Isabel Stilwell
O rei Juan Carlos pediu
desculpa por andar a caçar elefantes, quando foi apanhado, bem entendido,
porque há anos que participa em caçadas. «Peço desculpa, errei. Não voltará a
acontecer», declarou, depois dos meios de comunicação social terem feito um enorme
alarido contra a viagem de luxo do monarca, num momento em que o país está
mergulhado na crise.
Protestaram, também, os
defensores dos animais, e houve quem aproveitasse para lançar para o mesmo
caldeirão o caso do neto que deu um tiro no pé, o que por sua vez foi pretexto
para chamar de novo à baila o trágico episódio da morte de Afonso Bourbon, no
Estoril que, de facto, deveria ter deixado o monarca alérgico às armas para o
resto da vida.
Contudo, o pedido de desculpas
não vai servir para nada, porque, na realidade, está aberta a caça ao rei. Se
há muitas pessoas que podem estarsinceramente chocadas, muitas outras
deliciam-se com as supostas falhas daqueles que ocupam lugares de destaque, e é
ingénuo o político que acredita que estão dispostos a perdoar-lhe, se
publicamente se retratarem. Nesta caça, como na outra, qualquer sinal de
fragilidade da presa é aproveitada pelo caçador.
E as sucessivas justificações
que irão sendo dadas, como que foi a convite e não pagou um tostão de dinheiro dos
contribuintes, apenas tornarão o caso ainda mais obscuro. Juan Carlos teria
feito bem melhor em seguir os mandamentos de Benjamin Disraeli,
primeiro-ministro britânico do século XIX, que aconselhava «never complain, never explain» (tradução
literal: «nunca se queixe, nunca se explique»). Sabia bem que sem presa a caça
acaba.
Título e Texto: Isabel
Stilwell, Destak,
19-04-2012
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Imagem: El País |
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