Francisco Vianna (com base na mídia internacional)
O general Raúl Baduel,
ex-aliado do presidente Hugo Chávez condenado por corrupção, se encontra
recluso sob condições de isolamento após gravar um vídeo convocando a população
venezuelana a resistir pacificamente às pretensões de Chávez de consolidar na
Venezuela um regime “antidemocrático, fascitóide e totalitário”.
General reformado do exército
venezuelano, o ex-Ministro da Defesa, Raúl Baduel, declara à mídia venezuelana,
hoje, em Caracas a sua inconformidade com o projeto de reforma constitucional
proposta pelo caudilho. À direita o outrora ministro desfila ao lado de Chávez
numa parada militar.
O caudilho Hugo Chávez da Venezuela,
apesar de estar morrendo de câncer, mantém sua atitude déspota inclusive com
relação a antigos companheiros e patriotas que, porventura, passaram a
discordar de sua sinistra ideologia.
Aquele que já foi Ministro da
Defesa de seu governo se encontra hoje preso e totalmente isolado do resto dos
reclusos do cárcere militar de Ramo Verde, situado em Caracas, e teve seus
livros e documentos confiscados, disse seu advogado Omar Mora Tosta. “Anteontem
à noite, houve uma revista em sua cela, feita com truculência por nove
funcionários da DIM (Direção de Inteligência Militar) e na presença do diretor
do presídio de Ramo Verde, quando destruíram tudo que havia no aposento e
confiscaram até seus objetos pessoais, documentos, manuscritos e seus livros”,
narrou Mora em Caracas. “O que mais impactou e ofendeu o general foi o escárnio
e o desrespeito às imagens
religiosas, estatuetas da
Virgem da Divina Pastora e de Jesus Cristo que mantinha na cela e que foram
ultrajadas das mais variadas formas”, acrescentou o causídico, dizendo, também,
que Baduel foi ofendido e maltratado verbalmente por parte das ‘autoridades’ da
penitenciária.
A revista ocorreu pouco depois
que um vídeo que mostra Baduel lendo um extenso pronunciamento sobre sua
situação jurídica e a situação política do país foi ao ar no website ‘Noticias24’.
Na gravação, Baduel acusa
Chávez de fazer uso da Justiça Militar para “sequestrá-lo”, violando seus
direitos fundamentais através de um julgamento penal militar “arranjado” e
“eivado de violações das normas castrenses”. Baduel também advertiu que a
democracia venezuelana já foi para o espaço em função do “afã personalista e
megalomaníaco” de Chávez, que busca “se perpetuar no poder, sem se importar com
a trágica consequência da destruição do país”.
Segundo Baduel, o estado
venezuelano foi convertido num “aparato propagandístico de culto grotesco à
personalidade de um indivíduo não menos grotesco e mal intencionado”, cujo
“insaciável apetite pelo mando” incita o ódio e a violência contra quem quer que
não esteja disposto a alinhar-se ao “regime totalitário” que Chávez está
construindo “contra a vontade e os desejos expressos” da sociedade venezuelana.
“Nós que cerramos fileiras majoritariamente pela democracia, temos um repto
como o de David contra Golias. É necessário organizar e levar a cabo o desafio
político não violento, utilizando para isso as ferramentas cívicas, pacíficas,
eficientes e constitucionais, para retomar o caminho da democracia e
restabelecer o controle das instituições governamentais mediante o planejamento
estratégico de ações de não submissão perante a fonte de poder autocrático”,
declarou Baduel no vídeo.
“Deve-se fortalecer a
população submetida ao abuso de poder, em especial os grupos sociais e
instituições independentes da sociedade democrática e ativar assim uma poderosa
resistência cívica e pacífica, mediante a participação maciça na defesa ativa
da vontade do povo”, acrescentou.
O vídeo foi divulgado a poucos
dias da comemoração do golpe militar de abril de 2002, no qual Baduel exerceu
um decisivo papel. Foi precisamente ele que restaurou Chávez no poder após
desconhecer a autoridade de Pedro Carmona, assim que o então chefe das
‘FEDECÁMARAS’, o maior agrupamento empresarial do país, jurou como presidente
interino da Venezuela.
Pero Baduel se pronunciou,
então, contra Chávez cinco anos depois desses eventos, em 2007, quando o
caudilho introduziu um referendo popular para reformar a Constituição, cujas
implicações – advertiu – constituíam um novo golpe de estado contra o sistema
democrático do país até então sempre defendido pelas Forças Armadas. Um ano e
meio depois desse pronunciamento, Baduel foi acusado de corrupção e uma corte
militar o condenou a oito anos de prisão. O maltrato e a violência contra
Baduel por parte das autoridades da prisão esta semana foram criticados em
Miami por varias personalidades. “A cada dia, Chávez age mais clara e
ostensivamente como o seu amo e guru, o tirano cubano Fidel Castro”, afirmou o
ex-deputado cubano Lincoln Díaz-Balart. Críticas semelhantes foram emitidas por
Luis Rafael Monch, diretor do capítulo estadunidense da União de Organizações
Democráticas da América. “Trata-se de uma violação dos seus direitos
fundamentais como pessoa humana”, afirmou Monch. “É um gravíssimo erro o que
fez a tirania chavezista, que continua avolumando os expedientes na Corte Penal
Internacional de Haia, com ações judiciais desse tipo contra o mandatário
venezuelano. Estou convencido que não só Chávez, que tem um extenso dossiê de
processos judiciais nessa corte internacional, mas também todos os indivíduos
de seu entorno lá estão sendo processados”. O que, infelizmente, parece ser
verdade é o fato de que o braço da Lei Internacional dessa Corte não é suficientemente
longo e poderoso para alcançar meliantes instalados no poder, nos mais diversos
e infelizes países do mundo sob suas ditaduras mantidas por uma extensa rede
interna e externa de corrupção e subversão.
Título e Texto: Francisco Vianna
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