utilizada essa festa comunitária, extremamente saudável e
libertadora.
Agora, pensar em algo popular e saudável neste momento
angustiante pelo que o Brasil passa, com miséria, corrupção sistêmica em todos
os escalões governamentais, da mais simples prefeitura de uma cidade do
interior às altas esferas de todos os poderes em Brasília, é antagônico àquilo
que chamamos de convivência social saudável.
Os últimos eventos policiais nas cidades ou Estados de
Goiânia, Natal, Ceará e principalmente Rio de Janeiro, onde chacinas
monstruosas têm sido cometidas em centros urbanos e presídios, não pode em
hipótese alguma ser comemorado com uma festa popular que pseudo está, acima de
tudo. Não, não está.
O Rio de Janeiro, por exemplo onde seus dirigentes podem ser
considerados representantes latinos de um famigerado ditador Sírio Bashar
al-Assad, tal o estado de guerra em que o Estado vive com mais vítimas
do que a própria guerra civil Síria, é um dos sinais de que algo vai muito mal
por aqui, com sérias consequências futuras e pior, sem que a sociedade
vislumbre uma reação política a esse estado convulsionado. No Brasil só se
pratica a reação, nunca a prevenção, e é claro que sem uma mudança radical a
reação será sempre o foco, nunca a solução, o que não leva a coisa alguma.
O país corre um sério risco de uma convulsão social em larga
escala, que pode fugir do controle, mas o seu povo não observa isso, nem
tampouco se preocupa em corrigir através de atitudes cidadãs, preferindo um
carnaval como uma válvula ilusória e temporal de escape. O pavio está muito
perto do detonador, mas não se toma providências no sentido de apagar esse
pavio aterrador.
O Brasil já era sintomático neste aspecto, pois "as
circunstâncias de abuso da sociedade por parte de governos fracassados que só
exploraram essa mesma sociedade" desde o fim do regime
militar, e principalmente também os quase dezoito anos de regime governamental
do PT, em que o Estado se deteriorou velozmente. Portanto praticamente duas
décadas e uma geração perdida.
O momento atual e o início das comemorações carnavalescas
nos levam a acreditar que um "estado psicológico
particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação,
passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de amor ou
amizade" é um indicador de que o povo está
sofrendo da síndrome de Estocolmo, pois está sofrendo há dezoito anos com o
Estado em crise, são 15 milhões de desempregados, empresas fechando as portas
todos os dias, a miséria se espalhando pelas cidades, mas a admiração, o
endeusamento e o fanatismo pelos seus ex-governantes, de seus atuais políticos
corruptos, em sua grande maioria já condenados, é extremamente
preocupante.
"Há também a possibilidade, amplamente
considerada, de que para algumas pessoas vítimas de assédio semelhante, possam
desenvolver algum mecanismo inconsciente irracional de defesa, na tentativa de
projetar sentimentos afetivos na figura do sequestrador ou abusador que possam
"amenizar" ou tentar "negociar" algum tipo de acordo entre
a relação vítima/agressor na tentativa de reduzir a tensão entre os entes
envolvidos ".
É aqui,
exatamente neste ponto do mecanismo inconsciente irracional, em que se situa o
fenômeno da exaltação ao carnaval, que já se manifesta três semanas antes da festa
oficial. É a tentativa psicológica da síndrome de Estocolmo e irracional de
reduzir a tensão entre os entes envolvidos.
Isto vem se repetindo há décadas, mas agora no olho do
furacão em que o país se encontra, torna-se cada vez mais claro.
Título e Texto: José
Manuel - apenas um observador, 5-2-2018
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